Todo mundo já ficou nervoso ou ansioso pelo menos uma vez na vida. Seja antes de falar em público, de uma entrevista, de um evento importante. Aquele frio na barriga e suor excessivo podem aparecer como uma reação normal do seu organismo diante de uma ameaça. Mas como diferenciar esses momentos pontuais de uma real crise de ansiedade, que pode se tornar frequente e inclusive começar a atrapalhar sua própria vida? Consultamos um psiquiatra para tirar todas as dúvidas sobre a doença.
Transtorno de ansiedade generalizada é o tipo mais comum
O transtorno de ansiedade se caracteriza pela preocupação desproporcional de pessoas que antecipam problemas que não acontecem, têm pensamentos obsessivos, medos e dificuldades. “Essas pessoas podem ter tendência a taquicardias, dores de estômago, diarreias, insônias e dores no corpo como alguns dos sintomas do transtorno”, define o psiquiatra Gustavo Cahú.
O transtorno de ansiedade generalizada é o tipo mais comum, existindo também as fobias (ter muito medo de algo específico) e o pânico, que é o transtorno de ansiedade com crises específicas. “A ansiedade é natural no ser humano, pois está ligada ao reflexo de proteção de fugado medo, mas o transtorno de ansiedade está ligado a medos subjetivos”, explica Gustavo. Algumas pessoas podem ter mais tendência a desencadear o transtorno de ansiedade e um dos fatores principais é a genética.
Cafeína e drogas podem estimular uma crise de ansiedade
Uma vez que a pessoa demonstra ter o transtorno, alguns fatores podem estimular uma crise, como cafeína, álcool, drogas estimulantes e drogas psicoativas, como a maconha. “As pessoas buscam o uso dessas drogas porque sentem uma melhora logo após, mas elas dão efeito rebote, ou seja, depois os sintomas vão acabar voltando”, diz o psiquiatra. Esses sintomas de uma crise de ansiedade podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns são pensamentos e medos, suor excessivo, coração acelerado ou aperto no peito, dores de barriga, estômago e dificuldade de respiração. Depois da crise pode ser comum tensões musculares e cansaço.
O transtorno de ansiedade pode aparecer combinado com outras doenças como depressão ou síndrome do pânico, mas também pode exacerbar problemas de pele, doenças reumáticas, autoimunes, herpes e lúpus, por exemplo. “Ainda não é possível falar na cura, pois é algo humano. Com a terapia, o paciente aprende a lidar com isso e controlar melhor o que pode estar causando essas crises”, completa Gustavo. Mas em casos frequentes é preciso usar a medicação, que nem sempre são antidepressivos. Para crises pontuais é indicado o ansiolítico, mas nunca com tratamento a longo prazo.
Gustavo Cahú é psiquiatra. CRM-RJ: 5273633-3