Prato tradicional e da preferência de muitos brasileiros, a feijoada é comumente associada ao excesso de gases, especialmente os malcheirosos. Carregada de tempero e quase sempre acompanhada de carnes gordurosas, não é de se espantar que o prato produza esse efeito. Mas qual será a explicação precisa para essa relação entre a feijoada e a produção de gases?
“O feijão contém uma quantidade muito grande de açúcares complexos chamados oligossacarídeos, os quais requerem uma enzima específica, a α-galactosidase, para serem quebrados e digeridos. Contudo, o trato intestinal não possui esta enzima. Logo, não conseguimos digerir o alimento. Ele passa pelo intestino grosso sem sofrer alterações. Assim, o feijão é fermentado por bactérias boas que estão presentes no intestino, resultando na formação de gases”, explica a gastroenterologista Fernanda Oliverio.
Evitar muito tempero e preparar a feijoada de maneira adequada podem diminuir os gases
Apesar do feijão possuir tais propriedades, a especialista afirma que se não houvesse tanto tempero e condimentos pesados, a feijoada produziria menos gases. Ela ressalta também que o odor dos gases se deve à presença do enxofre proveniente do alimento. “Deve-se evitar o uso de pimenta, pimentão, cebola, mostarda e temperos prontos (industrializados). Prefira o uso de temperos simples, como coentro, salsinha, hortelã, tomate e cebolinha verde”.
A médica indica ainda outras estratégias para diminuir a formação de gases, tentando “quebrar” os açúcares antes do cozimento, tais como deixar o feijão de molho no dia anterior por um período de pelo menos oito horas, descartando a água do molho antes de cozinhá-lo, ou jogar água fervendo em cima dos grãos antes do cozimento. “Apesar de perdermos uma pequena parte dos nutrientes do feijão utilizando estas estratégias, o feijão continua sendo bastante nutritivo”.
Feijão possui diversos nutrientes importantes e por isso não deve ser descartado
O feijão é um alimento rico em nutrientes importantes para diversas funções do organismo, como carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas e sais minerais, e por isso não deve ser totalmente cortado da alimentação apenas por conta dos gases. “Porém, deve ser usado com moderação, evitando sempre o seu consumo juntamente com outros alimentos que também provocam a formação de gases (brócolis, couve-flor, beterraba, batata, repolho e banana)”.
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