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Dra. Érika Mendonça de Morais

Psiquiatria

Biografia

Dra. Érika Mendonça de Morais é formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 2006 e fez residência médica em Psiquiatria Geral (2007 a 2009) e Psiquiatria da Infância e Adolescência (2010) no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Desde 2013, é médica pesquisadora do Programa de Diagnóstico e Intervenção Precoce também no instituto e tem as crianças em idade pré-escolar como principal foco de sua atuação.

Artigos

TOC x transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva: qual é a diferença?

O transtorno obsessivo compulsivo, conhecido também pela sigla TOC, pode ser confundido com outra doença psiquiátrica de nome parecido: o transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva. Mas, será que as semelhanças ficam apenas no nome ou as duas condições compartilham também dos mesmos sintomas e causas? Diferenças expressivas nos sintomas Segundo a psiquiatra Erika Mendonça de Morais, o transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva é caracterizado por um padrão global de perfeccionismo, escrupulosidade e inflexibilidade. Um paciente com essa doença se torna extremamente controlador e tende a achar que todas as outras pessoas estão agindo de maneira errada. Além dessas características, o paciente com transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva tem grande apreço pela pontualidade e é exageradamente econômico. Gosta de listas e regras e é muito ligado a objetos de valores sentimentais. Dá grande foco ao trabalho, muitas vezes deixando de lado a família e os amigos. As diferenças na manifestação dos dois transtornos continuam. “Diferentemente do TOC, no caso do transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva não há presença de pensamentos intrusivos nem de rituais, que são os comportamentos repetitivos feitos para aliviar a ansiedade”, explica Erika. Alguns pacientes, no entanto, podem ter TOC e transtorno de personalidade ao mesmo tempo. Tratamentos semelhantes As causas do transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva, assim como as do TOC não foram totalmente descobertas, mas sabe-se que não há uma causa única. Fatores biológicos e ambientais interagem no surgimento da doença. Já o tratamento dos dois transtornos não é muito diferente, como afirma a psiquiatra: “O tratamento envolve psicoterapia e psicofarmacologia. A psicoterapia com mais evidências de eficácia é a terapia cognitivo-comportamental, mas as abordagens psicodinâmicas também são úteis.” Dra. Erika Mendonça de Morais é psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e atua em São Paulo. CRM-SP: 124933

Vem do nada? A esquizofrenia pode ter alguma causa específica?

Não é conhecido ainda com exatidão o processo que resulta em um quadro de esquizofrenia, mas sabe-se que a doença é fruto de alterações em estruturas cerebrais, com destaque para o papel dos neurotransmissores. Essas alterações são provocadas por diversos fatores, os quais funcionam como “gatilhos” para que a esquizofrenia se manifeste. Influência genética aumenta em até 10 vezes chance de desenvolver esquizofrenia Esses fatores podem ser tanto hereditários, ou seja, passados pelos genes da família, quanto ambientais (influências externas). “Assim como em outros transtornos mentais, fatores genéticos e ambientais parecem desempenhar um papel na etiologia da esquizofrenia”, afirma a psiquiatra Erika Mendonça. Segundo a especialista, pessoas com um familiar de primeiro grau (irmãos ou pais) que tenham o diagnóstico de esquizofrenia possuem uma chance 10 vezes maior de terem o transtorno. “Parece que há uma combinação de vários genes que predispõem a esquizofrenia, sendo apenas alguns conhecidos. É importante ressaltar que são genes associados a doença e não causadores dela”, explica a psiquiatra. Fatores ambientais que aumentam risco de esquizofrenia Alguns fatores ambientais também parecem aumentar as causas de esquizofrenia, mas especificamente nas pessoas predispostas. Seriam eles: uso de cigarro durante a gestação, baixo peso ao nascer e hipóxia (falta de oxigênio) durante o parto. Más condições socioeconômicas também parecem predispor à esquizofrenia, assim como viver em áreas urbanas. “Os mecanismos através dos quais estes fatores ambientais aumentam o risco de esquizofrenia ainda não foram esclarecidos. Mesmo assim, investir em pré-natal adequado, boas condições de parto e melhores condições socioeconômicas são estratégias que diminuem a chance de ocorrência deste transtorno”, conclui Erika. Dra. Erika Mendonça de Morais é psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e atua em São Paulo. CRM-SP: 124933 Foto: Shutterstock

Como o autismo afeta a vida de um adulto?

O autismo é um transtorno que surge quase sempre na infância e que se mantém presente durante a vida adulta, pois não tem cura. Ele prejudica bastante a capacidade de comunicação, interação e fala do paciente, mas isso pode ser amenizado caso o tratamento adequado seja adotado desde cedo. Diagnóstico precoce é crucial para que paciente autista tenha uma vida adulta independente “O cenário da vida de um adulto autista vai depender do nível de comprometimento do quadro. Mas, um autista que não recebeu tratamento adequado tem chances aumentadas de chegar à idade adulta totalmente dependente para todas as atividades da vida diária, podendo ser até incapaz de se comunicar verbalmente”, informa a psiquiatra Érika Mendonça. Sendo assim, a melhor forma de aumentar as chances de um adulto autista ser mais independente e de ter o máximo possível de qualidade de vida é receber o diagnóstico cedo, ainda na infância, e iniciar o tratamento já nesta fase. “Quanto mais cedo se faz o diagnóstico e se inicia o tratamento, melhor o prognóstico do autismo”, destaca a médica. Medidas do tratamento do autismo Entretanto, mesmo um adulto que não tenha recebido tratamento adequado desde a infância pode se beneficiar do tratamento, garante a especialista: “O adulto autista pode encontrar evolução por meio do acompanhamento multidisciplinar com psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo”. Para controlar os sintomas do autismo, é essencial investir em medidas como a terapia comportamental, a musicoterapia e a terapia familiar. Ao mesmo tempo, pode ser necessário o uso de medicamentos, como os antipsicóticos. O diagnóstico com uma abordagem individualizada é o ideal para definir o que deve ou não fazer parte do tratamento, visando a melhor evolução possível para o paciente. Foto: Shutterstock

Qual é a faixa etária que os sintomas do TOC começam se manifestar?

O transtorno obsessivo compulsivo, ou simplesmente TOC, é uma doença psiquiátrica que envolve a presença de obsessões, que são pensamentos repetitivos e intrusivos, sobre os quais o indivíduo não tem controle, e as compulsões, comportamentos feitos para aliviar as obsessões, também chamados de rituais. O distúrbio, segundo a psiquiatra Érika Mendonça de Morais, pode aparecer logo nos primeiros anos de vida. Crianças e adolescentes podem apresentar sintomas do TOC “Os sintomas podem começar a se manifestar desde a infância, mas este transtorno também pode iniciar na adolescência ou na idade adulta”, afirma a profissional. A forma como a doença se apresenta é diferente em cada faixa etária e está relacionada à fase de desenvolvimento do paciente. Nas crianças, muitas vezes, não há consciência do prejuízo provocado pelos sintomas e nem há um sofrimento tão intenso. Na adolescência e no decorrer da vida adulta, os sintomas são bem parecidos. “São muito comuns as obsessões de contaminação, simetria, organização e doença e os rituais mais frequentes são lavagem de mãos, checagem e contagem”, exemplifica a especialista. As crianças, às vezes, podem ter sintomas obsessivos e compulsivos considerados normais, como não pisar na linha e encostar a mão em algo. No entanto, somente quando o hábito traz prejuízos e sofrimento é que o TOC está envolvido. Em muitos casos, crianças não percebem gravidade dos sintomas do TOC A maior diferença entre o TOC na infância e na vida adulta, segundo Érika, é que os mais velhos percebem que estão exagerando e que os pensamentos não saem da cabeça. Por outro lado, os jovens não têm uma percepção tão clara dos sintomas e acabam demorando para perceber que realizam os rituais típicos do transtorno. Em muitos casos, são os pais ou até mesmo os professores que percebem as mudanças no comportamento. O tratamento para o TOC não costuma apresentar variações de acordo com a idade do paciente. “O tratamento envolve psicoterapia e medicamentos em todas as faixas etárias. A psicoterapia cognitivo-comportamental é a que apresenta maior evidência de benefícios”, destaca a psiquiatra. Foto: Shutterstock

O TOC pode se manifestar como uma compulsão sexual?

Um quadro de transtorno obsessivo compulsivo (TOC) só é diagnosticado caso haja sempre obsessão e compulsão em um paciente, assim como o nome sugere. Logo, um comportamento sexual que se manifesta de forma compulsiva pode indicar um quadro de TOC, mas desde que ocorra necessariamente em resposta a um pensamento obsessivo. Sendo parte de TOC ou não, compulsão por sexo pode trazer riscos para saúde “Compulsão sexual é um sintoma que pode estar presente em vários transtornos. Na Psiquiatria, nós não separamos um sintoma e com isso temos o diagnóstico. Então, falar sobre um sintoma isoladamente é muito complicado. É o mesmo que perguntar qual doença causa febre. A febre é um sintoma presente em muitos casos”, explica a psiquiatra Erika Mendonça. As compulsões causam sofrimento importante na vida dos pacientes, independentemente do quadro em que estejam inseridas. Elas podem ser incapacitantes, dependendo do tempo que é gasto para sua realização. “A compulsão sexual pode se relacionar à exposição e risco de doenças sexualmente transmissíveis, por exemplo”. Tratamento do TOC com compulsão sexual Segundo a médica, quando um paciente com compulsão sexual for atendido, é importante fazer logo o diagnóstico para definir a qual transtorno mental essa condição pode estar relacionada. “Se for parte de um quadro de TOC mesmo, o tratamento deverá ser igual ao de outros tipos de TOC, com outros conteúdos”. O tratamento pode ser realizado por meio da utilização de remédios específicos e de terapia cognitivo-comportamental. O processo em si se assemelha bastante com o tratamento da depressão, mas em geral a resposta do paciente com TOC costuma ser mais lenta. Quando feito de maneira adequada, o tratamento pode amenizar os sintomas quase totalmente, embora uma remissão completa não seja tão comum. Dra. Erika Mendonça de Morais é psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e atua em São Paulo. CRM-SP: 124933 Foto: Shutterstock

A ansiedade tem cura? Psiquiatra tira dúvida sobre transtorno!

Muitos pacientes se perguntam se ansiedade tem cura. Assim como acontece com os demais transtornos psicológicos, a ansiedade vem sendo estudada há anos, com cada vez mais avanços obtidos. De acordo com a psiquiatra Dra. Érika Mendonça de Morais, o transtorno de ansiedade ainda não pode ser curado, mas o tratamento pode eliminar os sintomas e deixar o paciente em remissão.  Ainda que a ansiedade afete ambos os sexos, o transtorno é mais comum em mulheres na vida a adulta, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Crise de ansiedade tem cura? “Os transtornos de ansiedade não têm cura. O prognóstico é bastante variável. Há pacientes que fazem tratamento por um tempo e não voltam a ter o quadro novamente, há pacientes que têm vários episódios na vida e há pessoas que precisam fazer uso contínuo de medicamentos. Quando uma pessoa está assintomática, com ou sem o uso de medicação, dizemos que ela está em remissão do quadro, mas não curada”, explica a psiquiatra Erika Mendonça. O tratamento é feito no intuito de reduzir ao máximo os riscos de crises e acentuação dos sintomas, o que por si só já é ótimo para o paciente. Contudo, um tratamento bem feito não é o suficiente, já que há outros fatores envolvidos, como predisposição genética e estilo de vida. “Uma pessoa pode fazer um tratamento bem feito e apresentar outros episódios ao longo da vida. O tratamento diminui a chance disso acontecer, mas, novamente, não pode ser considerado uma cura”. Diferenças entre os transtornos de ansiedade e avanços nos estudos Apesar dos transtornos de ansiedade terem os mesmos sintomas (tensão, inquietação, preocupação excessiva), incluindo os físicos, como tremores, sudorese e taquicardia, eles apresentam características próprias. “Os principais transtornos de ansiedade são: transtorno de pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós-traumático e fobias”, lista Erika. Apesar de frisar que não existe cura para a ansiedade, a médica aponta que há avanços no sentido de se entender melhor a fisiopatologia do transtorno, isto é, os mecanismos cerebrais envolvidos. A ansiedade é uma importante causa de incapacidade no mundo, considerando o sofrimento gerado. Os transtornos são bastante comuns afetando por volta de 28% das pessoas ao longo da vida. Logo, são sim bastante estudados. Foto: Shutterstock Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS):https://www.who.int/whr/2001/en/whr01_po.pdf

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