Cuidar da saúde mental deve ser uma prioridade na rotina de cuidados de qualquer pessoa. Afinal, além dos impactos que ela pode causar, transtornos psicológicos e psiquiátricos também podem representar riscos à vida. Um dos sintomas mais perigosos são os pensamentos suicidas, que precisam ser abordados para que sejam identificados e combatidos da forma mais precoce possível.
Nesse Setembro Amarelo – mês da prevenção ao suicídio, conversamos com a psiquiatra de infância e adolescência Jaqueline Bifano sobre esse assunto tão importante. A profissional deu dicas de como conseguir ajudar uma pessoa que está passando por esse problema, além de pedir ajuda se isso vem acontecendo com você. Saiba mais abaixo.
O que é Setembro Amarelo? Saiba mais sobre essa campanha
O Setembro Amarelo é um campanha de prevenção ao suicídio que surgiu em 2013 em uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Ministério da Saúde. O dia 10 de setembro é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha dura o mês inteiro.
A iniciativa busca conscientizar a população sobre prevenção do suicídio. Infelizmente, segundo dados divulgados pelo portal Setembro Amarelo, estima-se que ocorram 38 suicídios por dia no Brasil. Por meio de conteúdos multimídia e ações de conscientização, o objetivo da campanha é orientar as pessoas a buscar ajuda, além de tratamento psicológico e psiquiátrico. Hoje em dia, o Setembro Amarelo já é fomentado para discutir outras doenças e transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade e transtornos de personalidade.
Pensamentos suicidas: como identificá-los em uma pessoa próxima?
Se você conhece alguma pessoa próxima que esteja passando por um momento difícil ou que possua transtornos, como depressão, a prevenção ao suicídio pode ser um assunto presente na sua lista de cuidados, principalmente se a pessoa não está em um processo terapêutico, seja ele psicológico ou psiquiátrico. Segundo Jaqueline, alguns sinais podem te ajudar a identificar se seu familiar, colega ou amigo está ou não em risco de uma tentativa. Alguns comportamentos que podem indicar que alguém está tendo pensamentos suicidas incluem:
- – Isolamento social;
- – expressões de desesperança;
- – falar sobre morte ou suicídio;
- – dar indicações de que não tem motivo para viver;
- – arranjar assuntos pendentes;
- – aumentar o uso de álcool ou drogas;
- – expressar sentimentos extremos de culpa ou vergonha;
- – se despedir de amigos e familiares.
Ao identificar algum desses sinais em alguém próximo a você, é importante ficar alerta!
Tristeza e estresse x episódios depressivos: saiba diferenciá-los
Outra dúvida relevante é se você ou alguma pessoa do seu convívio está realmente passando por um episódio depressivo com pensamentos suicidas ou se é apenas uma situação de tristeza profunda ou estresse, já que muitas vezes as manifestações podem ser semelhantes.
A Dra. Jaqueline explica como diferenciar as duas situações. “Embora tristeza e estresse sejam emoções comuns e normais, pensamentos suicidas são caracterizados por um desejo persistente de morrer, um sentimento de desesperança profunda e uma crença de que a morte é a única solução para o sofrimento”, coloca a médica. “Quando alguém está passando por um momento difícil, pode sentir tristeza ou estresse, mas geralmente não tem um plano concreto de tirar a própria vida”, apontou.
Transtornos mentais e histórico familiar são fatores de risco
Alguns grupos de pessoas possuem maior tendência a pensamentos suicidas, conforme explica a psiquiatra. “Pessoas com transtornos mentais, histórico familiar de suicídio, experiências traumáticas, abuso de substâncias, isolamento social, desemprego, bullying, entre outros, estão mais suscetíveis a isso”, comenta. Porém, Jaqueline reforça que isso não é uma regra. “É importante notar que os pensamentos suicidas podem afetar qualquer pessoa, independentemente de seu histórico”.
Como devo agir com um familiar ou amigo que está tendo pensamentos suicidas?
Muitas pessoas que convivem com alguém que precisa de ajuda se sentem impotentes, sem saber como agir nessa situação. Por mais que seja uma questão delicada e que exige atendimento especializado, é possível oferecer ajuda de outras maneiras.
“Familiares e amigos desempenham um papel crucial na identificação e prevenção dos pensamentos suicidas”, incentiva Jaqueline. “Eles devem estar atentos a mudanças de comportamento, expressões de desesperança e sinais de isolamento. Manter uma linha aberta de comunicação, oferecer apoio emocional, incentivar a busca de ajuda profissional e não minimizar os sentimentos do indivíduo são maneiras importantes de ajudar”, diz a psiquiatra.
Cuidados com a saúde mental
Os cuidados com a saúde mental não se resumem apenas a tratamento, pois também envolvem a prevenção. É possível adotar medidas para evitar esse tipo de ideação, como explica Jaqueline Bifano. “A prevenção do suicídio envolve abordagens multidisciplinares e principalmente acompanhamento psiquiátrico e terapia. É necessário que a pessoa tenha apoio emocional, tratamento psicoterapêutico e o uso de medicamentos quando apropriado”, comenta.
Além disso, é preciso encarar a prevenção do suicídio sem tabus e preconceito. “A redução do estigma em torno da saúde mental, intervenções de crise, educação pública e acesso a recursos de suporte são importantes. A detecção precoce de fatores de risco e a busca de ajuda são fundamentais na prevenção”, alerta a psiquiatra.
Você está tendo pensamentos suicidas? Saiba como pedir ajuda
Caso você esteja passando por um momento difícil, existem diversas formas de encarar o problema e pedir ajuda emergencial em crises. “Há diversos recursos profissionais disponíveis, como psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e linhas de prevenção do suicídio, como o Centro de Valorização da Vida (CVV) no Brasil”, recomenda Jaqueline. “Além disso, serviços de saúde mental nas redes públicas e privadas podem oferecer tratamento adequado. É importante ressaltar que é fundamental buscar ajuda profissional imediatamente”, finaliza.
Se você está tendo pensamentos suicidas e precisa de ajuda, entre em contato com o CVV por chat ou ligação através do 188. O atendimento está disponível 24h e é totalmente gratuito. Procure atendimento médico especializado urgentemente e divida com alguma pessoa próxima o que está passando. Sua vida é importante!