Esquizofrenia
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Vem do nada? A esquizofrenia pode ter alguma causa específica?
Não é conhecido ainda com exatidão o processo que resulta em um quadro de esquizofrenia, mas sabe-se que a doença é fruto de alterações em estruturas cerebrais, com destaque para o papel dos neurotransmissores. Essas alterações são provocadas por diversos fatores, os quais funcionam como “gatilhos” para que a esquizofrenia se manifeste. Influência genética aumenta em até 10 vezes chance de desenvolver esquizofrenia Esses fatores podem ser tanto hereditários, ou seja, passados pelos genes da família, quanto ambientais (influências externas). “Assim como em outros transtornos mentais, fatores genéticos e ambientais parecem desempenhar um papel na etiologia da esquizofrenia”, afirma a psiquiatra Erika Mendonça. Segundo a especialista, pessoas com um familiar de primeiro grau (irmãos ou pais) que tenham o diagnóstico de esquizofrenia possuem uma chance 10 vezes maior de terem o transtorno. “Parece que há uma combinação de vários genes que predispõem a esquizofrenia, sendo apenas alguns conhecidos. É importante ressaltar que são genes associados a doença e não causadores dela”, explica a psiquiatra. Fatores ambientais que aumentam risco de esquizofrenia Alguns fatores ambientais também parecem aumentar as causas de esquizofrenia, mas especificamente nas pessoas predispostas. Seriam eles: uso de cigarro durante a gestação, baixo peso ao nascer e hipóxia (falta de oxigênio) durante o parto. Más condições socioeconômicas também parecem predispor à esquizofrenia, assim como viver em áreas urbanas. “Os mecanismos através dos quais estes fatores ambientais aumentam o risco de esquizofrenia ainda não foram esclarecidos. Mesmo assim, investir em pré-natal adequado, boas condições de parto e melhores condições socioeconômicas são estratégias que diminuem a chance de ocorrência deste transtorno”, conclui Erika. Dra. Erika Mendonça de Morais é psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e atua em São Paulo. CRM-SP: 124933 Foto: Shutterstock
O tratamento para diferentes tipos de esquizofrenia é o mesmo?
O tratamento para a esquizofrenia, geralmente, mantém o mesmo padrão. Todos os tipos da doença exigem o uso de remédios, psicoterapia e interação social. O que pode variar mais são os medicamentos, já que cada pessoa pode reagir de forma diferente ao mesmo produto receitado. Remédios para esquizofrenia apresentam efeitos variados “O tratamento da esquizofrenia consiste em medicação (antipsicóticos, principalmente), psicoterapia e atividades de inserção e reabilitação social. Não existe grandes variações entre o tratamento para os tipos de esquizofrenia, o que acontece é que muitas vezes, um paciente responde bem a uma medicação e outro não”, afirma o psiquiatra Alexandre Proença. Além disso, há variações de foco e efeitos entre os medicamentos destinados ao tratamento da esquizofrenia. “Existem medicações que possuem maior efeito na melhora de sintomas positivos (ex: alucinações e delírio) e outras com maior efeito nos sintomas negativos (ex: déficit cognitivo, afeto embotado), por exemplo”. Sintomas da esquizofrenia Quando se fala em esquizofrenia, logo se pensa nos sintomas principais, que são os delírios, alucinações e isolamento social, mas é importante ter em mente que a doença não se resume a esses sinais. Existem diversas outras manifestações, as quais são distribuídas pelos variados tipos da doença. Um paciente com esquizofrenia pode apresentar ainda: desordem dos pensamentos, redução do afeto e da fala, dificuldade para manter o foco e memorizar coisas, funcionamento intelectual baixo, comportamento socialmente inadequado, modo estranho de falar e se posicionar/movimentar, dentre outros. Dr. Alexandre Proença é psiquiatra, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) atende em Niterói e São Gonçalo (RJ). CRM-RJ: 52905674 – Site oficial Foto: Shutterstock
É possível demonstrar sinais de esquizofrenia já na infância?
A esquizofrenia é um distúrbio grave e incapacitante por toda a vida que raramente ocorre antes da adolescência e acima dos 50 anos, por mais que desde cedo estes já tenham propensão a desenvolvê-lo. Contudo, em casos raros o transtorno pode já se manifestar em crianças. De acordo com o psiquiatra Miguel Boarati, apenas 1% dos casos da doença ocorre abaixo dos 13 anos de idade – saiba quais são os quatro tipos de esquizofrenia. Sintomas iniciais da esquizofrenia também podem ser de outras doenças Ainda conforme o médico, essa porcentagem é apenas um pouco maior nos adolescentes entre 13 e 17 anos. Como os pequenos não tem maturidade e autonomia suficientes para identificar sintomas e procurar ajuda, é essencial que os pais estejam atentos ao aparecimento de comportamentos suspeitos. Afinal, só assim poderá haver um diagnóstico precoce e, consequentemente, um tratamento com chances de sucesso. Alguns sintomas mais brandos e iniciais podem já dar indícios do desenvolvimento da doença. Falta de inclinação para interação social é um exemplo. Todavia, não dá para associá-lo imediatamente à esquizofrenia, pois este sinal também se relaciona a outras doenças. “Sintomas prodrômicos, ou seja, que ocorrem antes da doença se desenvolver, não podem ser considerados como exclusivos da esquizofrenia, pois também estão ligados à deficiência intelectual e autismo”. Autismo já foi confundido com a esquizofrenia Inclusive, o autismo por vezes é confundido com esquizofrenia, conforme explica Miguel. “O termo autismo foi primeiramente utilizado para designar a esquizofrenia em estágio inicial na infância, mas hoje é utilizado apenas para os quadros de esquizofrenia mesmo. Demorou alguns anos de estudos para ocorrer a diferenciação clínica entre quadros de autismo de baixo funcionamento e esquizofrenia”. Diante de mudanças de comportamento como vivências alucinatórias (ouvir vozes e ver vultos), medos infundados, pensamentos delirantes, isolamento social e embotamento afetivo, é fundamental que a criança seja levada para avaliação médica. “Além do investimento financeiro e emocional, é importante que pais, professores, familiares e a sociedade como um todo busquem informações que reduzam o estigma e o preconceito”. Foto: Shutterstock
Quem tem esquizofrenia pode ter uma vida normal?
Realizar consultas periódicas com um médico é fundamental para a descoberta de uma doença ainda em estágios iniciais. O diagnóstico precoce dá mais tempo ao paciente para compreender sua condição e aumenta as chances de controle dos sintomas para manter a qualidade de vida e, quando possível, de obter uma cura. Com a esquizofrenia, não é diferente. Esquizofrenia causa alucinações e delírios Pessoas com esquizofrenia também devem procurar atendimento o mais rápido possível. “Os pacientes devem ser diagnosticados o quanto antes. A doença reduz o afeto, a cognição e a realização de atividades de uma maneira global”, alerta o psiquiatra Jorge Henna. Se o diagnóstico for feito em tempo hábil, o médico afirma que é possível preservar o humor e o afeto e impedir os sintomas mais graves do problema. Pacientes com esquizofrenia têm dificuldade de diferenciar a imaginação da realidade. Sofrem com alucinações e delírios, chegando a acreditar que estão sendo perseguidos e que alguém deseja prejudicá-los. Desorganização do pensamento e mudanças relacionadas ao comportamento motor, como posturas e movimentos diferentes, também fazem parte da doença. Diagnóstico precoce aumenta a qualidade de vida De acordo com o profissional, boa parte dos pacientes esquizofrênicos poderá apresentar resíduos e alguns dos sintomas da doença, mas o diagnóstico precoce possibilita reduzir a interferência da doença no dia a dia a níveis baixíssimos, quase nulos. Os principais desafios a serem enfrentados ao longo do tratamento dizem respeito ao convívio com outras pessoas. “Conseguimos, em um esforço multidisciplinar, devolver muito do cotidiano ao paciente, mas o estigma e preconceito ainda são muito grandes”, explica Henna Neto. O tratamento da esquizofrenia envolve várias medidas. Medicamentos e terapias ocupacionais, com o objetivo de melhorar o convívio social e com o auxílio de psiquiatras, psicólogos e outros profissionais ligados à área, ajudam o paciente a ter mais qualidade de vida. É preciso que a família se informe sobre a doença e dê todo o apoio necessário.
A esquizofrenia fica mais grave com o passar do tempo?
A esquizofrenia é uma doença crônica capaz de deixar o paciente isolado, provocar pensamento desorganizado e dificuldade para falar. É imprescindível que pessoas com o distúrbio realizem tratamento para manter os sintomas sob controle. “A esquizofrenia tende a ficar mais grave com o passar do tempo. Este agravamento é mais intenso se o paciente não faz o tratamento corretamente”, afirma a psiquiatra Luciana Staut. Sem tratamento, esquizofrenia piora a cada crise Cada surto provocado pela doença leva a uma piora dos sintomas e à necessidade de doses maiores da medicação para obter o controle da patologia. O tratamento adequado tende a diminuir o risco de outras crises, reduzindo também o risco da esquizofrenia se agravar com o tempo e do desenvolvimento de outros transtornos psiquiátricos, como fobias e depressão. A esquizofrenia tem início geralmente a partir do fim da adolescência, entre os 20 e 30 anos de idade. “É caracterizada, principalmente, pelo que chamamos de sintomas psicóticos, como alucinações visuais e auditivas, sensação de ser constantemente perseguido ou ameaçado por outras pessoas”, explica a profissional. A falta de cuidados pessoais também é um sintoma bastante comum. Como casos graves de esquizofrenia são tratados O tratamento da esquizofrenia é dividido entre o tratamento farmacológico e não farmacológico. Os medicamentos mais utilizados são os antipsicóticos que atuam para reduzir os sintomas da doença. O uso da medicação é necessária em todos os casos para evitar a progressão do transtorno, independentemente da gravidade do quadro. “Nos casos graves, pode ser necessária a associação de mais de uma medicação antipsicótica, o ajuste da dose ou até mesmo a substituição em casos em que a resposta da medicação não é adequada”, diz Luciana. Já o tratamento não farmacológico consiste em atividades terapêuticas, como psicoterapia, ocupacionais, físicas e participação em grupos terapêuticos. Dra. Luciana Cristina Gulelmo Staut é psiquiatra, formada pela Universidade Federal de Mato Grosso, membro da Sociedade Brasileira de Psiquiatria e atende em Cuiabá (MT). CRM-MT: 6734 Foto: Shutterstock
Pacientes com esquizofrenia controlada podem curtir as férias normalmente?
A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica que provoca alterações de comportamento, delírios e alucinações, como sensação de perseguição e ouvir vozes. A modernização dos tratamentos permitiu o controle dos sintomas do transtorno e deu aos pacientes a possibilidade de ter uma boa qualidade de vida. Hoje, uma pessoa esquizofrênica consegue viver normalmente e pode até mesmo aproveitar as férias em família, desde que com certos cuidados. Férias não são motivo para interromper o tratamento da esquizofrenia “A principal cautela é não interromper o uso dos medicamentos. Caso durante as férias o paciente pare de tomar a medicação, corre o sério risco de ter crises, o que pode acabar com a diversão não apenas dele, mas de toda a família, ou até mesmo levar a transtornos maiores e mais graves, como algum tipo de acidente”, afirma a psiquiatra Luciana Staut. Durante as férias, é comum o paciente se desligar da rotina e acabar esquecendo de tomar o remédio. Nesses casos, que tal pedir ajuda aos familiares e usar a função de despertador do celular? “Se for medicação que toma pela manhã, coloque despertador e tome o remédio, mesmo que volte a dormir. Caso haja uma alteração importante, pode haver risco de crises”, alerta a especialista. Paciente com esquizofrenia não deve consumir bebidas alcoólicas nem durante as férias Fazer uma programação com antecedência é necessário para não ficar sem a medicação no período em que estiver viajando. Além disso, as férias devem ser aproveitadas para estreitar os laços com a família e os amigos e, claro, para cuidar da saúde, se alimentando bem e praticando exercícios, e para reduzir o estresse, a ansiedade e outros fatores da rotina que são estressores e que podem precipitar crises da doença. Outro cuidado que deve ser tomado durante as férias é evitar o consumo de bebidas alcoólicas, que traz graves consequências para o paciente. “O álcool não é indicado em nenhuma quantidade por pessoas esquizofrênicas. Sintomas delirantes, como pensamentos de perseguição, desconfiança e até mesmo o ciúme patológico, podem piorar na associação entre a doença e o álcool”, destaca o psiquiatra Alexandre Proença. Dra. Luciana Cristina Gulelmo Staut é psiquiatra, formada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e atende em Cuiabá (MT). CRM-MT: 6734 Dr. Alexandre Proença é psiquiatra, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) atende em Niterói e São Gonçalo (RJ). CRM-RJ: 52905674 – www.alexandreproenca.com.br Foto: Shutterstock