O Alzheimer é um tipo de demência que afeta os pacientes de diversas formas, como a perda da habilidade de socializar, trabalhar e até mesmo desempenhar funções básicas do cotidiano. Por isso, identificar os sintomas é crucial para que o tratamento seja iniciado o quanto antes, a fim de desacelerar a evolução da doença e minimizar os impactos no bem-estar e na qualidade de vida dos pacientes. Para nos ajudar a entender em detalhes sobre a evolução do mal de Alzheimer, entrevistamos a especialista em geriatria Ana Maria Pereira. Confira!
Afinal, o que é Alzheimer?
Muitas pessoas têm dúvida sobre qual a diferença entre Alzheimer e demência. Levando isso em consideração, vale destacar que a doença de Alzheimer é um tipo de demência progressiva que causa a morte dos neurônios e a perda de função do sistema nervoso central. De fato, é a demência mais comum, porém não a única que atinge predominantemente os idosos.
Primeiros sintomas de Alzheimer incluem perda de memória recente e oscilações de humor
Como a doença afeta diferentes regiões do cérebro, os sintomas estão diretamente relacionados às funções cognitivas, comportamentais e psicológicas. Em relação às manifestações do Alzheimer na fase inicial, a geriatra Ana Maria Pereira pontua que “a pessoa enfrenta dificuldades para lembrar fatos recentes e se torna mais repetitiva nas conversas. Além disso, esquece compromissos, confunde contas a pagar e senhas de banco”.
Outras mudanças no comportamento destacadas pela médica são o aumento da irritabilidade e as oscilações de humor. Também é comum haver perda de interesse por atividades que eram prazerosas, prejuízo no senso de localização de tempo e espaço, dificuldade de participar de conversas ativamente e danos na visão.
Embora exista alguma semelhança com os problemas de memória típicos do envelhecimento, a pessoa com Alzheimer sofre com perda de funcionalidade para desempenhar atividades cotidianas. Por outro lado, segundo a especialista, as pessoas com perda de memória relacionados à idade tem esquecimentos, mas esses não interferem no dia-a-dia.
A degeneração no cérebro começa bem antes dos primeiros sinais clínicos
De acordo com um estudo publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a degeneração das células cerebrais na doença de Alzheimer começa muito antes do aparecimento dos primeiros sintomas.
“O início do Alzheimer começa entre 10 a 15 anos antes das primeiras manifestações iniciais da doença, com depósitos de proteínas e emaranhados anormais nas células cerebrais. Então, gradualmente, aparecem os prejuízos na cognição e na funcionalidade. É um início silencioso, porém progressivo“, explica a geriatra.
Predisposição genética e doenças cardiovasculares são condições que aumentam o risco de Alzheimer
Além da idade, fatores hereditários e doenças cardiovasculares, por exemplo, tornam alguns indivíduos mais propensos a sofrer com o Alzheimer. Isso porque enquanto o gene APOE-e4 influencia os casos de demência, doenças que afetam a saúde do coração e dos vasos sanguíneos prejudicam a circulação de oxigênio e nutrientes essenciais para o funcionamento do cérebro.
Como tratar o mal de Alzheimer? Tem cura?
Apesar de não existir uma cura para o Alzheimer, é possível controlar os sintomas e retardar a evolução da doença com medicamentos que melhoram a cognição. Esses fármacos têm a função de aumentar a quantidade de um mensageiro químico no cérebro chamado acetilcolina, envolvido nos processos relacionados à memória e ao aprendizado.
Entre as opções disponíveis, a Dra. Ana Maria cita a rivastigmina, a donepezila e a galantamina. Porém, ela alerta que somente um médico especialista pode prescrever o tratamento adequado para cada fase da doença.
Outras estratégias para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com a doença
O cuidado com o idoso que sofre de demência deve ir além da terapia com medicamentos. Ou seja, outras ações que promovem o bem-estar e o estímulo das funções cognitivas são altamente recomendadas. Conforme as instruções da médica geriatra, quem cuida de pessoas com Alzheimer deve ter estes quatro pilares em mente:
- Acompanhamento médico de excelência para manter a funcionalidade do idoso;
- Ajuste nutricional para manter a massa muscular;
- Estímulo cognitivo, podendo ser feito com terapeuta ocupacional ou fonoaudióloga;
- Exercícios físicos resistidos, aeróbicos e consciência corporal.
No entanto, à medida que a doença progride, fica mais difícil seguir esse protocolo, especialmente em relação ao que exige a mobilidade do idoso. Por isso, é fundamental procurar acompanhamento médico o mais cedo possível.
Além dos sintomas mencionados anteriormente, o histórico familiar de Alzheimer é fundamental para identificar o problema. Portanto, se você suspeita que alguém possa estar manifestando os primeiros sinais da doença, considere se há casos precedentes na família e outros fatores de risco associados.