A doença de Alzheimer (conhecida popularmente como Mal de Alzheimer) pode afetar diretamente a rotina e a qualidade de vida não só do portador, mas também de familiares, amigos e cuidadores que convivem com o paciente. A doença evolui e, com ela, os cuidados também precisam ser modificados. No caso do Alzheimer avançado, os sintomas podem variar e os riscos para o paciente também são diferentes. O geriatra José Eduardo Martinelli conversou conosco sobre esse assunto e esclareceu as principais dúvidas sobre o tema.
Quais os sintomas do Alzheimer avançado? Como reconhecer?
De acordo com o Dr. Martinelli, a classificação da doença se enquadra, de forma simplificada, em três níveis: leve, moderado e grave (ou estágios 1, 2 e 3). O reconhecimento desses estágios se dá pela avaliação clínica feita pelo médico a partir do avanço das manifestações, baseada em aspectos como memória e linguagem. “A memória, com o avanço do Alzheimer, vai se perdendo completamente. No estágio 3, o paciente só tem fragmentos de memória”, explica Dr. Martinelli. “Já a linguagem, à medida que a doença vai se instalando, vai ficando cada vez mais restrita: seu vocabulário fica muito reduzido, não consegue elaborar frases ou puxar um assunto e só responde monossílabos, até chegar a fase de mutismo”.
Quando os sintomas de Alzheimer já estão enquadrados no nível grave da doença, a tendência é que o paciente fique inativo. “Praticamente todos os pacientes na fase final estão encaminhados ou evoluindo para o mutismo, sofrem com incontinência urinária e incontinência fecal, usam sonda nasoenteral para comer e acabam assumindo uma posição fetal no leito”.
Fase final do Alzheimer: conheça os principais riscos desse estágio
Quando falamos de Alzheimer, pensamos logo nos riscos que o paciente (que geralmente é idoso) pode correr. No caso do Alzheimer avançado, no entanto, o geriatra entende que os riscos de lesão a si mesmo são menores do que na fase moderada. “O paciente em fase avançada é extremamente limitado: já tem grande dificuldade para andar, por isso o risco de queda é muito grande. Na fase moderada, o paciente não reconhece mais os próprios familiares; não pode sair sozinho, nem mexer com utensílios domésticos, ir ao fogão preparar uma comida pois pode se queimar ou até mesmo colocar fogo na própria casa”, comenta o geriatra. “A medida que o paciente evolui, o risco vai diminuindo, pois ele fica limitado ao leito”.
Apesar de representarem menor risco, a qualidade de vida comprometida e o impacto na saúde geral do paciente são ainda maiores na fase final da doença. Porém, ao contrário da associação que muitas pessoas fazem entre Alzheimer, fase terminal e morte, José Eduardo explica que não é bem assim. “A doença não mata; pacientes com Alzheimer ou outras doenças degenerativas, como Parkinson ou AVC, acabam morrendo em sua grande maioria de pneumonia. Isso acontece porque a imunidade diminui muito, pela idade e também pelas comorbidades. Há também a possibilidade de insuficiência renal ou cardíaca, de acordo com as doenças que o paciente já tem, mas a causa mortis não é o Alzheimer”, finaliza.