Pães, bolos e torradas até podem parecer inofensivos à primeira vista – mas não para todo mundo. Isso porque, embora esses alimentos façam parte da rotina alimentar dos brasileiros, eles contém glúten na sua composição e podem causar desconforto e mal-estar intestinal.
O glúten, responsável por dar elasticidade e textura aos alimentos, é uma proteína presente em cereais como trigo, centeio e cevada. O médico e especialista da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva Dr. Marcelo Amade Camargo explica que a presença frequente desses cereais na dieta das pessoas, em todo o mundo, não impede que haja intolerantes e o consumo pode causar diversos problemas de saúde para eles. Saiba mais a seguir!
Sintomas da intolerância ao glúten
Os sintomas podem variar entre os pacientes, os mais comuns são:
- Desconforto ou dor abdominal
- Distensão (inchaço) abdominal
- Excesso de gases
- Diarreia crônica ou prisão de ventre
- Fadiga
- Dor de cabeça
- Alterações de humor
Além dos sintomas habituais, algumas pessoas também podem apresentar coceira ou lesões avermelhadas na pele, perda ou dificuldade de ganhar peso e dores musculares.
Intolerância ao glúten é genética?
A intolerância ao glúten pode surgir em qualquer fase da vida, visto que algumas pessoas já nascem com uma predisposição genética para a doença celíaca, enquanto outras desenvolvem sensibilidade ao glúten ao longo dos anos. O diagnóstico de doença celíaca, porém, é mais comum na infância e numa frequência maior entre mulheres.
O que pode causar intolerância ao glúten?
A questão é que a “intolerância ao glúten” não é uma condição única. Ela abrange diferentes reações do organismo a essa proteína, presente no trigo, cevada e centeio. As principais causas estão relacionadas a três pontos:
- Doença celíaca: é uma reação autoimune em que o sistema imunológico ataca o próprio intestino ao entrar em contato com o glúten, causando inflamação e má absorção de nutrientes. Além disso, pode levar a complicações graves se não for tratada.
- Alergia ao trigo: diferente da doença celíaca, é uma resposta alérgica específica às proteínas do trigo (não apenas ao glúten), podendo causar sintomas como inchaço, coceira e até anafilaxia em casos mais graves.
- Sensibilidade ao glúten não celíaca: condição pouco compreendida pela medicina, mas já se sabe que o glúten desencadeia sintomas como dor abdominal e inchaço, entretanto, sem os marcadores imunológicos da doença celíaca ou alergia.
Riscos da intolerância ao glúten
Amade alerta que ignorar a intolerância ao glúten pode levar a sintomas persistentes como fadiga extrema, dores musculares e problemas digestivos até com danos no intestino, levando a má absorção de nutrientes e vitaminas.
Já no caso da doença celíaca, em que há a necessidade de uma restrição absoluta, a inflamação pode ser severa e causar complicações mais graves como desnutrição, anemia, retardo no desenvolvimento, hemorragias intestinais e até quadros neurológicos.
Diagnóstico
Por isso o diagnóstico assertivo é fundamental, o da intolerância ao glúten é realizado em uma consulta especializada com o apoio de exames de sangue para avaliação inicial. A descrição dos sintomas é que leva à suspeita de intolerância.
“É muito importante descartar o diagnóstico de Doença Celíaca nesses casos, e a endoscopia digestiva alta com biópsia intestinal é o padrão-ouro para o diagnóstico desta condição”, detalha o médico.
Como viver sem glúten
O único tratamento eficaz é a retirada total do glúten da alimentação. Isso significa evitar produtos que contenham trigo, cevada e centeio.
Deve-se ainda tomar cuidado com a contaminação cruzada por glúten em outros alimentos durante o seu preparo. Além disso, as deficiências nutricionais decorrentes da má-absorção de nutrientes e vitaminas precisam ser tratadas.
Por fim, é importante contar com um cuidado multidisciplinar e multiprofissional, envolvendo, além dos médicos especialistas, profissionais de nutrição e apoio psicológico. Veja dicas do especialista para lidar com a intolerância ao glúten:
- Busque alimentos sem glúten no supermercado. Aqui também vale a regra das trocas inteligentes na hora de cozinhar, como substituir a farinha de trigo por farinha de arroz, milho, mandioca, coco, quinoa, etc.
- Sempre leia os rótulos. No Brasil, produtos sem glúten devem ter o símbolo de um trigo barrado ou a frase “Não contém glúten”.
- Mantenha acompanhamento médico para garantir a devida suplementação de vitaminas essenciais.



