A puberdade precoce, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), é uma condição caracterizada pelo início das transformações corporais e pela maturação sexual antes do tempo considerado normal. O problema afeta as meninas de forma mais frequente, surgindo antes dos 8 anos. Já nos meninos, começa antes dos 9 anos.
Puberdade precoce ocorre até 23 vezes a mais em meninas
“O quadro é mais frequentemente observado no sexo feminino, ocorrendo de 3 a 23 vezes a mais. Há dois tipos de puberdade precoce: a puberdade precoce central (PPC) e a periférica (PPP). A PPC é a forma é mais frequente em meninas, tendo causa desconhecida em 95% delas, enquanto menos de 50% dos meninos têm causas indeterminadas”, explica a endocrinologista pediátrica Débora Lago.
“A puberdade precoce central é causada pela ativação prematura do eixo hipotálamo-hipofisário-gônadas, iniciando a produção hormonal central precocemente. Já na PPP, ocorre aumento da secreção de estrógeno nas meninas e testosterona nos meninos, sem que haja estímulo do eixo gonadotrófico”, cita a especialista.
Bisfenol A pode causar puberdade precoce
A puberdade precoce pode estar associada ainda a outros fatores, como a exposição a hormônios ou a compostos químicos, como o bisfenol A. Trata-se de uma substância que está frequentemente presente em produtos feito de plástico e que, ao entrar em contato com o organismo das crianças, pode apresentar um alto risco de alteração do sistema endócrino-hormonal. Por esse motivo, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu a importação e a fabricação de mamadeiras com essa substância na composição.
Por outro lado, como já explicado pela Dra. Débora, muitos casos podem não apresentar causas definidas. Por isso, o acompanhamento pediátrico desde os primeiros anos de vida é fundamental para diagnosticar o problema o quanto antes, o que permite que o tratamento seja iniciado rapidamente, facilitando o controle das manifestações clínicas.
Como é feito o tratamento da puberdade precoce?
Segundo a médica, o tratamento pode variar de acordo com a causa e com as manifestações, mas não muda com o sexo. “Na PPC, o tratamento envolve o uso de análogos do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) que suprimem a maturação sexual e esquelética e reduzem a taxa de crescimento”, informa a especialista.
Já na puberdade precoce periférica, o tratamento é dirigido para o tumor ou anormalidade subjacente em vez dos sinais da condição. Caso a causa primária esteja controlada, a progressão dos sinais de desenvolvimento sexual é interrompida e pode até mesmo regredir.
Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP): https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/desenvolvimento/puberdade-precoce/
Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): http://portal.anvisa.gov.br/alimentos/embalagens/bisfenol-a
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