A depressão é um transtorno que exige o engajamento em um tratamento composto por psicoterapia e uso de medicamentos antidepressivos. Dependendo da intensidade do quadro, pode ser indicado ao paciente apenas a terapia, com boas chances de resultados positivos. Já quando a intensidade é moderada ou grave, os remédios são imprescindíveis para melhorar a resposta ao tratamento. As psicólogas Lilian Boarati e Viviane Hultmann conversaram conosco e deram informações mais detalhadas sobre o assunto.
Participação da família na terapia pode ser fundamental
“Quando um indivíduo é portador de uma doença psicológica, seu organismo está em desequilíbrio e a ação dos neurotransmissores, quando alterada, interfere diretamente nas emoções e no comportamento. As medicações psicotrópicas ajudam nesse sentido, ao calibrar as dosagens naturais que o corpo produz de substâncias como serotonina, dopamina e noradrenalina. Quando estas estão estáveis, o paciente fica mais disposto e atento ao processo terapêutico, aumentando suas chances de obter melhores resultados e em menor tempo”, explica Lilian.
Segundo Viviane, a terapia é um recurso a ser utilizado em todos os graus de transtorno depressivo. Nos casos mais graves, ela destaca a importância da participação das famílias: “O envolvimento de familiares e/ou pessoas significativas é essencial para o bom andamento do processo terapêutico. O acompanhamento pode auxiliar a família a se reorganizar diante do diagnóstico e dos desafios impostos pelo mesmo”.
Papel do psicoterapeuta no tratamento da depressão
Cabe ao psicoterapeuta proporcionar espaços de conversas, contribuindo com uma comunicação clara, facilitando formas de expressar todo o sofrimento e visando o entendimento dos significados que cada família dá a seus desafios. “Desmistificar o transtorno e a sua origem, explicar o que é esperado ou não em situações mais graves, trazendo informações recentes e respaldadas em estudos, através do trabalho de psicoeducação, também pode ser uma tarefa do psicoterapeuta”, afirma Viviane.
No processo psicoterapêutico, o terapeuta deve agir como um condutor para que o paciente alcance as metas de desenvolvimento traçadas. “O especialista deve ajudar o portador a gerenciar suas emoções, a identificar fatores ambientais que favoreçam o aumento de seus sintomas ou o agravamento de sua doença, a aprender a superar suas dificuldades e a realizar mudanças necessárias para que consiga ter uma vida de maior qualidade”, informa Lilian.