O TOC é caracterizado pela presença de obsessões e compulsões. Obsessões são pensamentos intrusivos, repetitivos, persistentes e indesejados, enquanto as compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que o indivíduo sente-se compelido a realizar em resposta à obsessão. Muitas pessoas interpretam as compulsões como “manias” simples do dia a dia, justamente pelo fato das duas serem ações repetitivas.
‘Manias’ só indicam TOC se houver obsessão e prejuízo grande aos pacientes
No entanto, para que uma “mania” seja considerada compulsão, e, portanto, componente de um quadro de Transtorno Obsessivo Compulsivo, é preciso que haja uma obsessão que a motive. A “mania” por si só não configura um quadro de TOC. Se uma pessoa que tenha alguma “mania” está sofrendo ou se mostra com comportamento exagerado, deve ser levada a um profissional de saúde para se fazer o diagnóstico diferencial.
“Quando alguém apresenta, por exemplo, ‘mania’ de limpeza, isto é, gosta de tudo sempre limpo, isso pode ser apenas uma característica ou um sintoma do Transtorno Obsessivo Compulsivo. Caso haja suspeita de TOC, é importante investigar a presença de obsessões para identificar os comportamentos de limpeza como compulsões”, explica a psiquiatra Erika Mendonça.
É importante ressaltar que o TOC causa sofrimento e prejuízo significativo na vida da pessoa. Ela deve gastar pelo menos uma hora por dia com as obsessões e compulsões. No caso de um ritual de limpeza, por exemplo, deixa-se de fazer coisas importantes para limpar algo e gasta-se um tempo desproporcional com isso. “O indivíduo pode até ter ferimentos na pele por manusear produtos de limpeza ou pode não querer receber visitas em casa com o medo delas sujarem tudo”, afirma.
Não diagnosticar e tratar o TOC pode agravar a doença
No caso de suspeita de TOC, o paciente deve buscar o quanto antes o diagnóstico para começar o tratamento assim que possível, se realmente a doença for confirmada. “Caso a pessoa não procurar ajuda e tenha de fato TOC, o quadro tende a se agravar. Podem surgir obsessões em outras dimensões (simetria, por exemplo), com grande sofrimento para o indivíduo e aqueles que o cercam”, conclui Erika.
Dra. Erika Mendonça de Morais é psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e atua em São Paulo. CRM-SP: 124933
Foto: Shutterstock