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Depressão: Um paciente doente sempre apresentará sintomas de tristeza?

Depressão

19 de outubro de 2023

Sempre que se ouve falar em depressão é feita imediatamente uma associação com a tristeza, como se as duas coisas fossem inseparáveis. Faz todo o sentido, já que se trata do principal sintoma da doença, mas, provavelmente para a surpresa de muitos, nem sempre um quadro depressivo se manifesta através da infelicidade.
Além de estar presente na maioria dos casos de depressão, este sentimento, também chamado de anedonia (que nada mais é do que a ausência na capacidade de sentir prazer em situações antes prazerosas), normalmente atinge os pacientes de maneira contínua. Todavia, há quem sinta este pesar de forma menos intensa, sem que aquilo seja um tormento a cada segundo.

Depressão sem sintoma de tristeza não é menos grave


“Na população há muitos casos de depressão sem tristeza. Entre os pacientes que apresentam este sintoma, a tristeza pode ser presente apenas na maior parte dos dias, não sendo necessário um contínuo ininterrupto”, explica o psiquiatra Eduardo Humes. Mesmo assim, este tipo de depressão em que a tristeza é parcial ou inexistente não deve ser considerada menos grave.

“A gravidade da doença é determinada por outros fatores, como a disfunção nas atividades diárias causada pelos sintomas (incapacidade para estudar e trabalhar, por exemplo), psicoses (alucinações ou delírios), complicações clínicas associadas (como alguém que fica tanto tempo deitado sem se mover) ou situações que ponham em risco a vida de outros ou do próprio paciente (tentativas de suicídio)”, comenta Eduardo.

Ausência de tristeza é um problema para o tratamento


A ausência da tristeza como sintoma representa uma menor procura do profissional especializado, já que muitos acreditam que só há depressão com o sentimento. Com isso, não há diagnóstico, nem tratamento, mas sim o contato com médicos de outras áreas. “Muitas vezes um paciente apresenta outras queixas inespecíficas que o levam a procurar outros especialistas, como ortopedistas, por dores nas costas, gastroenterologistas, por alterações da percepção da função gastrointestinal, ou cardiologistas, por queixas de palpitações.”

Dr. Eduardo de Castro Humes é psiquiatra e psicoterapeuta formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. CRM-SP: 108239

Foto: Shutterstock

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