Por mais que inúmeros estudos já tenham comprovado que a depressão é uma doença que necessita de tratamento médico, muitas pessoas ainda preferem ir contra as evidências científicas, acreditando que o problema não passa de um estado de tristeza temporário. Se você sofre com esse distúrbio, tenha certeza de que isso não condiz com a realidade. A culpa de ter esse transtorno não é sua e um tratamento adequado poderá te ajudar muito. Muito mesmo, pode acreditar!
“Na avaliação inicial é importante esclarecer ao paciente e aos seus familiares quais são as principais causas do quadro. Deixar claro que não se escolhe apresentá-lo e que o mesmo não é sinal de fraqueza diante dos problemas que a vida possa estar proporcionando é essencial”, explica a psiquiatra Luciana Scomparini.
Informação sobre a depressão ajuda no engajamento ao tratamento
Segundo a especialista, o trabalho de psicoeducação em relação ao tema reduz o estigma que a doenças mentais carregam na sociedade e pode reduzir possíveis resistências que você possa ter com o tratamento. “A principal ferramenta para garantir a continuidade do tratamento é garantir o acesso adequado a informação”.
A psiquiatra diz ainda que quando você estabelece um vínculo com o médico, de maneira que ele esclarece todo o plano de tratamento, fica mais fácil segui-lo até o fim. “Isso é importante pois sabemos que o tratamento da depressão pode ser longo e concluí-lo até o fim (fase de manutenção) pode reduzir as chances de uma recaída e/ou recorrência dos sintomas”.
Falta de suporte familiar prejudica tratamento da depressão
O suporte familiar adequado também é vital nesse contexto, pois o afeto e a estabilidade transmitidos, além da sensação de bem-estar consequente, contribuem para que você não se sinta culpado quanto à sua condição e aceite se submeter e dar continuidade ao tratamento. Nas famílias em que a estrutura e o suporte são ausentes, a tendência é que haja maior número de doenças mentais.
“O suporte familiar influencia de forma direta na sua auto-avaliação. Nas famílias em que a depressão é vista como uma fraqueza ou em que há preconceito com relação ao acesso aos serviços de saúde mental e uso de medicação, as chances de abandono ao tratamento poderão ser maiores”.
Dra. Luciana B. Scomparini é médica especialista em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Também possui subespecialização em Psiquiatria da Infância e Adolescência pela mesma instituição. Atualmente atua em consultórios privados em São Paulo e Alphaville e também junto ao Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) na prefeitura da cidade de São Paulo . CRM-SP 147833
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