A endometriose é uma doença inflamatória crônica que consiste no crescimento do endométrio fora do útero, atingindo principalmente os órgãos da região pélvica: ovários, bexiga e intestino (este último caso recebe o nome de endometriose intestinal). Dados do Ministério da Saúde mostram que a doença se manifesta em torno de 10% das mulheres, uma porcentagem mais alta no caso de mulheres inférteis (de 30 a 60%).
A condição de infertilidade é constatada quando um casal é exposto a relações sexuais frequentes, sem o uso de métodos contraceptivos por 1 ano e a gestação não ocorre. Esse intervalo de tempo oscila dependendo da idade da mulher e de outras doenças que comprometam o sistema reprodutivo do casal.
Por que a endometriose prejudica a fertilidade da mulher?
A infertilidade relacionada à endometriose envolve diversos fatores e as causas ainda são amplamente estudadas.
Segundo a ginecologista Fernanda Torras, a inflamação que a endometriose provoca, implica alterações na anatomia das estruturas pélvicas, comprometendo a capacidade reprodutiva da paciente. “O processo inflamatório da doença, pelo excesso de citocinas, provoca alterações no endométrio e no fluido peritoneal, dificultando todo o processo de fecundação e implantação do embrião, além de comprometer a qualidade do óvulo”, afirma.
As citocinas são moléculas que desempenham um papel fundamental no sistema imunológico. Isso porque em quadros de inflamação crônica, elas emitem sinais para outras células adotarem mecanismos de defesa, como a cicatrização.
A infertilidade é irreversível?
A condição de infertilidade vai depender do estágio em que a doença se encontra. As pacientes com endometriose em grau leve ou superficial apresentam maiores chances de conseguir engravidar. Nesses casos, é possível prevenir a infertilidade através da intervenção cirúrgica que remove os focos da doença.
Já pacientes com a doença em estágios avançados muitas vezes precisam recorrer a métodos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro. No entanto, a Dra. Fernanda alerta para a necessidade de investigar outras causas que possam estar comprometendo a fertilidade como a condição espermática do parceiro e a situação da tuba uterina. Dessa forma, pode-se chegar a um diagnóstico mais assertivo e adotar um tratamento adequado para cada paciente.
O que fazer para evitar o avanço da doença?
Para prevenir as consequências mais drásticas da endometriose, o ideal é que o seu diagnóstico seja feito durante o estágio inicial. Por isso, é necessário ficar atenta a sintomas como dor excessiva, cólica menstrual intensa e sangramento anormal. “O tratamento deve ser individualizado e visa a prevenção de progressão da doença e melhora da qualidade de vida, além da possibilidade de planejamento terapêutico no que diz respeito ao desejo de gestar da paciente”, afirma a Dra. Fernanda.
Dados do Ministério da Saúde:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-endometriose-retificado-livro-2010.pdf
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