Ansiedade
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Explorando a Alexitimia: Entendendo a Dificuldade de Expressar Emoções
A alexitimia representa uma condição intrigante e complexa no campo da psicologia e neurobiologia, caracterizada pela dificuldade ou incapacidade de identificar e verbalizar emoções. O termo, derivado do grego, significa literalmente “sem palavras para as emoções”. Desde sua concepção nos anos 70, o conceito tem evoluído significativamente, especialmente com as contribuições das neurociências, que ampliaram o entendimento sobre suas causas, manifestações e possíveis abordagens terapêuticas. Origem e Desenvolvimento do Conceito O conceito de alexitimia foi introduzido por Peter Sifneos em 1972, em um contexto de estudos sobre doenças psicossomáticas. Inicialmente, acreditava-se que a condição estava intimamente ligada a distúrbios físicos, onde o sofrimento psicológico desempenhava um papel crucial no desencadeamento de doenças. Sifneos descreveu pacientes com uma vida emocional visivelmente empobrecida, sem capacidade de nomear ou descrever suas emoções adequadamente. Esse entendimento formou a base para identificar a alexitimia como um traço de personalidade ou um estilo cognitivo específico, caracterizado por um pensamento mais concreto e operatório. Etiologia: Fatores Biopsicossociais A etiologia da alexitimia envolve uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Sifneos propôs inicialmente dois tipos distintos de alexitimia: a primária e a secundária. A alexitimia primária está frequentemente associada a causas biológicas, como anomalias neuroanatômicas ou disfunções neurobiológicas que impedem a integração entre os hemisférios cerebrais e o sistema límbico. Estudos indicam que ela pode estar presente desde o nascimento ou desenvolver-se em função de determinados traços de personalidade. Já a alexitimia secundária seria uma resposta a experiências de vida traumáticas, que ocorrem durante períodos críticos do desenvolvimento humano. Estas experiências podem incluir: Traumas na infância, incluindo separação materna, negligência ou abuso. Transtornos de stress pós-traumático causados por eventos perturbadores na idade adulta. Fatores socioculturais, onde estilos de vida ou condições sociais impactam a capacidade de desenvolver a expressão emocional. Neurobiologia da Alexitimia Estudos neurobiológicos evidenciam que a alexitimia pode resultar de uma disfunção no processamento emocional cerebral. O hemisfério direito, responsável por processar informações emocionais e não-verbais, e o hemisfério esquerdo, que processa informações verbais e reflete funções lógicas, podem perder integração, resultando na dificuldade de modulação afetiva. Lesões em estruturas corticais pré-frontais, especialmente no córtex cingulado anterior, também contribuem para prejuízos nos componentes emocionais da expressão afetiva. Descobertas por meio de neuroimagem têm aprofundado o entendimento sobre as diferenças entre tipos de alexitimia, como a Tipo I (afetiva) e Tipo II (cognitiva), onde cada tipo reflete comprometimentos diferentes diante do processamento emocional. Impactos da Alexitimia nas Relações Interpessoais A alexitimia finda por impactar profunda e negativamente as relações interpessoais, dado que indivíduos afetados não conseguem identificar ou expressar adequadamente suas emoções e as dos outros. Esse déficit é sentido intensamente em contextos sociais e amorosos, levando a dificuldades de conexão emocional autêntica e frequentemente ao isolamento social. Relatos indicam a incapacidade de expressar satisfações emocionais devido à interpretação limitada dos próprios sentimentos. As relações amorosas são particularmente desafiadoras, onde a alexitimia pode levar a incompreensão e rompimento, por falta de empatia e comunicação emocional eficaz. Abordagens Terapêuticas O tratamento da alexitimia muitas vezes requer abordagens especializadas. A psicoterapia em grupo, especialmente em grupos heterogêneos com indivíduos alexitímicos e não-alexitímicos, pode incentivar a troca de experiências e promover uma melhor compreensão emocional. Atividades expressivas, como o teatro, também são recomendadas para ajudar a integrar emoções a vivências cognitivas. Apesar da natureza desafiadora do tratamento, há recursos que podem ser aplicados para ajudar as pessoas a desenvolverem uma melhor percepção emocional e habilidades de comunicação afetiva, melhorando assim seu bem-estar e suas relações. Considerações Finais A alexitimia, enquanto um desafio psicológico e neurológico, oferece um campo de estudo rico para entender as conexões entre emoções e sua expressão linguística e social. Compreender suas causas e manifestações continua a exigir exploração e pesquisa multidisciplinar. Ensinar e apoiar aqueles que vivem com alexitimia é essencial para seu desenvolvimento pessoal e interpessoal, além de vital para melhoras na qualidade de vida dessas pessoas.
O que é o transtorno de ansiedade? Psicólogo tira suas dúvidas!
Todo mundo já ficou nervoso ou ansioso pelo menos uma vez na vida. Seja antes de falar em público, de uma entrevista, de um evento importante. Aquele frio na barriga e suor excessivo podem aparecer como uma reação normal do seu organismo diante de uma ameaça. Mas como diferenciar esses momentos pontuais de uma real crise de ansiedade, que pode se tornar frequente e inclusive começar a atrapalhar sua própria vida? Consultamos um psiquiatra para tirar todas as dúvidas sobre a doença. Transtorno de ansiedade generalizada é o tipo mais comum O transtorno de ansiedade se caracteriza pela preocupação desproporcional de pessoas que antecipam problemas que não acontecem, têm pensamentos obsessivos, medos e dificuldades. “Essas pessoas podem ter tendência a taquicardias, dores de estômago, diarreias, insônias e dores no corpo como alguns dos sintomas do transtorno”, define o psiquiatra Gustavo Cahú. O transtorno de ansiedade generalizada é o tipo mais comum, existindo também as fobias (ter muito medo de algo específico) e o pânico, que é o transtorno de ansiedade com crises específicas. “A ansiedade é natural no ser humano, pois está ligada ao reflexo de proteção de fugado medo, mas o transtorno de ansiedade está ligado a medos subjetivos”, explica Gustavo. Algumas pessoas podem ter mais tendência a desencadear o transtorno de ansiedade e um dos fatores principais é a genética. Cafeína e drogas podem estimular uma crise de ansiedade Uma vez que a pessoa demonstra ter o transtorno, alguns fatores podem estimular uma crise, como cafeína, álcool, drogas estimulantes e drogas psicoativas, como a maconha. “As pessoas buscam o uso dessas drogas porque sentem uma melhora logo após, mas elas dão efeito rebote, ou seja, depois os sintomas vão acabar voltando”, diz o psiquiatra. Esses sintomas de uma crise de ansiedade podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns são pensamentos e medos, suor excessivo, coração acelerado ou aperto no peito, dores de barriga, estômago e dificuldade de respiração. Depois da crise pode ser comum tensões musculares e cansaço. O transtorno de ansiedade pode aparecer combinado com outras doenças como depressão ou síndrome do pânico, mas também pode exacerbar problemas de pele, doenças reumáticas, autoimunes, herpes e lúpus, por exemplo. “Ainda não é possível falar na cura, pois é algo humano. Com a terapia, o paciente aprende a lidar com isso e controlar melhor o que pode estar causando essas crises”, completa Gustavo. Mas em casos frequentes é preciso usar a medicação, que nem sempre são antidepressivos. Para crises pontuais é indicado o ansiolítico, mas nunca com tratamento a longo prazo. Gustavo Cahú é psiquiatra. CRM-RJ: 5273633-3
Pessoas com depressão, ansiedade e TOC podem sofrer mais durante a quarentena
No atual período de isolamento social, causado pela pandemia do novo coronavírus e da COVID-19, não é de se espantar que a saúde mental das pessoas fique mais vulnerável. O confinamento e a falta de liberdade e de contato com amigos e familiares podem aumentar os níveis de estresse, ansiedade e irritabilidade, situação mais complicada para quem já tem histórico de transtorno psiquiátrico, como depressão, distúrbios de ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A incerteza quanto ao futuro ─ especialmente sobre até quando durará a quarentena e sobre os riscos gerados por este microrganismo recém-descoberto ─, pode piorar os sintomas desses pacientes. Por isso, é preciso reforçar, ainda mais, os cuidados com a saúde e seguir à risca o tratamento. Cuidados a serem adotados por indivíduos com depressão na quarentena Para os pacientes com depressão, especificamente, é possível que o isolamento piore o humor, potencializando manifestações como prostração, tristeza e falta de vontade de realizar até mesmo as atividades mais prazerosas. Conforme mostram dados da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, o transtorno em questão também pode prejudicar a autoestima, causar indecisão e atrapalhar o raciocínio e a concentração. Para tentar evitar ou minimizar tais manifestações, é fundamental continuar com as medidas propostas pelos profissionais de saúde para o tratamento, como o uso de medicações (quando necessário e sob orientação de um psiquiatra). Os pacientes que fazem terapia podem conversar com o profissional, mesmo que a distância, para manter as consultas remotamente, por meio do celular, tablet ou computador. Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da depressão é, essencialmente, medicamentoso, tendo em vista as evidências de alterações químicas no cérebro do paciente deprimido. Ademais, psicoterapia é ferramenta de grande valia no processo terapêutico, já que pode facilitar o entendimento do transtorno depressivo e auxiliar na resolução de conflitos, de forma a manejar o estresse do dia-a-dia. Impacto do isolamento em pacientes com ansiedade Além da depressão, a situação imposta pela quarentena também pode complicar a vida de quem sofre com alguns dos transtornos de ansiedade, aumentando o risco de ter crises de pânico. Entre os fatores de risco para esses episódios, podem ser citados o adoecimento ou a morte de um amigo ou familiar devido à COVID-19 e momentos de muito estresse. Segundo a psiquiatra Juliana Diniz, durante as crises, os pacientes podem apresentar taquicardia, aumento da sudorese, calafrio, tremores, sensação de falta de ar, dor ou aperto no peito, medo de enlouquecer ou, até mesmo, medo de morrer. Vertigem, palpitações e ondas de calor e de frio também podem estar presentes. A manutenção do tratamento adequado, mesmo à distância, também é vital para o controle do quadro e para a prevenção de suas complicações. Segundo o Ministério da Saúde, os transtornos de ansiedade, quando não tratados, podem comprometer de maneira considerável a vida do paciente, que pode por exemplo começar a evitar fazer tudo aquilo que possa ser um gatilho para eventuais crises, incluindo atividades simples e corriqueiras (como entrar em um elevador, no caso de indivíduos com manifestações ansiosas relacionadas a essa forma de transporte). Tal situação de evitação pode ser exacerbada pelas condições impostas pela pandemia do novo coronavírus. É importante ressaltar que os sintomas sentidos pelo indivíduo diagnosticado com transtorno de ansiedade podem surgir sem necessariamente haver um motivo e são muito mais intensos do que os da ansiedade comum, que todos sentem em algum momento da vida. TOC em tempos de coronavírus De acordo com a American Psychiatric Association, o TOC é um transtorno no qual o paciente apresenta pensamentos, ideias e sensações recorrentes e não desejados, denominados obsessões. Essas obsessões fazem com que o indivíduo reaja com ações repetitivas, que são as compulsões, em geral realizadas para aliviar o desconforto comumente associados às obsessões. É muito frequente ansiedade estar associada aos quadros de TOC. Uma das possíveis manifestações do TOC inclui obsessões de contaminação (pensamentos ou ideias de que se está contaminado) e compulsões de limpeza (comportamentos repetitivos, que podem incluir a limpeza das mãos e a higienização de um modo geral). Tais sintomas interferem significativamente no dia a dia, prejudicando as atividades acadêmicas, laborais e as interações sociais. Os pacientes com TOC podem sofrer bastante com a necessidade excessiva de higiene. Em situações como a atual, em que a luta contra o novo coronavírus tem a lavagem das mãos como uma das principais medidas de prevenção, os pacientes que já tinham essa compulsão pela limpeza tendem a exercê-la ainda mais, o que pode resultar em piora do seu estado mental e maior dificuldade no controle do transtorno. É interessante destacar que a compulsão é uma forma que o paciente encontra de aliviar mentalmente a pressão causada pelas obsessões. “Nos casos de TOC por limpeza e arrumação, podemos entender que o objetivo do paciente é tentar manter o ambiente da maneira com que ele está habituado para se sentir seguro. Outra possibilidade seria para evitar doenças, mas também para manter o raciocínio organizado por meio da organização do ambiente”, explica a psiquiatra Lee Fu-I. Práticas e cuidados para controlar os sintomas de transtornos mentais dentro de casa Em todos esses casos, é muito importante que os pacientes, além das medidas de tratamento já mencionadas, adotem cuidados diários capazes de ajudar no controle dos sintomas, como a prática regular de exercícios físicos. Também é válido preencher o tempo com outras atividades prazerosas e estimulantes, se hidratar, se alimentar de forma saudável e buscar ter sempre um sono de qualidade, que seja restaurador. Para conseguir tudo isso, deve-se ter uma rotina bem definida e equilibrada, com horários adequados para cada ação do dia. Sendo assim, é importante não acordar tarde (algo não tão simples estando em quarentena) para poder aproveitar a maior parte do dia ativamente. Outra medida importante é estar em contato constante com os entes queridos, seja por mensagem ou por chamada de vídeo. Manter a socialização, ainda mais com familiares e amigos, é essencial para auxiliar no controle de todos esses transtornos mentais. Referências Bibliográficas: Dados do Ministério da Saúde: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/76depressao.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html Dados da American Psychiatric Association: https://www.psychiatry.org/patients-families/ocd/what-is-obsessive-compulsive-disorder
Depressão, ansiedade e quadros dolorosos em tempos de quarentena
No atual período de quarentena causado pela pandemia do novo coronavírus e da COVID-19, indivíduos com transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade, podem encontrar maior dificuldade para manter seu tratamento devido ao isolamento social. Dor crônica está frequentemente associada a comorbidades como ansiedade e depressão. Quando há quadros dolorosos associados aos transtornos mentais citados, pode ocorrer piora da qualidade de vida, e tal piora pode se intensificar com o isolamento. Por mais que as dores físicas não estejam inclusas nos critérios que contemplam os sintomas principais da depressão ou da ansiedade, muitos pacientes relatam esse desconforto. De fato, pode haver relação entre tais transtornos mentais e dor física, apesar de os mecanismos responsáveis por essa associação não estarem ainda completamente elucidados. Além disso, depressão e ansiedade podem intensificar a percepção de dores já sentidas antes e causadas por outros problemas de saúde. “A dor não está entre os critérios de diagnóstico da depressão, isto é, não é um sintoma do transtorno. Entretanto, sabe-se que pessoas com depressão têm maior sensibilidade à dor e que pessoas com quadros de dor crônica têm mais chances de desenvolver depressão. Logo, existe, de fato, uma correlação entre dor e depressão”, afirma a psiquiatra Erika Mendonça. A Dra. Ana Cláudia Ducati, também psiquiatra, ressalta essa associação entre depressão e dor: “A dor que se associa à depressão é aquela que surge quando um indivíduo deprimido tem piora de um quadro doloroso já existente. O fato de estar deprimido também pode fazer com que ele acabe percebendo a dor de maneira mais intensa”, explica a médica. Depressão pode estar associada a quadros de dor crônica Um dos tipos de dor que pode estar associada a casos de depressão e ansiedade é a dor neuropática. Considerada crônica, esta dor específica resulta de uma lesão no sistema nervoso, que pode ser provocada por diversas condições, como infecções (por exemplo, herpes), diabetes, alcoolismo e traumas. Possíveis sintomas de dor neuropática incluem queimação, agulhadas, formigamento e choque. A dor neuropática também pode provocar hipersensibilidade a estímulos não dolorosos, o que resulta, por exemplo, em sensação dolorida por estímulos simples e cotidianos, como o contato da pele com a roupa ou outros objetos. É possível que a dor neuropática seja contínua ou intermitente, assim como leve, moderada ou intensa, o que depende do grau de acometimento dos nervos envolvidos. O indivíduo pode, inclusive, sofrer com o incômodo em diferentes regiões (braços, pernas, tronco). O tratamento da dor neuropática varia de acordo com a gravidade do quadro, dentre outros fatores. É possível utilizar uma série de medicamentos, como anticonvulsivantes, antidepressivos e opioides, dependendo do caso e conforme recomendação médica. Reabilitação e tratamento psicológico são de grande valia nesses quadros. Alguns casos específicos podem precisar de intervenções cirúrgicas. Práticas simples para ajudar no tratamento Além disso, o paciente pode se beneficiar muito de outras práticas, que atuam como adjuvantes no controle de sintomas, incluindo dores físicas. Como exemplo, pode ser citada a prática de atividades físicas. As opções ficam mais restritas estando dentro de casa, mas é possível, de acordo com o condicionamento físico individual, realizar abdominais, flexões e agachamentos, por exemplo. É válido ainda apostar nos exercícios físicos que trabalham a respiração, como o yoga. A meditação, que também tem foco na respiração, é outra prática que pode ajudar a amenizar sintomas depressivos e de ansiedade. Realizar atividades prazerosas, como hobbies, e se conectar com entes queridos, seja em casa ou por ligações de vídeo, também são atitudes importantes para os pacientes porque ajudam a amenizar os desconfortos provocados por condições que afetam a saúde mental. A alimentação é outro ponto importante no tratamento desses distúrbios psiquiátricos. O ideal é, especialmente em quadros de ansiedade, evitar ingerir café, chá preto, refrigerantes, chocolate e bebidas energéticas. O consumo excessivo de bebida alcoólica e o tabagismo também são desaconselhados de forma geral, incluindo para pessoas com transtornos de ansiedade e depressão. Referências: Neuropathic pain: mechanisms and their clinical implications | Steven P Cohen, Jianren Mao | 2014 | http://accurateclinic.com/wp-content/uploads/2016/04/Neuropathic-pain-mechanisms-and-their-clinical-implications-2014.pdf Neuropathic Pain: A Maladaptive Response of the Nervous System to Damage | Michael Costigan, Joachim Scholz, and Clifford J. Woolf | Annual Review of Neuroscience | Julho de 2009 | https://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev.neuro.051508.135531 GORMSEN, Lise et al. Depression, anxiety, health‐related quality of life and pain in patients with chronic fibromyalgia and neuropathic pain. European Journal of Pain, v. 14, n. 2, p. 127. e1-127. e8, 2010.
Quais fatores contribuem para deflagrar as crises em indivíduos infectados com o vírus do herpes?
Por mais que muitas pessoas possuam o vírus do herpes no organismo, a maioria não manifesta sintomas. O vírus fica em estado latente, ou seja, “adormecido”. Aqueles que manifestam sintomas, por sua vez, alternam momentos assintomáticos com períodos marcados pelas lesões características do quadro, que são as crises. Alguns fatores facilitam a ocorrência dessas crises. Fatores de risco para crises de herpes “Os principais fatores que contribuem para deflagrar as crises de herpes são: febre, exposição solar, cirurgia, radiação UV, imunodepressão, senilidade, gravidez, neoplasias malignas, corticoterapia e ansiedade”, informa a dermatologista Juliana Fonte. Sabendo disso, portanto, os pacientes que manifestam sintomas do herpes têm mais ferramentas para controlar as crises. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 99% da população adulta, aproximadamente, já teve contato com o herpes, ainda na infância ou adolescência, e já se tornou imune ao vírus. As pessoas com o vírus consideradas assintomáticas podem apresentam sintomas uma única vez na vida ou, de fato, nunca sofrerem com os incômodos provocados pelo herpes. Prevenção e tratamento Para evitar o contágio do herpes, é crucial que os pacientes, especialmente os sintomáticos, evitem contato direto com outras pessoas. Evitar compartilhar objetos de uso pessoal, no geral, é uma medida muito importante nesse sentido. Segundo a SBP, um simples contato das mãos com as vesículas (pequenas “bolhas” avermelhadas) pode transmitir o vírus para outras áreas do corpo e para parceiros. O tratamento para controle das crises do herpes consiste no uso de medicação específica, especialmente aquelas ricas em lisina. Estudos apontam que esse aminoácido reduz as infecções de repetição causadas pelo vírus do herpes simples. A lisina também pode ser obtida por meio da alimentação, então é interessante aliar as duas formas de obtenção da lisina. Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD): https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/herpes/68/ Referência: 107. Pedrazini MC, Cury PR, Araujo VC, Wassall T. Effect of lysine on the incidence and duration of recurrent cold sore lesions. RGO Rev Gaucha Odontol. 2007;55:7-10. Portuguese. Foto: Shutterstock
Como identificar se você tem TOC?
O transtorno obsessivo-compulsivo é considerado um distúrbio psiquiátrico e se caracteriza por ideias e imagens capazes de tornar um pensamento fixo na mente e de atormentar uma pessoa. Em algumas situações, o diagnóstico do problema é complicado: há casos mais brandos e fáceis de lidar, mas também há quem tenha dificuldade de se relacionar e de trabalhar por causa do transtorno. O primeiro passo para identificar o TOC é distingui-lo das manias, como explica o psiquiatra Marcelo Calcagno Reinhardt: “A chamada ‘mania’ tende a não trazer prejuízo, é relativamente leve e pouco frequente. Muitas vezes, tem a ver mais com um sistema definido de organização. Já quem tem TOC costuma ter as compulsões, que causam prejuízo significativo e que ocorrem com frequência.” Compulsões que causam prejuízo As atitudes de uma pessoa com TOC podem ser acompanhadas de sentimentos, como o medo, culpa e ansiedade. Dois exemplos são verificar frequentemente se o celular está no bolso ou se o cadarço do calçado está bem amarrado. Checar se a porta de casa ou do carro foi trancada é aceitável por uma ou duas vezes. Se o número extrapolar e você ainda se sentir inseguro e em dúvida, é aconselhável procurar um psiquiatra. A auto-observação é importante e serve como alerta para o diagnóstico do distúrbio. “Pensamentos obsessivos, que ficam ‘martelando’ repetidamente, e que a pessoa percebe serem exagerados, podem indicar o TOC. São involuntários, indesejáveis, invadem a consciência, levam à ansiedade e forçam a pessoa às compulsões como forma de alívio”, alerta Reinhardt. Impulsos e imagens também podem incomodar gravemente pessoas com TOC. Ao contrário de atitudes como contagem e repetição, não são coisas visíveis, já que ficam na mente. Amigos e familiares podem não perceber, a não ser que o problema seja revelado. Se os ritos e manias fazem o paciente se sentir mal e trazem consequências negativas, o transtorno pode ser uma realidade em sua vida. Marcelo Calcagno Reinhardt é psiquiatra, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atua em Florianópolis. CRM-SC: 10573