A doença de Alzheimer, de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), afeta cerca de 1,5 milhões de brasileiros. O problema atinge principalmente idosos e é considerado um tipo de demência. A doença é dividida em fases e os pacientes são classificados de acordo com a evolução da doença. Quer saber mais sobre a progressão dos sintomas do Alzheimer e quanto tempo dura cada fase? Confira a explicação do geriatra José Eduardo Martinelli sobre o assunto!
Alzheimer: fases vão de leve a grave e terminal
Dr. Martinelli aborda mais de uma interpretação das fases da doença: “Os estágios são leve, moderado e grave, classificação que usamos hoje. Eu gosto de usar uma classificação americana mais antiga, que chamamos de CDR, classificando de 0 a 5, sendo 1, 2 e 3 as fases leve, moderada e grave, e 4 e 5 as fases terminais”. O geriatra diz que os quadros são classificados de acordo com o estado da memória e da realização de atividades sociais e instrumentais do paciente.
De acordo com Dr. Martinelli, o ponto inicial dessa doença degenerativa é a perda de memória lenta e progressiva, mas a SBGG aponta também a possibilidade de ocorrência de mudanças de personalidade. A evolução, no entanto, não segue uma regra, como explica o médico: “Existem pessoas que evoluem da fase leve para a grave de 2 a 5 anos e outras vão evoluindo de 10 a 16 anos até a fase terminal, que pode durar de 2 a 4 anos. Por isso, é muito difícil prever quando é a mudança de fase, de leve para moderada e de moderada para grave”.
“Cada pessoa tem uma evolução, dependendo também de sua reserva cognitiva, da escolaridade, da intelectualidade e da sociabilidade”, afirma o especialista, que lembra ainda que, em casos de Alzheimer precoce (antes dos 65 anos), os sintomas podem evoluir mais rápido.
Diagnóstico tardio é comum nos pacientes com Alzheimer
Um grande problema nos casos de Alzheimer é que, segundo a SBGG, o diagnóstico, muitas vezes, é feito de forma tardia, quando os pacientes já estão com quadros moderados ou graves. O médico explica o porquê: “Uma estatística que tenho feito na faculdade de Medicina diz que os pacientes só procuram os médicos depois de três anos, pois o esquecimento leve é interpretado pelos familiares como um sinal comum de envelhecimento”.
À medida que a doença evolui, esses esquecimentos vão se tornando mais graves, até que os familiares percebem que o paciente está mudando de comportamento. “O Alzheimer vai progredir, e a pessoa com a demência terá uma evolução, chegando às fases finais de doença com mutismo, sonda nasoenteral (pois deixa de comer), incontinência urinária e fecal e posição fetal no leito”, afirma o médico.
Paciência é fundamental no convívio com uma pessoa com Alzheimer
A SBGG recomenda que a família do paciente com Alzheimer tenha o respaldo de um cuidador profissional, o que é endossado por Dr. Martinelli: “As pessoas que convivem com o paciente tem que entender a doença. Eu sempre falo para os cuidadores que a doença de Alzheimer não é uma doença da pessoa, mas sim da família. A partir do momento em que isso é diagnosticado, toda a família fica envolvida, principalmente quem convive diretamente com a doença. Não adianta bater de frente, tem que sempre contornar as situações. É importante falar aos familiares como a doença se comporta e como devem se portar frente aos problemas que vão surgindo. Medicamentos específicos também podem ajudar, por isso é necessário ir ao médico”.
Referências:
Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG): https://sbgg.org.br/dia-nacional-de-conscientizacao-da-doenca-de-alzheimer/
https://sbgg.org.br/a-funcao-do-cuidador-no-acompanhamento-de-pessoas-com-a-doenca-de-alzheimer/
Azevedo, Patricia Gomes de et al. Linguagem e memória na doença de Alzheimer em fase moderada. Revista CEFAC [online]. 2010, v. 12, n. 3 [Acessado 27 Abril 2022] , pp. 393-399. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcefac/a/M4NkPcKy3bcTcVYCm5xZPRt/?lang=pt#