A serotonina e a dopamina são neurotransmissores que têm diversas funções no corpo, colaborando para que todo o organismo funcione adequadamente. Seu papel no cérebro é atuar na transmissão de dados entre os neurônios.
Níveis baixos de serotonina podem estar relacionados a sintomas da depressão
“A serotonina é um dos neurotransmissores mais importantes para nosso cérebro e regula não só nosso humor, sua função mais conhecida e estudada, como também regula o ciclo do sono, apetite, desejo sexual e memória, direta ou indiretamente”, afirma a psiquiatra Cláudia Chaves. A falta de serotonina no cérebro é um dos fatores relacionados a sintomas de ansiedade e depressão, junto com a falta de balanço de outros neurotransmissores e outras alterações.
Por outro lado, o excesso de serotonina no cérebro pode ocorrer de forma artificial, por exemplo, em decorrência do uso de algumas substâncias, como anfetaminas e cocaína. Alguns medicamentos utilizados para o tratamento da depressão e de transtornos de ansiedade melhoram a ação do neurotransmissor e podem ajudar a reduzir os sintomas desses transtornos.
Já a dopamina é produzida em áreas específicas do cérebro. “Está presente no local que controla emoções, como o sistema de recompensa cerebral (quando sentimos prazer por fazer algo que gostamos, nos dá sensação de bem-estar), e em centros que controlam nossos movimentos musculares, memória e capacidade de aprendizagem, além de algum efeito sobre o nosso humor”, explica a profissional.
Excesso de dopamina está ligado à esquizofrenia
Assim como no caso da serotonina, alterações na quantidade de dopamina também podem alterar o funcionamento do cérebro. “Dentre as possíveis causas da esquizofrenia, umas das mais aceitas atualmente é a teoria dopaminérgica, em que há excesso de dopamina numa área cerebral, o que leva às alucinações, delírios e desorganização, além de um declínio na dopamina na via responsável pela lentificação dos pensamentos presente na doença”, diz Cláudia.
Além disso, a falta de dopamina, segundo estudos, está relacionada a dificuldades de concentração, alterações no sono, alteração de libido e de humor. Com a exceção do uso de medicações, ainda não existem formas ativas cientificamente comprovadas de mudar esses neurotransmissores.
Quando pensar em depressão?
Tristeza não é sinônimo de depressão. O episódio depressivo se caracteriza pela presença, por pelo menos 2 semanas consecutivas, de 5 das 9 manifestações a seguir, ocorrendo na maior parte do dia, quase todos os dias; obrigatoriamente uma das manifestações deve ser humor deprimido ou perda do prazer em atividades:
– Humor deprimido: sentir-se triste, sem esperança; isso pode ser percebido por outras pessoas;
– Diminuição ou perda do prazer em atividades: menor interesse em passatempos ou em atividades que anteriormente o indivíduo considerava prazerosas; o individuo muitas vezes fica mais retraído socialmente;
– Inquietação ou estar mais lento que seu habitual, e isso é percebido por outras pessoas;
– Alteração de apetite e/ou de peso: pode ser para mais ou para menos, ou seja, pode ocorrer (de forma não intencional) aumento de apetite, aumento de peso, redução de peso, redução de apetite (exemplo: o indivíduo precisa se esforçar para se alimentar);
– Alteração do sono: excesso de sono ou insônia;
– Fadiga ou falta de energia: cansaço mesmo sem esforço físico pode ser relatado pelo indivíduo, bem como dificuldade em realizar tarefas;
– Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou inapropriada: o indivíduo pode, por exemplo, ficar ruminando pequenos fracassos do passado;
– Dificuldade de se concentrar ou de pensar: os indivíduos podem se queixar de dificuldades de memória;
– Pensamentos de morte ou planejamento para cometer suicídio.
Tais alterações representam mudança em relação ao funcionamento anterior do indivíduo, e causam sofrimento e/ou prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Lembre-se: depressão não é só no setembro amarelo! Se você sentir que está diferente do seu habitual ou notar diferença em alguém com quem convive, procure ou oriente a procura de ajuda médica e psicológica!
Este material tem caráter meramente informativo e não tem a intenção de substituir avaliação ou conduta médica. Siga sempre as orientações de seu médico assistente.
Dra. Claudia Chaves Dallelucci é médica psiquiatra, formada em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e mestranda em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). CRM-SP: 151077
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