As doenças mentais foram, durante muito tempo, estigmatizadas e vítimas da falta de conhecimento da população em geral. A esquizofrenia é uma delas. Ela é caracterizada pela dificuldade de percepção do que é real e do que é apenas parte da imaginação. O indivíduo pode se tornar indiferente ao ambiente ao redor e ainda acreditar em fatos irreais.
Pacientes com esquizofrenia não são perigosos
Um dos problemas que envolvem a esquizofrenia é a crença de que os pacientes representam uma ameaça à vida de amigos e familiares. “O paciente em um quadro psicótico, não apenas o esquizofrênico, pode colocar outros em risco sim, mas costuma ser muito mais vítima do que autor de violência”, esclarece o psiquiatra Eduardo Aratangy.
De acordo com ele, a falta de conhecimento e o preconceito são os responsáveis por essa percepção pública. “Durante as crises, especialmente naquelas em que o paciente se sente perseguido, pode haver comportamento agressivo, mas na maior parte das vezes, o esquizofrênico não oferece risco aos outros”, afirma Aratangy.
É possível viver bem
Uma pessoa que sofre com a esquizofrenia requer tratamento médico, frequentemente, por toda a vida. Entretanto, o psiquiatra diz que é possível ter uma vida produtiva e feliz: “Com as novas medicações e terapias disponíveis, o paciente pode desenvolver autonomia e cuidar bem da própria vida.” Existem algumas limitações, mas aqueles que recebem cuidados da família e tratamento adequado conseguem ter uma vida independente e de boa qualidade.
As causas para o surgimento da esquizofrenia ainda não foram totalmente esclarecidas, mas acredita-se que haja fatores neurológicos e ambientais envolvidos. “Na esquizofrenia existe um transtorno do neurodesenvolvimento, que acarreta sintomas alucinatórios e delirantes, prejuízos cognitivos e afetivos e desorganização do pensamento e dos atos”, explica o psiquiatra. Ainda segundo Aratangy, os sintomas são duradouros e, às vezes, progressivos.
Eduardo Wagner Aratangy é psiquiatra formado pela USP e atua em São Paulo. CRM-SP: 116020