A endometriose é uma doença crônica e inflamatória caracterizada pelo crescimento de endométrio (tecido que reveste o interior do útero) e/ou estroma (tecido de sustentação de um órgão) para fora da cavidade uterina.
Visto que o grau de crescimento destes tecidos pode variar entre as mulheres, alguns parâmetros precisam ser analisados para que o estágio de desenvolvimento da doença possa ser classificado, sendo eles:
-Tamanho, profundidade e localização dos focos de endometriose;
-Gravidade das aderências (tecido de cicatrização que se forma em resposta ao processo inflamatório).
A análise destes parâmetros permite ao médico responsável pelo acompanhamento preencher um questionário proposto pela Sociedade Americana de Fertilidade. Este questionário, com base nas respostas assinaladas pelo médico, irá estabelecer uma pontuação final que pode variar de 1 a 114, sendo que a classificação da endometriose será determinada a partir desta pontuação. Desta forma, os diferentes estágios da endometriose são:
-Estágio I (Mínima): Pontuação de 1 a 5. Normalmente caracterizado pela presença de focos isolados de endometriose e ausência de aderências;
-Estágio II (Leve): Pontuação de 6 a 15. Normalmente caracterizado pela presença de focos superficiais e menores do que 5 cm e ausência de aderências;
-Estágio III (Moderada): Pontuação de 16 a 40. Normalmente caracterizado pela presença de múltiplos focos de endometriose, além de aderências próximas aos ovários e tubas uterinas;
-Estágio IV (Grave ou Severa): Pontuação acima de 40. Normalmente caracterizado pela presença de múltiplos focos superficiais e profundos de endometriose, além de aderências densas e firmes.
Vale ressaltar que a endometriose superficial é caracterizada por focos endometriais com profundidade inferior a 5 mm, enquanto que a endometriose profunda é caracterizada por focos endometriais com profundidade igual ou superior a 5 mm.
Uma vez que a endometriose possui diferentes estágios de desenvolvimento, o tratamento também é variado. Casos mais leves, por exemplo, podem responder apenas ao tratamento medicamentoso para controle da dor e progressão da doença. Já os casos moderados e graves podem necessitar de procedimentos cirúrgicos que vão desde a retirada dos focos de endometriose até a retirada do útero e dos ovários, dependendo da complexidade. Sendo assim, é importante frisar que o tipo de tratamento a ser escolhido dependerá da idade da mulher, da gravidade da doença e dos sintomas apresentados e do interesse da mulher em tentar engravidar futuramente.
Referências:
- Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Manual de Endometriose [Internet]. [acesso 22 fev 2018]. Disponível em: http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/13162/material/Manual%20Endometriose%202015.pdf
- Calais GSP, Rêgo FM, Lima SO. Endometriose. Saúde & Economia [Internet]. 2014 dez [acesso 12 abr 2018];VI(11):1-4. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33884/412285/Boletim+Sa%C3%BAde+e+Economia+n%C2%BA+11/de6e4348-4793-477a-8371-357fa6b3f0f1
- Ministério da Saúde (BR). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Endometriose [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde (BR); 31 mar 2010 [acesso 12 abr 2018]. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-endometriose-retificado-livro-2010.pdf
- American Society for Reproductive Medicine. Revised American Society for Reproductive Medicine classification of endometriosis: 1996. Fertility and Sterility [Internet]. 1997 mai [acesso 12 abr 2018];67(5):817-21. Disponível em: http://www.fertstert.org/article/S0015-0282(97)81391-X/pdf
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- Sociedade Brasileira para Estudo da Dor. Endometriose [Internet]. São Paulo: SBED; [acesso 13 abr 2018]. Disponível em: http://www.sbed.org.br/lermais_materias.php?cd_materias=491