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    Mulheres são mais propensas a desenvolver um quadro de depressão?

    Depressão

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    A depressão é um transtorno psiquiátrico que atinge pessoas de todos os gêneros e idades. Entretanto, há um descompasso entre o número de mulheres e homens depressivos, para o qual a ciência ainda busca uma resposta. “Ainda não se sabe exatamente qual o motivo da diferença de frequência observada, que chega a duas mulheres para cada um homem depressivo”, afirma o psiquiatra Eduardo de Castro Humes.

    A psiquiatria tem algumas pistas. Pesquisas realizadas no mundo todo indicam que as causas para essa diferença passam tanto por aspectos psicológicos quanto por aspectos biológicos e ambientais. Entre as possíveis explicações está a maneira como as mulheres lidam com afetos, que pode influenciar na instalação da depressão, mas também no reconhecimento dos sintomas. 

    Transtorno multifatorial

    Entre os aspectos biológicos e psicológicos, Humes cita o impacto de eventos do dia a dia, o papel que são forçadas a exercerem na sociedade e a atuação hormonal no neurodesenvolvimento. O uso de anticoncepcionais também pode influenciar, em especial aqueles compostos por hormônios ligados à progesterona: “As oscilações hormonais têm papel central na emergência de sintomas psiquiátricos entre mulheres, em especial para a depressão”, afirma Humes.

    A mulher pode desenvolver o distúrbio em momentos específicos da vida, como no pós-parto e no climatério, período próximo à menopausa em que ocorrem mudanças nos níveis hormonais. “O pós-parto é o momento em que ocorre a maior quantidade de episódios depressivos na vida de uma mulher”, diz o psiquiatra.

    Desvalorização da mulher

    A desvalorização da mulher e o machismo ainda presentes nos dias de hoje também colaboram para a diferença entre o número de mulheres e homens depressivos. Entretanto, o psiquiatra acredita que este fator não é o mais importante: “A prevalência de depressão é a mesma em diferentes lugares, como nos países escandinavos, que estão no topo dos rankings de igualdade sexual. Se ela fosse central, a frequência nesses países seria muito menor que no nosso, por exemplo.”

    Segundo Humes, enquanto os homens tendem a minimizar os sintomas e não buscam auxílio, as mulheres aceitam a condição com mais facilidade e procuram cuidados. Mas, em relação à família, o apoio é maior quando é o homem que precisa de ajuda contra a depressão: “É comum a família apoiar quando o homem busca tratamento, enquanto, muitas vezes, a família da mulher coloca a busca como fraqueza.”

    Eduardo de Castro Humes é psiquiatra e psicoterapeuta formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. CRM-SP: 108239

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