Dr. Francisco Flávio Costa Filho
Cardiologia
Biografia
Dr. Francisco Flávio Costa Filho é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFCE/2006), fez residência em Clínica Médica na UFCE (2010), especialização em Cardiologia (2012) e Angioplastica Clínica (2013) no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Possui título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2012), título de especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (2014), além de doutorado pela Universidade de São Paulo/Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (2017), atuando principalmente em Emergências Cardiológicas, Medicina Intensiva, Cardiologia Clínica, Hipertensão e Pesquisa Clínica.
Artigos
Por que o forte calor pode complicar um quadro de pressão alta?
Durante o começo do ano, muitas famílias aproveitam as férias escolares dos filhos para viajar, seja para curtir o calor nas praias brasileiras ou para fugir das altas temperaturas em regiões de clima mais ameno. Quem tem hipertensão já deve ter ouvido que o calor pode piorar um quadro de pressão alta, mas na verdade, são as temperaturas extremas, tanto altas quanto baixas, que oferecem riscos à saúde. Clima extremo pode piorar a pressão arterial Foi o que um grupo de pesquisadores do Canadá divulgou. Eles investigaram a relação entre a temperatura e o número de internações nos hospitais da província de Ontário, entre 1996 e 2013. “Nesse estudo canadense, os autores fazem um alerta para os extremos de temperatura: tanto em dias muito frios como em dias muito quentes, observou-se um aumento no número de internações hospitalares por problemas cardiovasculares”, afirma o cardiologista Francisco Flávio Costa Filho. No estudo, durante os dias quentes, houve um aumento de 6% na quantidade de internações por doenças cardíacas e um aumento de 8% em decorrência de derrames, em comparação com dias de temperaturas consideradas médias. No entanto, as maiores mudanças ocorreram nos dias muito frios. “Nos dias de temperaturas mais baixas, observou-se um aumento de 9% nas internações por doenças cardíacas, 29% por infarto e 11% por derrame, comparando com os dias de temperatura mediana”, acrescenta o médico. Inverno é a estação que mais gera riscos a pacientes com pressão alta De acordo com o profissional, outros estudos já mostraram a relação sazonal entre a hipertensão, o infarto e o derrame, apontando o inverno como a pior estação para pacientes com pressão alta. É o caso de uma pesquisa feita com 50 mil chineses, entre 2004 e 2008: “Os estudiosos descobriram que, a cada redução de 10 graus Celsius na temperatura do ambiente, ocorria um aumento de 6,9 mmHg na pressão arterial sistólica e de 2,9 mmHg na pressão arterial diastólica. Ou seja, quanto mais frio, maior o nível da pressão”. Segundo Dr. Francisco, o frio provoca a vasoconstrição e o aumento da resistência vascular, o que resulta na elevação da pressão arterial. Já o calor produz o efeito oposto: causa vasodilatação, diminuindo a resistência dos vasos sanguíneos e reduzindo a pressão em relação a dias de maior frio. Além disso, o estudo chinês concluiu ainda que os pacientes tinham 13% menos chance de estar com a pressão controlada durante o inverno. Foto: Shutterstock
Pressão alta pode causar dor na nuca?
De modo geral, a pressão alta é assintomática, ou seja, não apresenta sintomas. Isso, inclusive, é perigoso para o paciente descuidado com a saúde, já que ele pode ter a doença, mas sem saber. Porém, existem casos em que o corpo apresenta sinais relativos ao problema, tais como sonolência, enjoo, dificuldade para respirar e dor de cabeça e na nuca. “A hipertensão pode causar dor de cabeça, chamada de cefaleia. A dor descrita como dor na nuca, tecnicamente chamada de cefaleia occipital, também se enquadra como formas de apresentação da cefaleia. Existem várias causas de cefaleia. As duas mais comuns são a cefaleia tensional e enxaqueca. A dor de cabeça causada pela hipertensão seria um diagnóstico diferencial para essas duas primeiras”, informa o cardiologista Francisco Flávio Costa. Desequilíbrio no cérebro explica dor na nuca motivada por pressão alta Segundo o especialista, a pressão elevada gera dor de cabeça quando há desequilíbrio entre os líquidos que circulam dentro do crânio, sangue e líquor (líquido transparente que envolve todo o cérebro). O desequilíbrio ocorre quando a concentração de um desses aumenta sem que a do outro siga o caminho oposto. “É importante ter em mente que esses três elementos estão dentro do crânio, uma caixa fechada, dura e que não se distende. Se aumentamos um desses componentes dentro da caixa craniana, sem diminuir outro, há um aumento da pressão dentro do crânio e isso estimula terminações nervosas sensitivas para a dor”, explica o médico. Outros sintomas possíveis em um quadro de hipertensão Sendo assim, no caso da hipertensão, pode haver um aumento súbito da perfusão de sangue para o cérebro, o que aumenta as chances de aumentar a pressão intracraniana, resultando em dor de cabeça. “Felizmente, isso só ocorre raramente. Chamamos de encefalopatia hipertensiva. Pode vir associada a outros sintomas, como turvação visual, náusea, vômitos e sonolências”, finaliza o cardiologista. Foto: Shutterstock
A ansiedade pode contribuir para um quadro de pressão alta?
A ansiedade é uma sensação que todos os seres humanos sentem ao longo da vida. É uma reação que ajuda o corpo a se preparar para novas situações, mobiliza e impulsiona para uma determinada tarefa. Entretanto, em algumas pessoas, a ansiedade pode surgir de forma exagerada, gerando desconforto e até mesmo favorecendo um quadro de hipertensão. Ansiedade em excesso aumenta adrenalina e eleva pressão arterial “A ansiedade pode contribuir para o surgimento da hipertensão, porque a ansiedade, assim como o estresse, mantém o sistema nervoso autônomo ativo, elevando as descargas de adrenalina na circulação sanguínea”, afirma o cardiologista Francisco Flávio Costa Filho. O resultado desse aumento é a elevação da frequência cardíaca e da pressão arterial. Nas pessoas que já são hipertensas, a ansiedade também gera prejuízos. De forma excessiva, a sensação pode acabar atrapalhando o controle da doença e tornando os pacientes dependentes de doses cada vez maiores de medicamentos. Portanto, há um risco considerável de complicações, como AVCs e infartos. Ansiedade, cigarro e hipertensão: combinação perigosa Além disso, é possível que o paciente ansioso também tenha outros hábitos ruins para a saúde e para o controle da hipertensão, como tabagismo, alcoolismo e descontrole alimentar. “A ansiedade também pode levar à insônia. Sem ter o tempo necessário para descanso, o corpo mantém níveis pressóricos elevados, devido ao estresse”, complementa o especialista. Para impedir que a ansiedade exagerada ajude a desenvolver a hipertensão ou atrapalhe seu tratamento, Francisco Flávio recomenda procurar profissionais especializados, como psiquiatras e psicólogos: “Muitas vezes, a ansiedade consegue ser controlada com terapias, alguns medicamentos e mudança de hábitos, entre eles a prática de atividade física”. Outro hábito importante é evitar viver constantemente em ambientes carregados de ansiedade e estresse. Foto: Shutterstock
AVC e derrame são a mesma coisa?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, o acidente vascular cerebral (AVC) é definido como um déficit neurológico súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central. Muitas pessoas usam o termo “derrame” quando o paciente sofre este episódio. Como se desenvolve o AVC “O AVC – acidente vascular cerebral (ou AVE; acidente vascular encefálico) – é conhecido popularmente como ‘derrame’ ou ‘trombose’. Este episódio pode ser classificado em dois tipos: AVC isquêmico, quando a artéria do cérebro se obstrui e ocasiona, consequentemente, uma isquemia (falta de sangue em determinada região); ou AVC hemorrágico, que é quando a artéria cerebral se rompe e causa um sangramento, uma hemorragia dentro do cérebro”, informa o cardiologista Francisco Flávio Costa Filho. Segundo o especialista, o termo “trombose” estaria mais associado, na linguagem popular, ao AVC isquêmico, porque a obstrução da artéria ocorre em função da presença de um trombo. Já o termo “derrame” estaria mais associado ao AVC hemorrágico, porque o sangue “se derrama” dentro do cérebro. “No caso do AVC isquêmico, níveis elevados de pressão associados a outros fatores de risco (diabetes, colesterol elevado e tabagismo) levam à inflamação das artérias cerebrais, levando a formação de placas de colesterol ou espessamento da camada interna, até que obstrui completamente o vaso. No AVC Hemorrágico, esse mesmo processo inflamatório deixa a parede do vaso cerebral fragilizada de tal forma que ela, literalmente, se rompe, gerando o hematoma”, explica o cardiologista. Prevenção e tratamento contra hipertensão e derrame Como a elevação da pressão está diretamente ligada à ocorrência do AVC, é essencial buscar formas de prevenir e tratar a hipertensão para, assim, diminuir também as chances de “derrame”. Portanto, deve-se apostar em uma alimentação saudável – nutritiva e pouco gordurosa e calórica – prática regular de atividades físicas, especialmente aeróbicas (corrida, ciclismo, natação, caminhada) e evitar fumar e ingerir bebidas alcoólicas em excesso. O tratamento medicamentoso contra hipertensão também é fundamental. Dados da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares: http://www.sbdcv.org.br/publica_avc.asp Foto: Shutterstock
O que fazer pós picos de pressão baixa ou alta, recomendações especiais
Existem diversos fatores que provocam picos de pressão alta ou baixa no dia a dia. Cada uma dessas situações podem não apresentar sintomas, mas podem dar sinais: dor de cabeça e convulsões, no caso da elevação, e tontura e fadiga, para a queda da pressão. Algumas medidas, entretanto, ajudam a normalizá-la depois do pico. Água e sal podem normalizar a pressão baixa “Se a pessoa está muito sintomática, com níveis pressóricos baixos, beber um copo de água e deitar com as pernas para cima são atitudes que podem ajudar a elevar a pressão rapidamente e resolver aqueles sintomas desagradáveis de queda de pressão arterial”, afirma o cardiologista Francisco Flávio Costa Filho. Aquela tradicional orientação de comer sal de cozinha puro também pode auxiliar durante um pico de pressão baixa, segundo o profissional. Por outro lado, ele alerta que é fundamental ter cautela quanto à quantidade de sal que será consumido. Em exagero, o ingrediente pode levar o quadro do paciente ao outro extremo, uma pressão muito alta. O que fazer quando está com a pressão alta Automedicação não é indicada nos casos de picos de pressão alta! Quando a pressão arterial sobe demais e provoca sintomas, a dica é procurar atendimento médico. “O ideal é ir a um pronto-socorro para receber tratamento a fim de aliviar os sintomas, controlar a pressão e descartar as formas mais graves de elevação da pressão, como a encefalopatia hipertensiva, infarto agudo, dissecção de aorta ou edema agudo pulmonar”, explica o especialista. O cardiologista também afirma que nenhuma medida caseira deve substituir uma consulta e tratamento especializado. “O que parece apenas uma queda da pressão pode estar associado a uma infecção generalizada e medidas para tentar elevá-la em casa podem só retardar o diagnóstico e o início do tratamento”, alerta o cardiologista. Os casos de pressão alta devem ser acompanhados por médicos e o tratamento da pressão alta envolve: Dieta com baixo teor de sal; Controle do estresse; Manter uma rotina de exercícios físicos; Evitar o hábito de fumar; Tomar o remédio indicado pelo profissional de forma correta.
Aposentada da Bahia sofre isquemia cerebral duas vezes
A isquemia cerebral é um tipo de acidente vascular cerebral, ou AVC. O problema é resultado da interrupção ou da redução do fluxo de sangue e de oxigênio no cérebro. A doença surge inesperadamente, como aconteceu no o caso de Isabel G. R. Com 92 anos, tinha uma vida comum e ativa no ambiente rural: aposentada, cuidava do seu sítio, onde capinava e plantava mandioca. Problemas para falar e andar são sintomas da isquemia cerebral Tudo mudou depois de uma viagem, em novembro de 2016. “A minha mãe viajou e, quando voltou, eu notei que ela estava com dificuldade para andar, para falar e para se lembrar das coisas”, explica a filha de Isabel, Vera Lucia. Ao perceberem as mudanças, mãe e filha procuraram um cardiologista para descobrir o que poderia estar acontecendo. O médico, então, pediu para que Isabel realizasse alguns exames. O diagnóstico foi isquemia cerebral. Mas, esta foi apenas a primeira vez que o problema afetaria a aposentada. Pouco tempo depois, logo após um caso de diarreia, a moradora de Itabuna, na Bahia, precisou lidar com o problema pela segunda vez. Desde então, o tratamento prescrito pelo cardiologista de Isabel tem sido eficaz na prevenção de um novo caso de isquemia. “Ela ainda luta para falar e para se lembrar, mas está ótima. A gente ainda fica com medo, mas ela voltou a ir para o sítio, voltou a plantar mandioca”, diz Vera Lucia. Isquemia pode ser transitória e sumir sem deixar vestígios Apesar de a filha ter notado alguns sintomas em sua mãe, em alguns casos, a doença pode passar despercebida. “Às vezes, a isquemia cerebral é muito pequena e o paciente tem poucos sintomas. Outra situação que dificulta o diagnóstico clínico é quando a isquemia é transitória. A pessoa tem o déficit neurológico súbito, mas em questão de horas tudo volta ao normal, sem sequelas”, explica o cardiologista Francisco Flavio Costa Filho. Por isso, caso note algum sinal atípico em um familiar, mesmo que seja transitório, procure ajuda médica.