A esquizofrenia é uma doença mental que se manifesta principalmente por meio dos sintomas psicóticos, que se dividem em dois tipos: os chamados sintomas positivos, como delírios e alucinações; e os negativos, como dificuldades na fala e para demonstrar emoções. Existem, no entanto, alguns casos em que outros tipos de sintomas aparecem, dificultando o diagnóstico da doença e causando confusão para os pacientes e familiares.
Esquizofrenia e depressão têm alguns sintomas em comum
Sintomas depressivos, que envolvem tristeza, sensação de culpa, baixa autoestima, falta de esperança e até ideias suicidas podem ser confundidos com os sintomas negativos da esquizofrenia, o que pode levar o paciente e sua família a acreditarem que se trata de um caso de depressão, principalmente na fase inicial da doença.
“Sintomas depressivos são comuns no início de um episódio psicótico de esquizofrenia. Entre 40 e 50% dos pacientes em episódio psicótico apresentam sintomas depressivos em comorbidade. Isso é um fator importante de confusão diagnóstica”, afirma o psiquiatra Giovani Missio. Outro fator de confusão são os sintomas psicóticos durante um episódio depressivo, que podem distorcer o diagnóstico para um quadro de esquizofrenia. Pacientes gravemente deprimidos podem apresentar pensamento delirante, especialmente de ruína e até alucinações.
Conjunto de sintomas ajuda a diferenciar esquizofrenia da depressão
Cabe ao médico psiquiatra a tarefa de analisar o quadro e fazer o diagnóstico. “O diagnóstico em saúde mental deve sempre considerar o conjunto de sintomas do quadro e jamais fazer diagnóstico por um sintoma apenas. No entanto, alguns pontos chave devem ser considerados. Na depressão, apesar da apatia, o afeto geralmente é preservado, enquanto na esquizofrenia é notável o embotamento ou achatamento emocional das vivências”, diz Missio.
Além disso, na depressão, o conteúdo do pensamento ou do delírio geralmente tem a ver com o humor. O paciente pode ter delírios de que é criticado pelas pessoas ou ouvir vozes com críticas depreciativas. Já na esquizofrenia, o conteúdo do pensamento delirante não tem relação e pode ser incompreensível. Por exemplo, o paciente pode dizer estar sendo perseguido sem saber explicar o motivo. Outro ponto importante é que, diferentemente da depressão, a esquizofrenia costuma evoluir com sintomas negativos.
Dr. Giovani Missio é psiquiatra, graduado pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria e atua em São Paulo. CRM-SP: 127682
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