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    Médico e paciente: entenda por que essa relação é imprescindível para a saúde humana

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    Você segue todas as recomendações do médico? E os remédios indicados são tomados com precaução? Se você segue à risca essas perguntas, é porque tem atenção ao tratamento estipulado pelo profissional de saúde. No entanto, muitas pessoas tendem a fazer o contrário.

    Existem muitos motivos que fazem pacientes abandonar um tratamento de saúde, seja pela melhora dos sintomas ou pelo aumento da disposição, mas a rejeição ao tratamento é muito sério e pode acarretar uma série de problemas futuros.

    Para explicar melhor sobre a importância do tratamento médico, o cardiologista Dr. Abel Magalhães mostra as consequências da negação e da aceitação médica, e ainda dá dicas importantes para você que vai começar um tratamento e está em dúvida de como se posicionar diante do procedimento. Você também vai acompanhar o exemplo da paulista Sandra Regina Campos que, após sofrer de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico e quase desistir do tratamento, tem uma vida muito mais saudável.

     1) A relação entre o médico e o paciente precisa ter intimidade?

    Abel Magalhães: Uma boa relação médico-paciente é essencial para o resultado de qualquer tratamento, e boa parte dessa relação médico-paciente é oriunda da empatia criada no instante da consulta. Não há uma escola sobre isso. O resultado é proveniente do que trazemos de berço, do que somos como pessoa e do dom de ser médico. Ter respeito, capacidade de ouvir o paciente e entender a demanda que ele está apresentando ao médico é essencial, porque nem sempre essa necessidade está explicita nas palavras propriamente ditas pelo paciente. É preciso ter capacidade e interesse de entender e tentar ajudar a pessoa que está doente. Independente da especialidade, o paciente tem que se sentir à vontade para se expor ao médico e ver na pessoa do outro lado da mesa a possibilidade de cura ou de melhora. Quando a relação médico-paciente acontece, todos são beneficiados. Às vezes, a consulta dura alguns minutos, mas o suficiente para desenvolvermos uma intimidade, um respeito, um elo de relação com o paciente, onde ambas as partes sairão ganhando.

    2) É fácil buscar essa confiabilidade entre médico e paciente?

    A.M.: A nossa sociedade está cada vez mais carente de atenção e de afeto. A relação médico-paciente sempre foi essencial para a prática de uma boa medicina, mas atualmente temos uma sociedade egoísta e agressiva, e o médico tem que perceber a importância de preservar e se dedicar para conseguir ter boas relações com seus pacientes, independente da pressão que ele também viva na sociedade. Isso que nos diferencia hoje. É a capacidade de irmos além do nosso conhecimento técnico e de entender o que as pessoas estão demandando. Isso só acontece através da relação médico-paciente.

    3) Qual é a importância do tratamento médico?

    A.M.: A adesão ao tratamento se dá quando o comportamento do paciente coincide com as orientações para controlar ou curar a sua doença. Mas nem sempre isso acontece. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), menos de 60% dos pacientes com diabetes e menos de 40% dos pacientes hipertensos seguem as prescrições, por exemplo. A questão é complexa, pois não se trata somente de seguir o que foi indicado pelo médico. A adesão ao tratamento engloba fatores socioeconômicos, questões relacionadas com o tratamento, com o paciente – sua compreensão sobre os benefícios, aceitação de uma eventual mudança no seu estilo de vida, a própria doença e até aspectos referentes ao sistema de saúde. Mas, seja qual for o motivo ou o conjunto de circunstâncias que possam levar uma pessoa a interromper o seu tratamento antes do término, a terapia prescrita deve ser seguida rigorosamente.

    4) Por que um paciente chega ao ponto de abandonar o tratamento médico?

    A.M.: Vamos verificar o que costuma ocorrer na hipertensão arterial. A hipertensão arterial é um expressivo problema de saúde pública enquanto fator de risco para as doenças cardiovasculares e principal grupo de causas de mortalidade no Brasil. A baixa adesão e o abandono do tratamento estão entre os principais obstáculos às estratégias individuais de controle. Os motivos relatados para o abandono do segmento mostram predomínio de razões ligadas ao próprio serviço de saúde – sua organização, estrutura e a relação médico-paciente – e, ainda, tratamento em outro serviço de saúde, como o particular. Razões de natureza psicossocial, como a ausência de sintomas, a melhora e/ou a normalização da pressão arterial e o consumo de álcool também contribuem para o abandono do cuidado. Estudar os motivos do abandono na perspectiva do próprio sujeito permite verificar a riqueza e diversidade de problemas envolvidos no cuidado requerido.

    5) Dr. Abel, como o senhor “convence” o paciente para que faça ou continue um tratamento médico?

    A.M.: Quando você apresenta um plano de tratamento para o seu paciente, não é apenas sua capacidade técnica que está em jogo, também estão suas habilidades de venda. Convencê-lo a fazer o tratamento exige ter em mente as melhores estratégias de venda e as formas de driblar as possíveis negativas, de forma a sempre aumentar a taxa de retornos. Algumas peculiaridades precisam ser discutidas antes de entrarmos de vez nas técnicas que podem ser usadas. Na maioria dos consultórios, o “grosso” dos clientes vem por indicação. Esse é um processo que sempre aconteceu e com a ascensão da internet só ficou mais intenso. Quando o paciente chega até seu consultório por indicação de um amigo ou familiar, já vem predisposto a aceitar seu trabalho e as chances dele continuar com você são altas. Se maximizar isso com um bom plano de tratamento, então, as possibilidades são ainda maiores. Porém, até com esses pacientes você precisa entender que técnicas de vendas são importantes.

    6) E quais são as técnicas de venda?

    A.M.: Sempre fundamental proporcionar uma experiência única no atendimento e isso é o básico que pode ser feito para vender seu trabalho. Desde a primeira vez que ele entra em seu consultório até depois do atendimento, é importante criar processos para manter esse paciente envolvido. Isso fará com que ele se transforme em um propagador de sua marca e forneça as tão esperadas indicações, que contam muito em um serviço que envolve confiança. Dito isso, vamos conversar um pouco sobre as técnicas de venda que podem ser utilizadas no consultório. Pelas características do trabalho médico, vamos focar mais na relação com o paciente e menos nas técnicas pré-moldadas, já que a maioria delas é aplicável ao varejo e não à prestação de serviços de saúde. Trouxemos cinco pontos que, se bem usados, vão ajudar o profissional nas técnicas de negociação: adquirir a confiança, ter flexibilidade, ser organizado, mostrar a qualidade do trabalho e fazer perguntas para “vender” o tratamento.

    AS FASES MAIS DIFÍCEIS DO TRATAMENTO*

    O cardiologista Dr. Abel Magalhães mostra o passo a passo de como acontece desde as primeiras reações até o fim do tratamento médico:

    1. Negação:

    Normalmente é o primeiro comportamento emocional após o diagnóstico. A pessoa se recusa a entrar em contato com a doença e considera a condição um fenômeno que lhe traz sofrimento. Nega o diagnóstico e, consequentemente, passa a não se cuidar.

    1. Raiva ou revolta:

     Após certo período de tempo, não é mais possível negar o diabetes, então os sentimentos de raiva e revolta tomam conta. É nesse estágio que começam os questionamentos do tipo “por que comigo?” É uma das fases mais difíceis para a família e para as pessoas próximas. É comum o indivíduo recusar o tratamento e a equipe médica.

    1. Negociação ou barganha:

    Quando a negação e a raiva já foram superadas, aparece a barganha. O diabético utiliza algumas estratégias para amenizar as exigências do tratamento. Nesse estágio, há a aceitação parcial, já que a pessoa tenta “driblar” o diagnóstico, criando alternativas que, na visão dela, podem solucionar o seu problema. O uso de chás milagrosos e dietas mágicas são alguns dos artifícios usados para alcançar esse fim.

    1. Tristeza profunda (depressão):

    Depois de um tempo, o paciente percebe que não obteve sucesso com suas “criatividades” na fase anterior (negociação) e pode entrar em um estado de depressão. Surge, então, o medo da disfunção e de suas complicações, insegurança em relação à vida e ao futuro, além da sensação de que sua saúde nunca mais será a mesma. Nessa fase há também a elaboração dos “lutos” e a pessoa passa a ficar triste, retraída e introspectiva.

    1. Aceitação:

    É a fase mais aguardada pelos familiares e médicos. É o momento em que a pessoa percebe que é responsável pela própria saúde e qualidade de vida, e que o sucesso no tratamento só depende dela. Ela irá manifestar paz e tranquilidade no que diz respeito à doença, uma vez que sabe que, seguindo a terapia corretamente, não precisará mais ter medo de desenvolver complicações. É a superação dos estágios anteriores e o convívio saudável com o diabetes, a vida e seu corpo.

    *Neste tópico o Dr. Abel ressalta que as dicas podem servir para qualquer tipo de doença, no entanto, ele exemplifica pessoas com diabetes.

                COMO A FAMÍLIA PODE SER IMPORTANTE

    Uma das doenças mais corriqueiras é a dependência ao alcoolismo. O Dr. Abel Magalhães mostra como a família pode ser essencial na ajuda do tratamento. Veja:

     – Apoie o familiar: é importante fazer com que a pessoa se sinta aconchegada e acolhida em casa, mas deixe claro que o vício não é bem-vindo.

    – Incentive a buscar um profissional: o fato de seu familiar beber não significa que você é o culpado. Mostre para ele o quanto se importa e o quanto é essencial para você e para ele a ajuda de um especialista.

    – Não incite o vício: evite criar situações que propiciem uma recaída para o alcoolismo.

    – Evite o contato com a bebida alcoólica: não leve em bares, não compre ou até mesmo ofereça em comemorações e eventos. Mantenha-o responsável por suas próprias ações.

    – Sempre por perto: busque ajuda de um profissional e participe de reuniões de AA (Alcoólicos Anônimos) junto com o parente. Quanto mais próxima a família estiver, maiores são as chances de que a pessoa não desista do tratamento.

    Sandra Regina Campos faz tratamento para um AVC Hemorrágico. (foto: arquivo pessoal)

    A NEGAÇÃO, A REJEIÇÃO E A ACEITAÇÃO DE SANDRA

    Em 2012, Sandra Regina Campos começou o tratamento para curar um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico. Na época, ela se assustou com o diagnóstico e não acreditava o que estava acontecendo. A partir disso, foram várias reações: desde negar a doença até entender que o melhor seria buscar o sucesso no tratamento. Hoje, Sandra se considera uma mulher mais completa, justamente por ter seguido as orientações médicas. Conversamos com a Sandra e, em formato de tópicos, contamos as fases do seu tratamento:

    Dia a dia:

    Eu comecei assim que cheguei do hospital. Fiz fisioterapia motora por cerca de três meses. A acupuntura também me ajudou contra a depressão, tanto que até hoje eu ainda faço. Atualmente, eu ando com uma órtese e uso bengala para andar. Por causa da doença, também tenho sequela no braço direito, quase sem movimento, por isso, faço tudo com a mão esquerda. Tive que reaprender a viver.

    Apoio familiar:

    Eu não tenho pais e também sou filha única. Como meus filhos moram distante de mim, não tenho uma família por perto, mas podia contar com a ajuda de uma amiga. Mesmo assim, posso dizer que sou uma vitoriosa porque faço praticamente tudo sozinha.

    Abandonar o tratamento:

    Tive vontade diversas vezes. Para ter uma boa recuperação é preciso pagar, e tudo é muito caro. Aqui em Guarulhos (SP), tive dificuldade de conseguir apoio da Prefeitura para cobrir o tratamento. Existem momentos desanimadores.

    Fase mais difícil:

    Eu queria fazer muita coisa, mas o corpo não ajudava. Eu queria andar e que as pessoas entendessem minhas necessidades.  Eu tinha vontade de fazer muitas coisas, de me vestir sozinha, de ir ao banheiro, de tomar banho.

    Confiança no médico:

    Eu troquei de médico três vezes. Hoje, tenho uma boa relação com o meu médico, que sou fiel há dois anos. Acho que essa relação é ótima porque eu converso com ele, conto tudo o que se passa comigo, também não tenho medo ou vergonha de perguntar.

    Matéria de: Rafael Munhos

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