Dor nas costas: quem nunca teve uma depois de um dia cansativo? Também chamada de lombalgia, esse sintoma é tão comum que muita gente acredita que é super normal conviver com dores nas costas. Porém, negligenciar esse incômodo pode ser bastante perigoso! É importante descobrir a raiz do problema para tratá-la de forma adequada e manter sua coluna saudável e longe das dores. O ortopedista Daniel Oliveira, especializado em coluna vertebral, conversou com a gente sobre esse assunto e trouxe informações importantes de como lidar com as dores nas costas, o que pode ser e quando é hora de procurar um especialista. Confira!
Dor nas costas: o que pode ser? Saiba as causas mais comuns
A dor nas costas é um sintoma muito abrangente, que pode ser ocasionado por diversos fatores. Daniel ressalta as causas mais comuns desse problema. “Má postura e hábitos errados ao sentar, levantar pesos em excesso ou realizar atividades extremas, que podem colocar pressão excessiva sobre a coluna vertebral, levando a dores nas costas, além do estilo de vida sedentário que pode levar à fraqueza muscular e rigidez nas costas, aumentando o risco de dor”, explica o ortopedista.
Além disso, o especialista ressalta que, muitas vezes, a causa da dor na coluna pode ter raízes emocionais e psicológicas. “Fatores como estresse, ansiedade e depressão podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de dores nas costas”, diz Daniel. Pegar pesado nos exercícios também acaba ocasionando esse problema. “Lesões musculares e nos ligamentos devido a esforços excessivos, levantamento incorreto de objetos pesados ou movimentos bruscos também podem ser motivo de dor”.
Doenças crônicas ou agudas também causam dor nas costas
Além de fatores habituais, Daniel lembra que algumas doenças – sejam elas crônicas ou agudas – podem ter a dor nas costas como sintoma característico. O ortopedista elenca as principais. “Uma delas são as hérnias de disco, que ocorrem quando o núcleo gelatinoso de um disco intervertebral se projeta para fora, irritando nervos próximos e resultando em dor, dormência ou fraqueza em um braço, ou uma perna”, diz o médico. Além da hérnia, o ortopedista também ressalta outras razões:
- – Degeneração discal, causada pelo processo de envelhecimento;
- – estenose espinhal, onde o estreitamento do canal espinhal pode pressionar a medula espinhal e os nervos, causando dores nas costas e pernas;
- – artrite na coluna vertebral, que pode gerar inflamação e incômodo na região;
- – escoliose, que tem a ver com a curvatura anormal da coluna vertebral pode resultar em dores, principalmente se for grave;
- – dores no nervo ciático;
- – doenças, como osteoporose e fibromialgia.
Dores nas costas são normais em casos específicos, mas exigem atenção
Quando saber se uma dor nas costas é normal? De acordo com Daniel, o critério para fazer essa classificação é entender o que está motivando o sintoma. “As dores nas costas podem ser consideradas normais quando têm causa conhecida, como, por exemplo, aquelas causadas por um esforço físico excessivo, má postura ou atividade intensa. Elas, geralmente, melhoram em poucos dias com descanso, alongamento e medidas simples de cuidados em casa”.
Porém, é importante ficar alerta aos sinais de que algo pode estar errado. “Elas podem ser motivo para preocupação quando se tornam persistentes, durando por mais de semanas, aumentando em intensidade ou não melhorando com medidas simples, como as citadas acima”, explica o ortopedista.
Quem está mais propenso a ter dor nas costas?
A lombalgia é um problema bem democrático: ela pode atingir a todos os públicos e todas as idades. Porém, algumas pessoas possuem maior tendência a apresentar esse sintoma, de acordo com Daniel Oliveira. “Existem vários grupos que são mais propensos a desenvolver problemas nas costas, tais como idosos, já que o envelhecimento está associado ao desgaste natural dos discos e articulações da coluna vertebral; pessoas com sobrepeso ou obesidade, além de pessoas sedentárias, já que a inatividade física causa enfraquecimento dos músculos das costas e abdominais”, comenta.
Outros grupos também podem associar não só o peso ou sobrepeso, mas também condições de saúde. “Pessoas que trabalham por longos períodos sentados ou que fazem trabalhos manuais; mulheres em período de gravidez, devido ao aumento de peso e as alterações hormonais podem colocar pressão adicional na coluna vertebral; pacientes fumantes, pois o cigarro prejudica a circulação sanguínea, afeta a nutrição dos discos intervertebrais e prejudica a capacidade do corpo de se recuperar de lesões nas costas”.
O ortopedista também ressalta que quem já tem ou teve alguma questão genética, ou lesão prévia, além de pessoas que vivem sob forte estresse, também podem estar incluídos nos grupos de riscos. Pessoas que trabalham com muito esforço físico podem ter dores nas costas com maior facilidade – e atletas de alto impacto também não fogem a essa regra.
Você tem postura? Entenda como a dor nas costas pode se relacionar com ela
Se você tem uma postura vertebral muito curvada, a famosa “corcunda”, é possível que isso te cause muita dor nas costas. “A postura e os hábitos de vida desempenham um papel crucial no desenvolvimento de dores nas costas”, explica Daniel Oliveira. “Eles podem sobrecarregar a coluna vertebral, enfraquecer os músculos de suporte e aumentar a probabilidade de lesões e dores crônicas nas costas”.
A má postura, no entanto, não é apenas a única culpada pelo surgimento da lombalgia, mas também uma série de maus hábitos. “Nisso podemos incluir o uso abusivo de dispositivos eletrônicos, por gerarem tensão adicional no pescoço e nas costas, também devido à postura errada; levantar objetos pesados da forma errada; falta de exercícios físicos; sobrepeso; o hábito de fumar; estresse; falta de alongamento; e permanecer muito tempo na mesma posição”, esclarece o ortopedista.
Quando procurar um ortopedista? Veja como é o tratamento para dor nas costas
Já vimos que a dor nas costas é bastante comum, mas é possível viver sem esse incômodo. A depender da origem do problema, ela consegue, até mesmo, ser evitada. “A boa notícia é que muitos problemas nas costas relacionados a postura e hábitos de vida podem ser prevenidos ou aliviados com mudanças simples, como a adoção de uma postura correta ao sentar e ficar em pé, praticar exercícios de fortalecimento e alongamento, manter um peso saudável e fazer pausas regulares durante atividades sedentárias”, diz o médico.
Porém, com tantos fatores que desencadeiam uma dor nas costas, fica difícil saber quando é hora de tratar o sintoma com seriedade e procurar o ortopedista. “Elas merecem atenção médica quando estão intensas, súbitas e agudas, especialmente após um acidente ou queda; quando irradiadas, estendendo-se para as pernas, especialmente se vier acompanhada de fraqueza, dormência ou formigamento”. Daniel explica que esses sintomas podem indicar compressão de algum nervo, como uma hérnia de disco.
O acompanhamento de outros sintomas também requer um atendimento especializado. “A perda de controle da bexiga ou intestino, juntamente com dor nas costas, pode indicar uma Síndrome da Cauda Equina e requer atenção médica urgente; bem como se a dor nas costas estiver acompanhada de febre, inchaço, vermelhidão ou sensibilidade extrema, que pode indicar uma infecção ou inflamação que requer tratamento médico. Se a dor na região for resultado de um trauma significativo, como um acidente de carro, uma queda de altura ou outro tipo de lesão, também vale atenção especial”.
O tratamento para a dor nas costas também varia muito, dependendo da motivação do problema. “Como forma de aliviar a dor é necessário, primeiramente, saber qual sua causa para, então, escolher o tratamento que será mais efetivo. Entre eles nós temos os tratamentos conservadores, com a prescrição de medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares para aliviar a dor e a inflamação”, comenta o ortopedista.
Há também os métodos não medicamentosos, como a fisioterapia, alongamento e terapias. Em outros casos, há necessidade de tratamento. “É possível o uso de injeções de corticosteroides para aliviar a dor e a inflamação localizada, especialmente em condições como hérnia de disco, e tratamento cirúrgico, quando as outras opções conservadoras não tiverem sucesso”, finaliza.