Sabe aquela leve dor de cabeça ou a fraqueza que acontece repentinamente? Elas podem ser sintomas de acidente vascular cerebral (AVC). É importante saber que, em todo mundo, o AVC representa um dos problemas mais sérios de saúde. A cada ano, 17 milhões de pessoas sofrem com a doença. E de acordo com informações dadas pelo Ministério da Saúde, cerca de 100 mil pessoas morrem no Brasil, por ano, em consequência da doença.
Para ficar ciente sobre os riscos do AVC, o diretor-científico da Academia Brasileira de Neurologia, Rubens José Gagliardi, explica as principais causas, como identificar e quais as melhores formas de prevenção.
O que é o AVC?
O Acidente vascular cerebral pode ser definido como o surgimento de um déficit neurológico súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central. A doença pode ser classificada em dois tipos: isquêmico e hemorrágico.
ISQUÊMICO – É o tipo mais comum e representa 80% dos casos. Acontece quando um coágulo bloqueia a artéria que leva o sangue para o cérebro.
HEMORRÁGICO – É o tipo mais grave. Acontece quando um vaso sanguíneo arrebenta, ocasionando derrame, ou seja, hemorragia no cérebro.
Principais sintomas
O AVC surge quando a circulação do sangue não ocorre de forma adequada. É uma manifestação aguda ou rapidamente evolutiva, podendo comprometer a motricidade, a fala, a visão, o equilíbrio, a deglutição e as capacidades intelectuais.
Aumento de jovens com AVC
Embora afete grande parte da população acima de 55 anos, o número de jovens com AVC teve um aumento significativo, e isso se deve a diversos fatores, entre os principais estão: o estresse devido à rotina diária, o que leva a se alimentar de forma inadequada e a falta de prática de exercícios físicos, e o envolvimento com drogas ilícitas. Além disso, existe uma sobrevida de doenças congênitas que podem facilitar o AVC.
Orientação médica
É importante ressaltar que apenas os sintomas não dão certeza sobre o diagnóstico. Por isso, a pessoa ou o familiar deve procurar um atendimento rápido quando estiver indisposta. O mais indicado é buscar uma consulta com um neurologista. Em casos com urgência, a pessoa ou o familiar deve procurar a emergência mais próxima.
Como a família pode agir
Após um AVC, o paciente deve ser cuidadosamente acompanhado pelo neurologista, com medicações específicas para cada caso. Se houver sequelas, deve ser tratado conjuntamente em um setor de reabilitação. O apoio da família é fundamental neste processo, principalmente para incentivar o paciente durante o tratamento. A casa de repouso também pode ser um local adequado para o processo de reabilitação por consistir em atividades que possam ajudar no equilíbrio cerebral.
Evite o AVC
– Mantenha hábitos alimentares saudáveis
– Realize atividade física regularmente
– Não fume
– Cuide da saúde cardíaca
HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO
FISIOTERAPIA FEZ BEM PARA TATIANA
Um barulho forte no ouvido e o ataque de vômito fizeram a publicitária Tatiana Guigues “correr” para o hospital. Inicialmente, ela imaginou que fosse um ataque de labirintite, mas depois do diagnóstico descobriu que estava sofrendo um AVC isquêmico. “Não tive reação negativa, mas curiosidade para saber porque estava acontecendo comigo já que não uso drogas nem tomava pílula anticoncepcional”, conta ela, que, na época, tinha 37 anos.
Durante os primeiros dias, Tatiana sentiu-se fraca ao subir os degraus da escada de casa. Outro fator preocupante era a sensação de que não conseguiria segurar os talheres na mão. “Nada disso aconteceu, mas eu tinha insegurança. Para curar o AVC, meu tratamento foi todo à base de fisioterapia para fortalecer a musculatura, e terapia ocupacional para que pudesse ajudar na coordenação motora”, lembra.
Recuperada, Tatiana ainda passou por uma cirurgia no coração para seguir uma vida normal. “Não operei por causa do AVC, mas para fechar uma passagem no meu coração do lado esquerdo para o direito que estava aberta desde criança. Assim diminuiria o risco de ter um AVC novamente”.
Cinco anos depois, Tatiana leva uma vida tranquila e não esconde a felicidade de poder contar sua história. “Eu passei a sair mais rápido de situações que acreditava serem menos produtivas e aprendi também a ser mais organizada”, revela, animada.
ESTRESSE FOI UMA DAS CAUSAS DO AVC DE SANDRA
Sandra Regina Campos demonstra o quanto está feliz por estar se curando de um AVC hemorrágico. Em fevereiro de 2012, após acordar para mais um dia de trabalho, a escrevente técnica sentiu uma fraqueza repentina enquanto despedia-se do marido. A solução imediata foi buscar uma consulta médica. “Lembro que me puseram na maca quando cheguei ao hospital e acordei 5 dias depois completamente irreconhecível. O médico conversou comigo e disse que eu estava com AVC hemorrágico. A minha reação inicial foi de choro”, lembra a moradora de Guarulhos.
Sandra sabia que a doença chegou em razão da saúde instável. “Por causa da pressão do dia a dia, não me cuidava direito. Tinha uma vida estressada e queria resolver tudo com antecedência”, conta. Para a recuperação, Sandra precisou tomar remédios e se dedicou a sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, já que a doença afetou parte da coordenação motora e da fala. “Ainda faço fisioterapia e acupuntura. Lembro que um dos momentos mais marcantes foi quando raspei a cabeça para o tratamento. Eu não operei, mas por conta do efeito colateral dos remédios era necessário ficar careca. Se fiquei mal por isso, que nada! Até peruca eu usei”, brinca.
Por conta do AVC, Sandra tomou uma nova postura e, hoje, se considera uma mulher mais feliz e realizada. “Vivo da melhor forma possível. Meu café da manhã é mais saudável, consumo bastante frutas e não uso sal na comida. Como tive hérnia de disco, parei de fazer academia, mas logo quero voltar. Me considero uma sobrevivente”, relata.
O AMOR DA FAMÍLIA AJUDA NA RECUPERAÇÃO DE WANDYR
A publicitária Fernanda Sá sabe que o apoio familiar está sendo imprescindível para a recuperação do pai. Ela, o filho, Arthur, e a mãe, Helena, são os fiéis companheiros de Wandyr Ferreira, que sofreu três AVCs isquêmicos. Os dois primeiros foram de caráter transitório, considerados o menos grave. Já o mais recente ocorreu em 2014 e deixou sequelas. “Durante o período no hospital, ele teve pneumonia e gripe, chegou a ser entubado e perdeu a consciência”, conta a filha.
Em consequência da doença, Wandyr perdeu a capacidade de falar (emite apenas sons) e se movimenta numa cadeira de rodas em função da paralisia no lado direito do corpo. “Precisamos nos reestruturar para lidar com suas limitações, como dar o remédio na hora certa, cuidar das roupas, tudo se torna um pouco mais criterioso. Não é fácil conviver com uma pessoa ativa durante anos e de repente se torna completamente dependente”.
Apesar da mudança de rotina, Fernanda sente que o carinho da família possibilitou ao pai em ter novas sensações e na melhora da saúde. “Hoje ele não usa fralda como quando saiu do hospital. De vez em quando, ele consegue se servir sozinho durante as refeições. Tentamos dar o máximo de liberdade a ele e o tratamos com o maior amor. Sabemos que ele não voltará a andar e nem a falar normalmente, mas ele conquistou pequenas coisas no dia a dia que nos motivaram a acreditar em sua recuperação, mesmo diante de suas limitações. Ele é o máximo!”, revela.
Rubens José Gagliardi é diretor-científico da Academia Brasileira de Neurologia. CRM-18070
Texto de Rafael Munhos