A depressão é um assunto sério e descrita como o “mal do século XXI”, o que reforça a ideia de que se trata de uma doença que passou a ganhar mais destaque nos últimos tempos. Mas será que isso significa que o número de casos vem aumentando à medida que as sociedades evoluem?
Número de quadros depressivos aumentou nos últimos anos
Na opinião do psiquiatra Eduardo Humes, o que de fato ocorre é um crescimento no número dos diagnósticos de depressão, e não necessariamente do problema em si. “Em um mundo com menor preconceito com o diagnóstico psiquiátrico e em que o tratamento é cada vez mais estudado, modificando positivamente a vida das pessoas e quadros antes não diagnosticados, o diagnóstico acaba sendo mais frequentemente realizado.”
Por outro lado, o médico também acredita na influência de fatores típicos da era atual em casos depressivos. “Devemos levar em consideração que a depressão é um transtorno multifatorial, sendo que estresse, exposição a substâncias, privação de sono, que são tão comuns na ‘modernidade’, favorecem sim o surgimento de sintomas em pessoas predispostas.”
Antecedentes familiares de depressão podem explicar manifestação da doença
Em função dessas variáveis externas que atuam na mente das pessoas, permitindo o desenvolvimento de sintomas depressivos é que os pais devem desde cedo ficar atentos com seus filhos. “O diagnóstico de depressão em crianças muitas vezes passa pela avaliação adequada do ambiente familiar e das dinâmicas sociais que a criança está envolvida. Isso é ainda mais relevante nos casos de maior risco em desenvolver sintomatologia depressiva, como antecedentes familiares por ambos os progenitores de doença psiquiátrica.”
O aspecto genético, inclusive, é um dos que melhor explicam o surgimento de sintomas depressivos, mas há outros além deste. “Fora os antecedentes familiares de depressão, tem os elementos biológicos (exposição a algumas substâncias, inclusive medicações) e história de vida (como a exposição a ‘situações limite’ precoces), relacionados ao desenvolvimento individual e psicológico. Todos estão associados a um maior risco de depressão.”
Dr. Eduardo de Castro Humes é psiquiatra e psicoterapeuta formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. CRM-SP: 108239
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