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Pressão alta: especialista ensina como controlar e viver bem com ela

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22 de maio de 2025

A pressão alta afeta um em cada três adultos em todo o mundo, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2023 indicam que cerca de 27,9% da população adulta convive com ela.  

 

A condição representa um sério risco à saúde do coração, podendo causar derrames, ataques cardíacos, insuficiência cardíaca e danos renais. Para tratar sobre o tema, e em alusão ao Dia Mundial da Hipertensão — 17 de maio — o cardiologista Sérgio L. Polydoro explica as características da pressão alta, seus fatores de risco e, principalmente, oferece um guia prático e curto sobre como controlar a condição e viver bem com ela. Confira a seguir!

Pressão alta: conheça características e fatores de risco

Para início de conversa, Polydoro esclarece que a hipertensão é caracterizada pelo envelhecimento precoce dos vasos sanguíneos e seu estreitamento ou obstrução, dificultando ou impedindo que as células recebam o oxigênio, a glicose e todos os outros elementos essenciais para continuarem vivas. Os principais fatores de risco para a doença são:

 

Idade: o risco de ter hipertensão aumenta com o envelhecimento

 

Histórico familiar: ter pais ou outros parentes próximos com hipertensão eleva a probabilidade

 

Obesidade ou sobrepeso: o excesso de peso exige mais esforço do coração para bombear o sangue

 

Dieta rica em sal (sódio): o consumo elevado de sal retém líquidos, aumentando a pressão arterial

 

Sedentarismo: a falta de atividade física contribui para o aumento do peso e dificulta a saúde cardiovascular

 

Consumo excessivo de álcool: beber em abundância pode elevar a pressão arterial

 

Tabagismo: fumar danifica os vasos sanguíneos e aumenta a pressão arterial

 

Estresse: níveis elevados de estresse podem contribuir para o aumento da pressão arterial

 

Certas condições médicas: diabetes, doença renal crônica e apneia do sono podem aumentar o risco de hipertensão

Sintomas da pressão alta

Não à toa, a pressão alta é conhecida como uma doença silenciosa e é daí que vem a maior preocupação das entidades de saúde: não há um indicador específico de que uma pessoa está ficando hipertensa. 

 

Segundo o cardiologista, na maioria dos casos, a dor de cabeça e as tonturas presentes em pacientes com pressão arterial um pouco elevada — medidas em consultório ou pronto-socorro de 150 a 160 mmHg por 90 a 100 mmHg, os populares 15 a 16 por 9 a 10 — são causas da elevação pontual da pressão, e não sua consequência. Da mesma forma, qualquer outro tipo de desconforto significativo estimula, naquele momento, a elevação dos valores da pressão arterial.

Como prevenir a pressão alta

Polydoro explica que, após o tratamento dos sintomas no pronto-socorro ou UPA, os valores da pressão arterial decaem naturalmente aos níveis comuns para aquela pessoa. “Então, a melhor forma de fazer um diagnóstico precoce é medindo a pressão arterial de tempos em tempos por um profissional qualificado com um equipamento calibrado ou por equipamentos automáticos de boa qualidade”, diz.

 

Se você não é diagnosticado com pressão alta, medir a pressão três a quatro vezes ao ano costuma ser o suficiente. 

 

Faça isso em repouso e fora de uma situação de estresse emocional, como dor, angústia e desejo de urinar, após permanecer parado por pelo menos 3 minutos. “E, para reforçar a alcunha de ‘assassina silenciosa’ da hipertensão, a grande maioria dos diagnósticos acaba sendo feita em pessoas sem nenhum sintoma, em medições casuais. Portanto, apesar de estar sendo repetitivo, reforço que a melhor forma de se fazer o diagnóstico é aferindo (medindo) a pressão arterial algumas vezes ao ano, mesmo sem sintomas”, alerta o médico.

Hábitos poderosos no controle da pressão arterial

Para Polydoro, os hábitos são poderosos aliados tanto na prevenção quanto no controle da hipertensão. “Além da alimentação saudável, atividade física regular, evitar o tabagismo e usar a medicação, quando indicada, de forma correta, e diminuir o estresse do cotidiano são sempre muito bem-vindas”. 

 

Alimentação saudável: priorize frutas, vegetais, grãos integrais e laticínios com baixo teor de gordura. Reduza o consumo de sal (sódio), gorduras saturadas e colesterol

 

Atividade física regular: pratique exercícios aeróbicos de intensidade moderada por pelo menos 150 minutos por semana ou 75 minutos de intensidade vigorosa 

 

Peso saudável: mantenha os níveis de gordura corporal na faixa considerada saudável

 

Não fumar: abandone o tabagismo, pois fumar eleva a pressão arterial e aumenta o risco de doenças cardiovasculares

 

Moderação no álcool: limite o consumo de álcool, seguindo as recomendações de ingestão moderada

 

Gerenciamento do estresse: adote técnicas de relaxamento como meditação, yoga ou hobbies para reduzir o estresse

 

Sono de qualidade: durma de 7h a 9h por noite para regular os hormônios relacionados à pressão arterial

 

Monitoramento da pressão arterial: faça medições regulares da pressão arterial em casa e siga as orientações médicas

 

Medicação (se necessário): siga rigorosamente a prescrição médica de medicamentos para pressão alta

 

Consultas médicas regulares: mantenha consultas de acompanhamento com seu médico para monitorar a pressão arterial e ajustar o tratamento, se necessário

 

“A ansiedade e a depressão são outros vilões que, quando tratados, seja por meditações, psicoterapia, o próprio exercício físico ou outros meios adequados especificamente a cada indivíduo, também geram melhora da qualidade de vida e melhores resultados do tratamento”, completa o cardiologista.

Quando a medicação é necessária?

O especialista reforça que a dieta, a atividade física regular e a eliminação ou redução expressiva do consumo de tabaco e álcool deveriam ser sempre o início do combate à hipertensão, pois pode haver normalização em estágios iniciais. “Entretanto, no mundo real, essa mudança dos hábitos de vida é muito difícil (chamamos de MEV – mudança no estilo de vida)”, diz.

 

Portanto, quando o paciente fizer o “seu melhor”, explica, e a pressão arterial ainda estiver igual ou superior a 140/90, deve-se iniciar a utilização de medicação anti-hipertensiva. Outra situação acontece quando o médico observa, em sua consulta, a presença de “lesões de órgãos alvo” compatíveis com as decorrentes da doença hipertensiva. Neste caso, o uso inicial de medicação, receitada ou administrada pelo médico, é indispensável.

Como amenizar ou evitar efeitos colaterais

Quando a medicação é necessária, o desconforto costuma ser pela necessidade da lembrança de tomá-la regularmente ou por efeitos colaterais que podem ocorrer. O cardiologista conta que esses efeitos colaterais, costumam ser de 2 tipos: 

 

1 Efeitos colaterais decorrentes do uso conjunto de várias medicações: neste caso, o médico deverá readequar os horários para o paciente. 

 

2 Efeitos colaterais próprios da medicação: a troca de um medicamento específico por outra classe pode ser a solução

É possível ter qualidade de vida convivendo com a pressão alta?

Segundo Polydoro, a qualidade de vida não é piorada pelo tratamento da hipertensão arterial, e mais: o efeito pode ser contrário. “Uma adequação alimentar, a atividade física regular e abandono do tabagismo, mesmo que essas ações sejam realizadas parcialmente, levam a uma melhora da qualidade de vida, do sono, do hálito, do peso, da autoestima, da disposição no dia-a-dia e até da atividade sexual”, afirma.

 

Portanto, para o médico, não existe nenhuma grande perda associada ao tratamento da pressão alta. “A redução da qualidade de vida e as limitações vão existir, sim, para aqueles que, seja por desconhecimento de serem hipertensos, seja por recusarem o tratamento adequado, acabam por evoluir para as nefastas consequências (infarto, derrame cerebral, etc) de uma doença cujo tratamento costuma ser simples e eficaz”.

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