O estresse sozinho não consegue ser responsável pelo desenvolvimento de um quadro complexo como o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), mas existe uma relação entre ambos. Geralmente, as crises de TOC ocorrem quando o paciente está passando por um período de grande estresse, o que conduz à instabilidade emocional e à piora dos sintomas.
“Em psiquiatria, as causas dos transtornos mentais não são conhecidas e por isso evitamos dizer que algo é responsável pelo desenvolvimento de uma doença mental. Até o momento, observa-se que a maioria dos transtornos mentais tem etiologia multifatorial, isto é, uma complexa interação entre genes e ambiente”, explica a psiquiatra Erika Mendonça.
Fatores de risco para o TOC
Acredita-se que o paciente com TOC e aqueles que têm predisposição para o transtorno reagem excessivamente a situações de estresse, o que resulta nos pensamentos obsessivos típicos do quadro. Como esses pensamentos causam muita angústia para o indivíduo, a tendência é que ele fique ainda mais estressado, gerando um efeito bola de neve.
Os fatores que contribuem para o desenvolvimento do TOC são divididos entre genéticos e ambientais, sendo que o estresse se encaixa no segundo. Neste, destacam-se também os eventos traumáticos. “Abuso físico e sexual na infância, perda de entes próximos e abandono aumentam a chance de uma pessoa desenvolver transtorno obsessivo-compulsivo”, exemplifica a médica.
Tratamento do TOC se baseia em psicoterapia e uso de remédios
Diminuir o estresse no dia a dia até pode ser benéfico para controlar o TOC, mas é preciso mais do que isso para que o transtorno seja devidamente tratado. Pacientes diagnosticados com a doença necessitam usar medicamentos (antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos) e aderir à psicoterapia para conseguirem amenizar os sintomas.
Dra. Erika Mendonça de Morais é psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e atua em São Paulo. CRM-SP: 124933
Foto: Shutterstock