O principal problema das doenças silenciosas é a dificuldade de se estabelecer um diagnóstico e iniciar o tratamento, justamente por conta da ausência de sintomas. Para fazer com que um paciente se empenhe em um tratamento mesmo sem sentir ou perceber que está doente, é importante que o médico use métodos de convencimento eficientes.
Pesquisas e casos trágicos podem estimular paciente a seguir tratamento
Os argumentos mais fortes que os médicos podem usar com seus pacientes são os estudos científicos e os exemplos de outros pacientes que sofreram por não cuidarem da doença silenciosa. “Por meio das pesquisas, conseguimos identificar e mostrar os fatores de risco associados ao surgimento dessas doenças e quais estratégias são capazes de reduzir esse risco”, afirma o cardiologista Francisco Flávio Costa Filho.
O médico usa como exemplo as pesquisas que acompanharam grupos de pessoas sadias durante anos e identificaram, com o passar do tempo, o surgimento de complicações como infartos, AVCs e diabetes, definindo assim que os fatores de risco devem ser evitados e controlados. Todavia, ele diz que, mesmo com as informações científicas, a maioria das pessoas só se mobiliza na busca por hábitos mais saudáveis para tratar a doença quando um parente ou amigo próximo passa pelo problema.
Riscos de não tratar uma doença silenciosa
É até compreensível que os pacientes com doenças silenciosas não vejam sentido em mudar um hábito, como comer doces, fumar ou ser sedentário, já que não sentem nada. Contudo, é aí que mora o perigo. “Essas doenças crônicas, silenciosas, insidiosas (hipertensão, diabetes, dislipidemia), quando se manifestam, já o fazem de forma catastrófica: infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico (derrame/trombose), insuficiência renal dialítica, cegueira ou até mesmo morte súbita”, alerta o cardiologista.
O principal risco para esses pacientes que tem uma doença crônica e silenciosa e não se tratam, na opinião do médico, é o de não se beneficiar do próprio tratamento. “No caso de uma hipertensão, por exemplo, o risco de desenvolver doença cardiovascular em médio ou longo prazo pode ser elevado. Fatalmente o surgimento dessas complicações diminuirá a expectativa de vida dos pacientes rebeldes e, tão ruim quanto, pode piorar muito sua qualidade de vida enquanto adultos”, completa.
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