Apesar de pesquisas evidenciarem que os fatores genéticos possuem grande influência no desenvolvimento da depressão em uma pessoa, eventos externos também podem contribuir para a manifestação da doença. Uma mudança de brusca na rotina, que gera dificuldade de adaptação, por exemplo, pode contribuir para o desenvolvimento deste quadro.
Foi o que aconteceu com Carmen Silvia M.A.M., de 50 anos, moradora de Brasília. Há 8 anos ela, que é carioca, e sua família se mudaram para o Distrito Federal, o que foi um baque e tanto para a artesã. “Não conseguia me adaptar à cidade, com isso acabei ficando cada vez mais deprimida pois não tinha meus familiares, amigos ou qualquer atividade social. Meus filhos iam para a escola, o marido ao trabalho e eu acabava me isolando em casa”, conta.
Relutância em buscar ajuda profissional é normal, mas não pode ser prolongada
O estranhamento ao novo ambiente fez com que os sintomas depressivos aos poucos começassem a aparecer e a tristeza invadiu Carmen de tal modo que ela não conseguia fazer mais nada. “Tudo tomava uma dimensão enorme”, diz a artesã. Como se trata de uma doença estigmatizada, os primeiros indícios da depressão foram reprimidos e houve uma certa relutância para procurar a ajuda de um psiquiatra.
Essa negação inicial é, infelizmente, bastante comum, mas não deve ser prolongada, já que a recuperação é menos custosa quando o tratamento é iniciado nos primeiros estágios da doença. “Deve-se mostrar ao indivíduo que ele está diferente há algum tempo e que conversar com algum profissional pode colaborar para entender o problema”, recomenda a psiquiatra Elaine Henna.
Suporte da família e terapia são grandes aliados no tratamento
Com o suporte da família, Carmen não demorou muito para começar a se tratar e hoje leva uma vida normal. “Me sinto forte para fazer o que me deixava paralisada. Sou uma pessoa muito melhor e cada dia mais capaz. Comecei a costurar por terapia e hoje consigo trabalhar com artesã”, diz.
Ela também destaca o bom relacionamento que leva com seu médico, o que tem sido fundamental para o sucesso do tratamento. “Meu médico me trata há 6 anos e tenho total confiança nele. Falamos sobre medicação e qualquer reação que possa haver. Considero nossa relação muito boa e respeitosa”, conclui.
Dra. Elaine Aparecida Dacol Henna é psiquiatra formada pela Universidade de Mogi das Cruzes e atua em Sorocaba (SP). CRM-SP: 66403
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