A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 18 milhões de brasileiros convivem diariamente com algum transtorno de ansiedade. Entre eles está a síndrome do pânico. A doença voltou a ganhar destaque no Brasil depois que o padre Fábio de Melo revelou que sofre com o problema, em uma entrevista concedida ao programa Fantástico, da Rede Globo.
Medo de morrer é um dos principais sintomas do transtorno do pânico
“O transtorno do pânico é caracterizado pela presença de ataques de pânico recorrentes e inesperados, definidos como episódios de intenso medo ou desconforto, com sintomas psíquicos e sensação de descontrole e sintomas físicos, como coração acelerado, transpiração e tremores”, define a psiquiatra Luciana Staut. Falta de ar e frio também são bastante comuns.
Durante um ataque de pânico, o paciente sente que algo extremamente ruim está prestes a acontecer e entram em estado de desespero. Muitas pessoas, como foi o caso do padre Fábio, acreditam que irão morrer. Essa sensação surge porque áreas do cérebro responsáveis pelo alarme de perigo são ativadas, mesmo que não haja nada de errado.
Ataques de pânico podem acontecer a qualquer momento
O ataque costuma durar, em média, 10 minutos. É muito comum, durante esse tempo, pacientes com transtorno do pânico procurarem atendimento médico em emergências. Eles acreditam que as sensações enfrentadas se tratam de um infarto ou de uma doença fatal, já que os sintomas físicos podem ser muito intensos em crises recorrentes.
As crises de pânico podem acometer os pacientes imprevisivelmente, mas períodos ou situações em que há maiores níveis de ansiedade e estresse podem desencadear ataques com maior frequência. “Em geral, as crises são imprevisíveis e esta é uma das características que mais assusta os pacientes acometidos pelo quadro: o fato de não conseguir prever a crise ou se antecipar a ela”, diz Luciana. Fábio de Melo chegou a dizer na entrevista que teme passar por uma nova crise e ficar “escravo do medo”.
Tratamento para síndrome do pânico envolve terapia e medicação
Dra. Luciana acredita que a melhor forma de passar por uma crise é pela psicoeducação. “Isso se refere ao paciente conhecer a sua doença e entender o que vai ocorrer. Desta forma, quando a pessoa apresentar os sintomas iniciais, poderá identificar o que está acontecendo e conseguirá aplicar técnicas para se acalmar”, aconselha a psiquiatra.
Procurar auxílio médico para realizar o diagnóstico e discutir as opções de tratamento também é fundamental para vencer a síndrome. O uso de antidepressivos costuma apresentar bons resultados, mas muitos pacientes também precisam associar calmantes e terapia cognitivo-comportamental, que são úteis para promover alívio e impedir a recorrência dos ataques de pânico.
Tratamento pode impedir novas crises de pânico
Depois de iniciar o tratamento, parte dos pacientes poderá ter novas crises causadas pelo transtorno. Outra parcela, no entanto, não voltará a apresentar os sintomas da síndrome do pânico, mesmo diante de momentos difíceis durante a vida. Para ambos os grupos, os avanços nas formas de tratamento têm permitido cada vez mais que os pacientes sigam suas rotinas e vivam com bem-estar.
Para que isso aconteça, é essencial seguir o tratamento à risca e a família também deve colaborar, especialmente porque a doença gera muitos impactos e mudanças na dinâmica familiar. “É muito importante que familiares e amigos ajudem os portadores a buscar atenção psiquiátrica, além de incentivar a adesão ao tratamento e auxiliá-los a lidar com as limitações da doença”, afirma o psiquiatra Eduardo de Castro Humes. O padre Fábio de Melo reconheceu que “não está inteiro”, afirmou ter o apoio da mãe e deixou entender que fará terapia para ficar melhor.
Dra. Luciana Cristina Gulelmo Staut é psiquiatra, formada pela Universidade Federal de Mato Grosso, membro da Sociedade Brasileira de Psiquiatria e atende em Cuiabá (MT). CRM-MT: 6734
Dr. Eduardo de Castro Humes é psiquiatra e psicoterapeuta formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. CRM-SP: 108239
Foto: Shutterstock