O sugamadex pode ser administrado em vários momentos após a administração de brometo de rocurônio ou vecurônio.
Reversão de rotina – bloqueio neuromuscular profundo
Em um estudo preliminar, os pacientes foram designados de modo randômico para grupos de tratamento com rocurônio ou vecurônio. Após a última dose de rocurônio ou vecurônio, em 1-2 PTCs (contagens pós-tetânicas), foram administrados em ordem randômica 4 mg/kg de sugamadex ou 70 mcg/kg de neostigmina. O tempo a partir do início da administração de sugamadex ou neostigmina para recuperação da razão T4/T1 de 0,9 foi o seguinte (Tabela 1):
Tabela 1. Tempo (em minutos) a partir da administração de sugamadex ou neostigmina em bloqueio neuromuscular profundo (1-2 PTCs), após rocurônio ou vecurônio, para recuperar a razão T4/T1 de 0,9
Agente bloqueador neuromuscular Esquema de tratamento
Sugamadex (4 mg/kg) Neostigmina (70 mcg/kg)
Rocurônio
N 37 37
Média (minutos) 2,7 49,0
Variação 1,2-16,1 13,3-145,7
Vecurônio
N 47 36
Média (minutos) 3,3 49,9
Variação 1,4-68,4 46,0-312,7
Reversão de rotina – bloqueio neuromuscular moderado
Em outro estudo preliminar, os pacientes foram designados de modo randômico para grupos de tratamento com rocurônio ou vecurônio. Após a última dose de rocurônio ou vecurônio, no reaparecimento de T2, foram administrados em ordem randômica 2 mg/kg de sugamadex ou 50 mcg/kg de neostigmina. O tempo a partir do início da administração de sugamadex ou neostigmina para recuperação da razão T4/T1 de 0,9 foi o seguinte (Tabela 2):
Tabela 2. Tempo (em minutos) a partir da administração de sugamadex ou neostigmina no reaparecimento de T2, após dose de rocurônio ou vecurônio, para recuperar a razão T4/T1 de 0,9
Agente bloqueador neuromuscular Esquema de tratamento
Sugamadex (2 mg/kg) Neostigmina (50 mcg/kg)
Rocurônio
N 48 48
Média (minutos)Variação 1,40,9-5,4 17,63,7-106,9
VecurônioNMédia (minutos)Variação
482,11,2-64,2
4518,92,9-76,2
A reversão do bloqueio neuromuscular induzido por rocurônio proporcionada pelo sugamadex foi comparada com a reversão do bloqueio neuromuscular induzido por cisatracúrio proporcionada pela neostigmina. No reaparecimento de T2 foram administrados 2 mg/kg de sugamadex ou 50 mcg/kg de neostigmina. O sugamadex proporcionou reversão mais rápida do bloqueio neuromuscular induzido por rocurônio em comparação com a reversão do bloqueio neuromuscular induzido por cisatracúrio proporcionada pela neostigmina (Tabela 3).
Tabela 3. Tempo (em minutos) a partir da administração de sugamadex ou neostigmina no reaparecimento de T2, após dose de rocurônio ou cisatracúrio, para recuperar a razão T4/T1 de 0,9
Agente bloqueador neuromuscular Esquema de tratamento
Rocurônio e sugamadex (2 mg/kg) Cisatracúrio e neostigmina (50 mcg/kg)
N
34
39
Média (minutos) 1,9 7,2
Variação 0,7-6,4 4,2-28,2
Reversão imediata
O tempo de recuperação do bloqueio neuromuscular induzido por succinilcolina (1 mg/kg) foi comparado com o da recuperação induzida por sugamadex (16 mg/kg, 3 minutos mais tarde) a partir do bloqueio neuromuscular induzido por rocurônio (1,2 mg/kg). Os resultados estão na Tabela 4.
Tabela 4. Tempo (em minutos) a partir da administração de rocurônio e sugamadex ou de succinilcolina para a recuperação de T1 10%
Agente bloqueador neuromuscular Esquema de tratamento
Rocurônio e sugamadex (16 mg/kg) Succinilcolina (1 mg/kg)
N 55 55
Média (minutos) 4,2 7,1
Variação 3,5-7,7 3,7-10,5
Em uma análise dos dados agrupados foram relatados os seguintes tempos de recuperação para 16 mg/kg de sugamadex após 1,2 mg/kg de brometo de rocurônio (Tabela 5):
Tabela 5. Tempo (em minutos) a partir da administração de sugamadex em 3 minutos após a de rocurônio para recuperar a razão T4/T1
de 0,9, 0,8 ou 0,7.
N T4/T1 de 0,9 T4/T1 de 0,8 T4/T1 de 0,7
65 65 65
Média (minutos) 1,5 1,3 1,1
Variação 0,5-14,3 0,5-6,2 0,5-3,3
Comprometimento renal
Dois estudos abertos compararam a eficácia e a segurança de sugamadex em pacientes cirúrgicos com e sem comprometimento renal grave. Em um estudo, o sugamadex foi administrado após a indução de bloqueio por rocurônio em 1-2 PTCs (4 mg/kg; N = 68); no outro, o sugamadex foi administrado no reaparecimento de T2 (2 mg/kg; N = 30). A recuperação do bloqueio neuromuscular foi modestamente mais longa para pacientes com comprometimento renal grave em relação aos pacientes sem comprometimento renal. Nenhum resíduo ou recorrência de bloqueio neuromuscular foram relatados por pacientes com comprometimento renal grave nesses estudos.
Efeitos sobre o intervalo QTc
Em três estudos clínicos dedicados (N = 287), o sugamadex isoladamente, em combinação com rocurônio ou vecurônio e em combinação com propofol ou sevoflurano não foi associado a prolongamento de QT/QTc clinicamente relevante. Os resultados de ECG integrado e eventos adversos de estudos de Fase 2-3 embasam essa conclusão.
Pacientes com obesidade mórbida
Um estudo realizado com 188 pacientes diagnosticados com obesidade mórbida (índice de massa corporal ≥ 40 kg/m2) investigou o tempo de recuperação do bloqueio neuromuscular moderado ou profundo induzido por rocurônio ou vecurônio. Os pacientes receberam 2 mg/kg ou 4 mg/kg de sugamadex, conforme apropriado para o nível de bloqueio, dosados de acordo com o peso corporal real ou peso corporal ideal, de forma aleatória, duplo-cego. Agrupados em profundidade de bloqueio e agente bloqueador neuromuscular, o tempo médio de recuperação para uma razão de “sequência de quatro estímulos” (train-of-four – TOF) ≥ 0,9 em pacientes tratados de acordo com o peso corporal real (1,8 minutos) foi estatisticamente significativamente mais rápido (p < 0,0001) em comparação com pacientes dosados de acordo com o peso corporal ideal (3,3 minutos).
Pacientes com doença sistêmica grave
Um estudo realizado com 331 pacientes que foram avaliados como ASA classe 3 ou 4 investigou a incidência de arritmias emergentes do tratamento (bradicardia sinusal, taquicardia sinusal ou outras arritmias cardíacas) após a administração de sugamadex. Nos pacientes que receberam sugamadex (2 mg/kg, 4 mg/kg ou 16 mg/kg), a incidência de arritmias emergentes do tratamento foi geralmente semelhante à neostigmina (50 μg/kg até dose máxima de 5 mg) + glicopirrolato (10 μg/kg até dose máxima de 1 mg). A porcentagem de pacientes com bradicardia sinusal emergente do tratamento foi significativamente menor (p = 0,026) no grupo sugamadex 2 mg/kg em comparação com o grupo neostigmina. A porcentagem de pacientes com taquicardia sinusal emergente do tratamento foi significativamente menor nos grupos sugamadex 2 mg/kg e 4 mg/kg em comparação com o grupo neostigmina (p = 0,007 e 0,036, respectivamente). O perfil de segurança nos pacientes ASA classe 3 e 4 foi geralmente semelhante ao dos pacientes adultos nos estudos combinados de fase 1 a 3; portanto, nenhum ajuste de dose é necessário. Veja “9. REAÇÕES ADVERSAS”.
População pediátrica
Um estudo com 288 pacientes com idade entre 2 e < 17 anos investigou a segurança e eficácia de sugamadex versus neostigmina como agente de reversão do bloqueio neuromuscular induzido por rocurônio ou vecurônio. A recuperação do bloqueio moderado para uma taxa de TOF ≥ 0,9 foi significativamente mais rápida no grupo sugamadex 2 mg/kg em comparação com o grupo neostigmina (média geométrica de 1,6 minutos para sugamadex 2 mg/kg e 7,5 minutos para neostigmina, proporção de médias geométricas 0,22, IC 95% (0,16, 0,32), (p < 0,0001)). O sugamadex 4 mg/kg obteve reversão do bloqueio profundo com média geométrica de 2,0 minutos, resultados semelhantes aos observados em adultos. Esses efeitos foram consistentes para todas as coortes de idade estudadas (2 a < 6; 6 a < 12; 12 a < 17 anos de idade) e para rocurônio e vecurônio. Veja “8. Posologia e modo de usar”.