O HIV, vírus da imunodeficiência humana, quando não é tratado de forma adequada, compromete progressivamente o sistema imunológico e deixa o organismo vulnerável a diversas doenças, incluindo aquelas caracterizadas por sintomas na pele. Por isso, é tão comum que pessoas infectadas pelo vírus tenham problemas dermatológicos.
Para entender quais são os mais comuns, em que estágio da doença eles costumam aparecer e como os pacientes podem manejar o problema, entrevistamos a médica dermatologista Piera Coelho.
Leia a seguir.
Sintomas de HIV podem se manifestar como erupções cutâneas, herpes, manchas vermelhas e roxas
Com a queda na quantidade de células de defesa, os sintomas de HIV na pele tendem a aparecer. Entre os mais comuns, a Dra. Piera Coelho cita erupções cutâneas (rash cutâneo), manchas vermelhas e roxas (petéquias e equimoses), infecções fúngicas, verrugas e herpes.
Além desses, outros problemas comumente associados ao vírus são dermatite seborreica, psoríase e herpes zóster. No entanto, é importante destacar que essas manifestações não afetam apenas pacientes com HIV e podem ocorrer devido a outras condições de saúde.
Os sintomas de HIV na pele podem surgir em qualquer estágio da infecção, desde o inicial, até o mais avançado, segundo a dermatologista. No entanto, ela pondera que “o aparecimento de infecções cutâneas graves, como o sarcoma de Kaposi ou infecções recorrentes e persistentes podem indicar uma progressão para a AIDS”. A saber, o sarcoma de Kaposi relacionado ao HIV é um tipo de câncer agressivo que geralmente causa lesões em formato de nódulos azuis ou roxos.
Rash na pele é um dos principais sintomas de HIV na pele
Conhecido como rash cutâneo, o quadro clínico do HIV em que há erupções na pele está amplamente relatado na literatura médica como um dos principais sintomas dermatológicos. Com formas arredondadas, menores que 1 cm, avermelhadas e relativamente inchadas, as lesões costumam aparecer entre 2 a 4 semanas após o paciente ter sido contaminado pelo vírus e duram, em média, de 5 a 8 dias.
É importante mencionar que essas manchas vermelhas são parecidas com a de outros problemas dermatológicos, podendo ser difícil identificar um quadro de rash cutâneo somente com a avaliação clínica. Por isso, o protocolo para identificar a causa exata do problema é fazendo a sorologia ou testes de PCR-HIV.
O tratamento antirretroviral pode deixar a pele mais sensível, sendo necessário ter cuidados especiais
Embora bem menos agressivas do que as reações cutâneas que costumam ocorrer durante a fase aguda do HIV, pode haver reações inflamatórias durante o tratamento antirretroviral. Isso porque a pele fica mais sensível durante o uso dos medicamentos, podendo haver, por exemplo, hipersensibilidade à luz e escurecimento da pele. Esse processo é chamado de foto dermatite e naturalmente, não aparece exclusivamente em pessoas que fazem esse tratamento.
A boa notícia é que mantendo os cuidados dermatológicos adequados, é possível controlar essa hipersensibilidade da pele durante o tratamento do HIV. De acordo com a Dra. Piera, “é essencial manter uma boa higiene da pele, usar protetor solar facial e corporal regularmente, não se expor muito tempo ao sol e evitar produtos irritantes”.
Vale destacar que a tendência é que o sistema imunológico se fortaleça com o tratamento e o organismo fique menos suscetível às infecções de modo geral. E que a longo prazo, a carga viral pode se tornar tão baixa a ponto de ser considerada indetectável, apesar do fato que o HIV não tem cura. Dessa forma, os pacientes podem experimentar a remissão dos sintomas do HIV (não só na pele, como no corpo todo) e usufruir de mais qualidade de vida.




