Quando surgem os primeiros sinais de Alzheimer, é compreensível que amigos e familiares logo queiram levar o idoso para uma consulta médica. Afinal, a doença, conhecida popularmente como mal de Alzheimer e que provoca a perda de memória recente, é um problema degenerativo que impacta a qualidade de vida não só do paciente, mas de todos ao seu redor. Por isso, é importante contar com a ajuda de um especialista para orientar o tratamento. O geriatra José Eduardo Martinelli conversou com a gente sobre esse assunto. Confira!
Neurologistas e psiquiatras frequentemente tratam Alzheimer
De acordo com Dr. Martinelli, os pacientes com doença de Alzheimer geralmente procuram, de início, neurologistas e psiquiatras. “Hoje, nós temos dentro da Neurologia uma residência em Neurologia Cognitiva, bem como na Psiquiatria uma residência em Psiquiatria Geriátrica. Tanto um quanto o outro tem condições de acompanhar e tratar esses pacientes. As pessoas, geralmente, procuram o neurologista e o psiquiatra porque é um ‘problema de cabeça’, em termos leigos”, afirma o médico. Especialidades como a Fonoaudiologia e a Fisioterapia também podem ser importantes para o portador da doença de Alzheimer.
Porém, Dr Martinelli enfatiza que o geriatra também está apto a tratar essa condição. “O geriatra, além de conseguir fazer o diagnóstico, vê todas as outras possibilidades que estão acompanhando o quadro. Como geralmente são pacientes idosos, acima dos 65 anos (exceto os casos de Alzheimer precoce), podem possuir comorbidades como diabetes, hipertensão, dislipidemia, hiperplasia prostática benigna, ou seja, várias outras condições associadas à doença. O geriatra tem condições de fazer o tratamento de Alzheimer e também dessas comorbidades, enquanto o neurologista e o psiquiatra auxiliam no manejo das alterações cognitivas e comportamentais”, explica.
Doença de Alzheimer pode causar outros problemas de saúde
Dr. Martinelli explica que o Alzheimer não gera outras doenças, mas sua evolução pode criar um quadro de saúde complexo: “A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa e, à medida que avança, vão surgindo outros problemas, como a sarcopenia (perda de massa magra), desnutrição e posição fetal no leito – levando à osteoporose -, mas todas são consequências dos problemas que o Alzheimer provoca. Conforme a doença evolui, a pessoa fica restrita e essas consequências aparecem”.
Por esse motivo, a presença dos familiares e/ou cuidadores nas consultas médicas é essencial para o sucesso do tratamento. “Quando você atende um paciente com Alzheimer, ele quase nunca vem sozinho: vem habitualmente acompanhado de um ‘cuidador oficial’. É muito importante a presença dele para dar as informações corretas para o médico, porque às vezes o paciente não sabe nem responder o que está acontecendo”, explica Dr. Martinelli.
O cuidador ou o familiar pode ser tão decisivo no tratamento quanto o remédio para Alzheimer, segundo o geriatra: “O paciente com Alzheimer, muitas vezes, não tem consciência da perda de memória, dificultando uma série de coisas. Muitas vezes, eu atendo consultas em que o paciente não vem, apenas o familiar, para não constrangê-lo com as informações do avanço da doença. O papel do cuidador é muito importante, para que ele converse com o médico ou qualquer outro especialista, como fonoaudiólogo e fisioterapeuta”.