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Acumular coisas inúteis pode ser um sinal de TOC?

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19 de outubro de 2023

Pessoas que desenvolveram o hábito de guardar coisas inúteis podem ter TOC, de maneira que esse comportamento seja uma compulsão em resposta a uma obsessão. Contudo, “colecionar” objetos sem valor nem sempre vai ser um sinal deste transtorno. De acordo com a psiquiatra Erika Mendonça, tal atitude em muitos casos remete a um outro quadro.  
“O comportamento de acumular coisas consideradas sem valor é um transtorno mental específico, denominado transtorno de acumulação. Neste transtorno, a pessoa tem dificuldade persistente de se desfazer de pertences, independentemente do seu valor real. A acumulação causa prejuízo significativo para a vida da pessoa, como a obstrução de locais que, inclusive, impossibilitam o uso dos objetos acumulados”.

Acúmulo de coisas inúteis só configura TOC se responder a uma obsessão


O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado pela presença de obsessões, que são pensamentos intrusivos, repetitivos, que causam ansiedade e mal-estar, além das compulsões, que são comportamentos observáveis cuja realização alivia a ansiedade causada pelas obsessões. Para que o acúmulo de coisas inúteis esteja ligado ao TOC, precisa estar dentro desta lógica.
“TOC e transtorno de acumulação são dois diagnósticos diferentes, embora correlacionados. A acumulação pode ser um sintoma de TOC (caso uma pessoa tenha algum tipo de obsessão cuja compulsão seja guardar objetos), mas não deve ser associada somente ao TOC, pois também pode estar ligada a outros transtornos”, ressalta Erika.

Tratamento do TOC e do transtorno de acumulação deve ser feito com mais de um profissional


Na maioria dos casos, os pacientes com TOC têm consciência de que os pensamentos e comportamentos não fazem sentido, mas mesmo assim não conseguem controlá-los.
Também por isso a adesão ao tratamento é tão importante. “Tanto o tratamento do TOC quanto o do transtorno de acumulação devem ser multiprofissionais, com acompanhamento psiquiátrico, uso de medicamentos e psicoterapia”.
Dra. Erika Mendonça de Morais é psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e atua em São Paulo. CRM-SP: 124933
Foto: Shutterstock

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