Quem tem asma ou até mesmo outros problemas respiratórios crônicos (como a bronquite ou o DPOC, por exemplo) sabe que a mudança de temperatura pode influenciar diretamente nos sintomas da doença, como a tosse e falta de ar. Mas será que isso também acontece nas estações mais quentes? O calor pode prejudicar o tratamento da asma? Para tirar essas e outras dúvidas, conversamos com o pneumologista José Eduardo Martinelli, que esclareceu a relação entre asma e calor. Confira!
Falta de ar no tempo quente? Entenda o que desencadeia uma crise de asma
A maioria dos portadores de asma conseguem identificar a crise quando os primeiros sintomas de asma aparecem, como a tosse, o desconforto na região do tórax e a falta de ar. Mas como saber quando a crise chega? O pneumologista aponta que alguns fatores podem desencadeá-la. “Existem alérgenos e os irritantes. Os alérgenos são todas aquelas substâncias que disparam a crise, como poeira domiciliar, ácaro, polinização em certas épocas do ano, odores fortes, medicamentos, corantes em determinados alimentos, pelos de animais. Todos esses são alérgenos que podem desencadear a crise de asma”, explica o médico.
Já a outra categoria pode facilitar o surgimento de uma crise, embora não a provoque em si. “Os irritantes, como o cheiro de óleo diesel e o ar-condicionado, pelo fato de provocarem uma irritação das vias aéreas, podem também desencadear uma crise. Porém, não é o irritante que provoca a crise: ele gera um processo inflamatório que pode levar à ela”.
Quando o assunto é temperatura, no entanto, o verão e a primavera não são fatores decisivos para a crise de asma. “As estações mais frias, por causa do tempo seco e da temperatura baixa, podem provocar mais crises”, explica Dr. Martinelli. “O que ocorre é que existem pacientes que, independente da condição climática, terão crises de forma geral. O tempo quente não a desencadeia em si: é bem mais comum que o inverno provoque essa reação”.
No calor, pacientes com asma devem tomar cuidado com a polinização
Quando falamos em termos de cuidados preventivos que o asmático deve ter, é importante ver os fatores de risco. Nas estações mais quentes, um evento em particular pode merecer a sua atenção. “Aqui no Brasil não existe uma estação onde a polinização é um fato marcante, como na Europa, mas nessa época as pessoas ficam mais sensíveis à asma e devem se precaver, tomando cuidado ao se exporem à flores”, comenta Martinelli. No geral, o pneumologista ressalta que não há uma receita preventiva: cada paciente é um paciente e a prevenção é muito particular para cada um. “Por exemplo, há asmáticos que podem tomar sorvete e gelado, outros não podem”, reforça.
O tratamento também irá variar de pessoa para pessoa, segundo José Eduardo. “Se o paciente tiver crises muito subitamente, é importante portar um remédio para asma, sprays broncodilatadores (bombinha) de ação rápida para evitar que a crise se perpetue. Tem paciente que tem crise somente nos meses de inverno e nas mudanças climáticas, nesse caso, tratamos apenas a crise. Outros podem manter uma medicação intercrise com broncodilatadores de ação prolongada e corticoides de uso tópico”, finaliza.