A demência do mal de Alzheimer afeta todas as funções cognitivas, mas a mais notável é a memória para fatos recentes, chamada de memória episódica, uma das primeiras áreas afetadas pela doença. O paciente é acometido de maneira gradual e progressiva, sendo que, em geral, os familiares percebem que o que é falado em um dia é logo esquecido no seguinte.
“Chega um momento que o paciente não se recorda nem mesmo o que disse poucos minutos antes, tornando-se repetitivo ao perguntar várias vezes a mesma coisa. Também é comum esquecer onde guarda seus pertences, se já almoçou ou não, se desligou o fogo, dentre outras coisas. Muitas vezes o paciente até tem consciência de que está esquecido, mas mesmo assim não consegue ter a percepção correta das coisas”, explica o geriatra José Eduardo Martinelli.
Mal de Alzheimer afeta funções cognitivas relacionadas a hábitos simples e rotineiros
Outra área da cognição frequentemente acometida pelo mal de Alzheimer é a praxia, ou seja, a capacidade de realizar gestos e movimentos de forma coordenada e eficiente. O médico cita como exemplo a situação das senhoras acostumadas a fazer crochê, tricô ou bordado que acabam desaprendendo esse hábito de anos. Por conta disso, deixam de realizar a atividade, muitas vezes não admitindo que não sabem mais executá-la. “Costumam dizem que estão cansadas e por isso pararam de fazer”, explica Martinelli.
Ainda segundo o geriatra, em uma fase mais grave da doença, os pacientes chegam a ter dificuldade de vestir-se, isto é, não sabem mais a sequência de colocar as peças de roupa. Também podem ter outras funções acometidas pela demência, como atenção, concentração e comprometimento de linguagem. “Contudo, quando a medicação é introduzida eles normalmente conseguem voltar para suas atividades, mostrando melhora”, aponta. Algumas atividades do dia a dia podem complementar o tratamento, ajudando a desacelerar a progressão da doença.
Medicação pode desacelerar progressão do mal de Alzheimer
A demência da doença de Alzheimer é neurodegenerativa e progressiva, o que significa que o que foi perdido ainda não pode ser recuperado. O que pode ser feito é diminuir a velocidade com que a doença progride. A medicação hoje disponível diminui essa velocidade. “Nesse aspecto, é importante atentar para a individualidade, pois há pessoas que evoluem naturalmente mais rápido, perdendo várias funções cognitivas ao mesmo tempo, e outras que levam anos para que essas perdas se instalem”, completa o médico.
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