A doença de Alzheimer é classificada como um tipo de demência e é muito conhecida: de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), estima-se que 2 milhões de brasileiros tenham alguma demência e, desse total, de 40% a 60% dos diagnósticos seja Alzheimer. A maioria dos pacientes com a doença já é idosa, mas o problema pode se manifestar antes da terceira idade. O geriatra José Eduardo Martinelli conversou conosco sobre o que é o Alzheimer precoce e quais são os principais sintomas deste problema. Confira!
Como saber se meu familiar sofre de Alzheimer precoce?
O Alzheimer é uma doença facilmente associada a pessoas idosas. Porém, qual fator determina o que é ou não é a forma precoce do problema? Dr. Martinelli explica: “A demência precoce se apresenta abaixo de 65 anos. Acima disso, consideramos o início tardio. No início precoce, a doença de Alzheimer pode ser confundida com outras doenças, principalmente psiquiátricas, justamente pelo fator da idade. O paciente, às vezes, apresenta algumas alterações comportamentais, alguns tipos de delírios e isso faz com que ele procure um psiquiatra, em vez de um geriatra ou neurologista”.
O especialista afirma que o Alzheimer precoce geralmente surge a partir de fatores hereditários e é muito raro. Não existe prevenção e o principal fator de risco é inevitavelmente a idade. No entanto, Dr. Martinelli destaca outros pontos importantes que podem estar associados ao quadro: “Diabetes, hipertensão, obesidade, tabagismo e sedentarismo podem gerar uma tendência maior à doença, bem como baixa escolaridade, baixa sociabilidade e baixa intelectualidade, fatores que podem contribuir para que a doença apareça. Existe também um fator muito importante, que é a fase pré-clínica da doença: o paciente já tem Alzheimer, mas ele não se manifestou ainda, surgindo com o passar do tempo. Nesse caso, não há como determinar um diagnóstico”.
Segundo o geriatra, a atenção dos familiares para a percepção dos sintomas do Alzheimer é essencial para ajudar a fechar o diagnóstico. “Geralmente, a família é quem de fato descobre, pois o paciente não percebe as alterações. Poucos pacientes chegam no consultório com a queixa de que a memória não está boa, como esquecer uma torneira aberta, apagar a luz, dar a descarga no banheiro, estar com o celular na mão e procurar, estar com os óculos na cabeça e procurar”, comenta Dr. Martinelli. “Quem percebe de fato é quem convive. Além disso, falta de atenção, concentração e insônia repentina chamam a atenção do familiar, que faz com que esse paciente vá ao médico”, explica o profissional.
Tratamento do Alzheimer precoce: exercitar a memória é uma opção
Diagnosticado o Alzheimer precoce, é muito importante começar o tratamento de imediato. De acordo com o geriatra, o tratamento se assemelha muito ao de uma pessoa idosa com a mesma doença. Porém, o resultado pode ser mais lento. “O que vemos, às vezes, é uma resposta não satisfatória comparada aos pacientes mais velhos”, diz o médico.
O tratamento é feito com base em medicamentos e em medidas não medicamentosas. O tratamento não medicamentoso pode e deve incluir a ação de familiares e cuidadores para obter resultados positivos. O geriatra dá algumas dicas para melhorar: “Dê um texto para que o paciente leia e cobre dele o que ou quanto ele entendeu do texto. Isso também pode ser feito com filmes, DVDs e afins. Muito importante também é não servir de memória para o paciente, o que é muito comum. Pacientes com demência geralmente ‘usam’ a memória dos familiares para tentar responder as perguntas. É importante que o portador de Alzheimer force a memória, a fim de tentar lembrar do que é questionado”.
Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG): https://sbgg.org.br/em-dia-mundial-do-alzheimer-dados-ainda-sao-subestimados-apesar-de-avancos-no-diagnostico-e-tratamento-da-doenca/