Inúmeras pesquisas científicas já comprovaram que o consumo do tabaco está associado ao surgimento de inúmeras doenças. Infarto, derrame cerebral e cânceres de pulmão, boca, fígado, estômago e pâncreas são apenas algumas. No entanto, a ação negativa do cigarro também gera efeitos no cérebro dos fumantes.
A atuação da nicotina no corpo
O cigarro é capaz de provocar surtos de ansiedade, tanto pelo consumo da nicotina, quanto por sua ausência. “Quando o tabagista fica sem fumar, a falta de nicotina leva à ansiedade crescente. O fumante perde a tranquilidade, fica agitado e nervoso e não consegue se concentrar em mais nada”, explica o psiquiatra Roni Broder Cohen.
De acordo com o psiquiatra, a nicotina é uma substância que é rapidamente eliminada pelo corpo, o que torna frequentes as crises de ansiedade, que se repetem ao longo do dia. Para evitá-las, o fumante mantém o maço de cigarro sempre por perto, porque sabe que os sintomas são crescentes e podem se tornar insuportáveis. O cérebro aprende, então, que ansiedade e nicotina estão extremamente ligadas.
A interrupção do consumo de cigarros leva o paciente a um quadro de abstinência. “Os primeiros dias são os piores. Além da ansiedade, as manifestações incluem irritação, tremores, sudorese fria nas mãos, fome compulsiva, alterações no sono, dificuldade extrema de concentração e alternância entre apatia e agressividade”, explica Cohen.
Para se livrar do cigarro
O vício pode ser eliminado por meio do tratamento psiquiátrico, que irá variar de acordo com o grau de dependência e da disposição do paciente. Segundo o psiquiatra, tabagistas com uso intenso, mas fortemente motivados podem ser mais fáceis de tratar do que outros com pouco uso, porém desmotivados.
“O tratamento consiste em reduzir ou minimizar os efeitos da retirada da nicotina, principalmente ansiedade e depressão”, afirma o psiquiatra. Alguns medicamentos utilizados buscam aumentar os níveis de dopamina no corpo, um neurotransmissor que dá a sensação de prazer, imitando a atuação da nicotina. Outros pacientes podem se beneficiar da terapia cognitivo-comportamental e do consumo de doses baixas de ansiolíticos, substâncias que diminuem a ansiedade.