A bronquite e a alergia são doenças respiratórias que podem gerar sintomas em comum, como tosse, falta de ar e chiado no peito. Por esse motivo, é comum que os pacientes não saibam exatamente qual é a causa do problema ao apresentarem alguns desses sintomas. Mas, afinal, existe uma forma de diferenciá-los?
Para nos ajudar a entender essa questão, em detalhes, entrevistamos o médico alergista, imunologista e pneumologista Dr. José Roberto Zimmerman. Confira a seguir e saiba como identificar os sintomas típicos de bronquite.
Casos de bronquite costumam apresentar tosse produtiva, febre, dores no corpo e mal-estar geral
Antes de mais nada, é importante deixar clara a diferença entre bronquite e alergia. Enquanto a bronquite é caracterizada pela inflamação dos brônquios, estruturas que conduzem o ar para os pulmões, a alergia é uma reação do sistema imunológico em pessoas pouco tolerantes a algumas substâncias, como poeiras e ácaros.
Dito isso, existem alguns sintomas que são mais comuns na bronquite, segundo o pneumologista José Roberto. Entre eles, o especialista cita a tosse produtiva (aquela que produz muco) e alguns sintomas típicos das infecções virais: “a cor do muco pode variar, podendo ser clara, amarela ou até esverdeada, dependendo da gravidade e da presença de infecção bacteriana secundária. Além disso, a bronquite está frequentemente acompanhada de febre, calafrios, dores no corpo e mal-estar geral”, explica.
A tosse com catarro não é tão comum na alergia porque, geralmente, reações alérgicas não têm inflamação dos brônquios, e esse é justamente o principal fator responsável pela produção de muco. No entanto, nem toda bronquite vai gerar tosse produtiva; pode ser que a doença gere tosse seca, especialmente se a pessoa sofrer com sintomas de asma.
Nariz escorrendo e congestionado também pode ajudar a diferenciar bronquite de alergia
O Dr. José também argumenta que existem alguns sintomas mais comuns em quadros alérgicos do que em casos de bronquite, como congestão e gotejamento nasal, espirros, lacrimejamento e coceira nos olhos. Além disso, de acordo com o especialista, essas reações costumam ser mais esporádicas e geralmente aparecem após a exposição a substâncias alérgenas, diferentemente da bronquite.
A alergia favorece o desenvolvimento de bronquite alérgica
Um ponto de atenção que pessoas alérgicas devem ter em mente é que a ausência do tratamento adequado é um fator de risco para o desenvolvimento de bronquite. Como garantiu o Dr. José, a razão disso é que as alergias enfraquecem o sistema respiratório, tornado-o mais vulnerável a infecções virais e bacterianas. Por isso, é tão importante tratar as alergias, que inclusive podem gerar outras complicações, como sinusite crônica, otite média e agravamento de quadros asmáticos.
Quando a bronquite é desencadeada por uma reação alérgica, estamos diante de uma bronquite alérgica. O quadro evolui em crises agudas e é acompanhado de rinite e broncoespasmo. Além disso, é frequentemente acompanhada de sibilos e desencadeada pela inalação de irritantes, como poeira.
Se o diagnóstico de bronquite for confirmado, a partir do histórico clínico do paciente e possíveis exames complementares, o tratamento deve ser seguido à risca até que haja plena recuperação das vias respiratórias. Geralmente, o protocolo inclui o uso de corticoides, expectorantes e o repouso é altamente recomendado. Caso contrário, existe o risco de haver complicações, como, por exemplo, a evolução para uma pneumonia.
Em resumo, tanto os sintomas da bronquite quanto os da alergia devem ser tratados e monitorados. Afinal, ainda que a bronquite tenha potencial de causar complicações mais severas, os quadros alérgicos comprometem o bem-estar e deixam a saúde respiratória mais vulnerável a outros problemas.
