Faltam poucos minutos para dormir e deu vontade de beber algumas latinhas de cerveja ou algumas taças de vinho? Talvez seja melhor deixar para o dia seguinte. O consumo de bebidas alcoólicas no fim da noite, mesmo que ajude a dormir, pode gerar consequências ruins para o sono e prejudicar o bom funcionamento do organismo.
Bebidas alcoólicas dividem o sono
“Apesar de induzir o início do sono por meio de um efeito hipnótico, o álcool promove a fragmentação do sono, além do risco real de episódios de pausas respiratórias ao longo da noite”, alerta o psiquiatra Alexandre Pinto de Azevedo. Na primeira parte da noite, o indivíduo dorme profundamente, mas, na segunda, as bebidas alcoólicas provocam a fragmentação do sono.
Outro problema gerado pelo consumo de álcool é que ele impede que o sono relaxe o corpo e reponha suas energias. Se a ingestão se tornar constante, em longo prazo, o indivíduo pode apresentar dificuldades para dormir sem a substância. Como consequência, há redução da qualidade de vida, com prejuízos na capacidade de aprendizagem e de memória.
Combinação álcool com remédios para dormir é perigosa
Quem faz uso regular de medicamentos para dormir, os chamados hipnóticos, também deve evitar o consumo de álcool. Esses remédios atuam da mesma maneira no cérebro que as bebidas alcoólicas, modulando o receptor do neurotransmissor responsável por inibir a atividade cerebral e iniciar o sono. “A combinação simultânea das duas substâncias oferece um potencial sedativo perigoso, com risco de sedação excessiva e até mesmo parada respiratória”, explica o médico.
Qualquer indivíduo, mesmo aquele que não é portador de transtornos do sono, sofrerá com alterações na quantidade e na qualidade reparadora do sono sob efeito da ingestão de álcool. “O recomendado é que, além do consumo moderado e consciente de bebidas alcoólicas, haja, pelo menos, um intervalo de duas a três horas entre a última ingestão e a hora de dormir, ajudando a diminuir o efeito do álcool sobre o sono”, aconselha Dr. Alexandre.
Dr. Alexandre Pinto de Azevedo é psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. CRM-SP: 101604