O rapaz mal chegou à idade adulta e já percebe entradas nas testas, fios caindo na escova e soltos no travesseiro, ao acordar. Até que ponto essa queda de cabelo é normal ou precoce demais? A alopecia androgenética – popularmente conhecida como calvície – está relacionada aos hormônios androgenéticos, que começam a ser produzidos na puberdade. Quando ligar o sinal de alerta e procurar tratamento médico?
Segundo a Dra Andrea Bauer Bannach, gerente médica da divisão de Dermatologia do Aché Laboratórios, não há uma idade exata que determine quando a queda se apresenta precoce. “O ciclo de crescimento capilar é muito demorado e a quantidade de fios é muito grande. Por isso, a doença leva vários anos para se tornar aparente. Não conseguimos definir um número exato em anos, para determinar essa precocidade”, esclarece. Mas, segundo a dermatologista, é importante observar e procurar acompanhamento médico se a queda ocorrer de maneira mais acentuada na juventude. “Se há forte influência genética, o início tende a acontecer muito cedo. Não há uma idade certa, é uma característica de cada família. Mas, em casos de diagnóstico ainda na puberdade, pode-se observar um início precoce. Há na literatura médica evidências de que esses casos poderiam estar mais relacionados a outras situações, como resistência à insulina, obesidade, doenças cardiovasculares e história familiar desses problemas”, alerta Dra Andrea.
A médica ressalta ainda que alguns outros tipos de queda capilar podem acometer jovens homens e mulheres, como a alopecia areata, a tricotilomania e a tinea capitis. Por isso, o diagnóstico é tão importante. “A alopecia areata é uma doença autoimune, em que um processo inflamatório causa a queda de fios em áreas arredondadas, enquanto a Tricotilomania é uma doença psiquiátrica em que a própria pessoa arranca os fios e a Tinea Capitis é uma infecção por fungo, que gera prurido e perda de fios. Cada uma dessas causas tem um tipo de tratamento diferenciado”, diz.
No caso da alopecia androgenética, a mais comum entre os homens, a hereditariedade e os hormônios são relevantes. “Os hormônios androgênicos afetam a produção de sebo do couro cabeludo, causando excesso de oleosidade, que pode estar relacionado à dermatite seborreica e piorar a queda. O estilo de vida também pode influenciar o desenvolvimento e progressão de algumas doenças”, explica a dermatologista.
Segundo Dra Andrea, se confirmado o diagnóstico de alopecia androgenética de início precoce, a maioria dos profissionais opta por iniciar tratamentos semelhantes ao usados em casos de início tardio. “Dependendo da idade do paciente, pode ser necessário fazer tratamentos off label – quando o uso do medicamento é diferente do preconizado em bula –, pois não há, no Brasil, medicamentos aprovados para calvície em menores de 18 anos. É importante o acompanhamento de um especialista. Em todos os casos, o tratamento é crônico, para o resto da vida. Podem ser empregados medicamentos tópicos (como o Minoxidil e alfa estradiol), orais (como finasterida) e tratamentos injetáveis ou com luzes, feitos em consultório. Casos mais graves podem requerer transplante capilar, que pode ser realizado em qualquer indivíduo com mais de 18 anos”, explica Dra Andrea.
A dermatologista finaliza ressaltando a importância de hábitos saudáveis para impedir a agravação de um quadro mais grave. “No caso da alopecia androgenética, pouca coisa pode ser feita para parar a queda, justamente por conta da herança genética. Mas manter um estilo de vida saudável evita outras situações que podem agravar o quadro ou gerar uma queda de cabelo por outros motivos. É importante manter uma alimentação saudável, por exemplo, para evitar falta de nutrientes essenciais, e manter uma boa higiene do couro cabeludo para evitar infecção por fungo”, completa.