Por mais que adenomiose e endometriose sejam doenças com o mesmo elemento principal (tecido endometrial/endométrio), tratam-se de quadros diferentes, com diagnósticos e tratamentos distintos. Porém, como existem sintomas em comum entre ambos, há quem pense, em um primeiro momento, que os termos se referem ao mesmo problema.
Diferenças entre adenomiose e endometriose
“Histologicamente, a adenomiose é uma alteração benigna do útero, que consiste na presença de tecido do endométrio profundamente nas fibras do miométrio (parede uterina). A endometriose, por sua vez, consiste na presença de tecido endometrial fora de seu local usual (cavidade uterina), o que pode envolver, inclusive, órgãos fora da pelve”, explica a ginecologista Fernanda Fortunato Freire.
Ainda segundo a especialista, algumas pacientes podem apresentar adenomiose e endometriose conjuntamente, além de outras patologias, como pólipos endometriais e miomas. “A adenomiose acomete, em maior prevalência, mulheres entre 40 e 50 anos, com gestações anteriores e\ou cirurgias uterinas prévias”, informa a profissional.
Os principais sintomas relacionados à adenomiose são sangramento uterino anormal e dismenorréia (cólica menstrual). Uma parte das pacientes também se queixa de infertilidade e, menos frequentemente, dor pélvica crônica e dispareunia (dor na relação sexual). “Quanto mais profunda a infiltração do endométrio no miométrio, mais intensos os sintomas de sangramento e cólica. Vale ressaltar que a paciente também pode ser assintomática e ter diagnóstico sugerido em um exame de rotina”, destaca a médica.
Principais medidas de tratamento
O tratamento da adenomiose depende se a paciente tem desejo reprodutivo ou não. Para as pacientes que têm prole constituída ou que não querem ter filhos, a histerectomia (retirada do útero) pode ser indicada. Já para aquelas com desejo reprodutivo ou que, por algum motivo, não podem ou não querem se submeter à histerectomia, existem tratamentos conservadores que visam ao controle dos sintomas.
“Neste último caso, temos disponíveis: dispositivo uterino hormonal de levonorgestrel, agonistas de GnRH, progestagênios (por exemplo, dienogeste), antiinflamatórios e embolização da artéria uterina. O tratamento para pacientes com adenomiose e infertilidade ainda é um grande desafio, sendo que muitas delas terão que recorrer a técnicas de reprodução assistida. Há ainda a opção de cirurgia por radiofrequência, conservando o útero da paciente e mantendo a possibilidade de gestar. No entanto, é um tratamento recente e, como qualquer outro, deve ser discutido cuidadosamente”, conclui Freire.
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