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    Preocupação, riscos e dificuldades técnicas com os estudos online

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    Com as medidas de isolamento social estabelecidas em função da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), todos estão tendo que adaptar suas rotinas para um modelo remoto. Ou seja, trabalho, aulas e serviços em geral estão sendo feitos e solicitados pela internet. No caso das aulas online, especificamente, o recurso fundamental é a chamada de vídeo, que reúne alunos e professores numa espécie de sala de aula virtual. Por mais que seja positivo contar com essa alternativa para que todos possam seguir com suas atividades, algumas dificuldades no processo devem ser levadas em consideração.  

    Dificuldade de adaptação à nova realidade


    Segundo a estudante de Jornalismo das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA) Juliana Melo, de 23 anos, assistir às aulas pelo computador não é o mesmo que assisti-las presencialmente. “Embora não seja o que ninguém queria, eu sei que as aulas online são a única alternativa que nos restou
    neste período de isolamento. Admiro o fato de os professores estarem se esforçando para que nenhum aluno saia prejudicado, mas não é a mesma coisa. A rotina de estudos teve que mudar completamente e as formas de avaliação também. Não me adaptei totalmente ainda, mas é o certo a se fazer agora”, avalia.
    Um dos principais problemas desse modelo de aula, de acordo com a estudante, é o aumento das cobranças feitas pelos professores: “Acho que, por estar todo mundo em casa, as cobranças acabam sendo ainda maiores. Aí aumenta a quantidade de trabalho e isso sobrecarrega quem precisa conciliar a faculdade com outras tarefas”.

    Acesso à internet de qualidade não é realidade para muitos estudantes

    Além disso, Juliana sofre com oscilações constantes da conexão de sua internet, o que compromete o resultado das aulas. Este é um importante fator a ser destacado, já que boa parte dos alunos no país não tem internet de qualidade em casa. Logo, uma parcela significativa de estudantes, em geral, mais pobre ou moradora do interior do Brasil, que já se encontrava em grande desvantagem, precisa lidar com mais essa dificuldade. 
    O acesso à plataforma que fornece o conteúdo das aulas não é um problema para Juliana. Para Karoline Miranda, 25, estudante de História na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a plataforma utilizada também não é um problema. O grande obstáculo é, na verdade, a perda da dinâmica nas aulas online.
    “A plataforma até que ajuda, pois é bem funcional, mas a qualidade das aulas online, para quem está adaptado a um curso presencial, é bem abaixo do esperado. O debate não fica tão dinâmico, nem acontece com maior interação. O computador meio que dá um gelo na comunicação. Além disso, tem sido bem difícil ter disciplina para me adequar à rotina das aulas online. Nessa quarentena, o sono ficou totalmente desregulado”, explica Karoline.

    Educação online também é um desafio para as crianças

    O desafio de Karoline durante o período de isolamento social é ainda maior, pois ela precisa ajudar seu filho Gael, de 6 anos, que está em processo de alfabetização: “Gael assiste 40 minutos de aula por dia, de segunda a sexta, e faz os trabalhinhos pedidos pelos professores, mas mesmo assim não é a mesma coisa: não tem correção, não tem ninguém para ensinar os movimentos, nem o estímulo da escola, o que muda tudo”. 
    “É bem complicado conciliar minhas atividades com as do Gael porque enquanto eu estou estudando ou assistindo aula e trabalhando (geralmente é o período do meu estágio), ele está do lado falando com a professora e mais 20 crianças. Não tem sido fácil, acho que ele está sofrendo uma defasagem grande no aprendizado, mas é o que temos para hoje. Tentamos exercitar o máximo que dá e é isso”, conta a futura historiadora. 

    A visão de uma professora sobre as aulas durante a pandemia

    Os alunos não são os únicos que estão enfrentando problemas com o ensino durante a quarentena. A rotina dos professores também mudou. Ana Paula Goulart de Andrade, que além de dar aulas também atua como pesquisadora e coordenadora de pós-graduação, conta que os professores têm um desgaste muito maior com essa nova forma de ensino. 
    “O professor tem que ser um maestro de tela e de engajamento. Ele tem que criar estratégias para envolver os estudantes dentro da aula. Seria muito ruim para o aluno assistir a uma aula em que só o professor fala. A gente tem que ter a capacidade de perceber como os alunos conseguem interagir e o que vai atraí-los para fazer uma construção coletiva de conhecimento”, afirma Ana Paula. 
    Outro desafio apontado pela coordenadora é o tempo das aulas à distância: “Existe um tempo diferente. As lives têm uma duração muito longa. Duas horas, três horas, não dá! De 40 minuto a uma hora é um tempo bom, respeitando um tempo de intervalo para as pessoas esticarem a perna. Elas não estão acostumadas. Senão, várias coisas começam a tirar a atenção do indivíduo que está ali focado”. 

    Postura inadequada pode atrapalhar o estudo à distância

    Outro ponto que pode, de certa forma, prejudicar os estudos em casa e que merece destaque é o fato de pessoas terem maior tendência a relaxar dentro de casa, o que pode trazer diversos prejuízos, inclusive para a postura. Isso se agrava ainda mais nos casos de quem não tem cadeiras e estrutura adequada para estudar sentado, com o apoio necessário para a coluna. 
    “Deve-se procurar exercer a atividade da forma mais ergonomicamente eficaz, com equipamentos, cadeira e apoios na posição mais correta possível. Procurar vigiar sempre a postura, evitando posições que além de não serem funcionais, por si só causam dor e diminuem a eficiência, também é essencial”, afirma o ortopedista Eduardo Vieira. 
    É importante permanecer com a coluna reta e deixar as pernas afastadas, com os pés no chão e os joelhos em um ângulo de 90 graus. A tela do computador ou do celular deve estar na altura dos olhos, evitando abaixar a cabeça para ler. Fazer pequenos intervalos e separar alguns minutos para praticar atividades físicas são atitudes fundamentais, pois ajudam a melhorar a postura e prevenir e controlar as dores nas costas, nos ombros e no pescoço que podem surgir durante as aulas.

    É possível melhorar os estudos online?  


    Por mais que ambas as estudantes entendam que as aulas online sejam a melhor maneira de seguir os estudos no atual momento, mesmo com as limitações mencionadas, elas acreditam que algumas melhorias podem ser feitas, tanto por parte das instituições de ensino, quanto por parte dos alunos. 

    “Acho que a faculdade poderia estabelecer a obrigatoriedade de todos os professores colocarem o conteúdo na plataforma com um prazo definido para não atrapalhar os estudantes. Outra dica seria estender o prazo dos trabalhos que são passados, já que muita gente tem outras coisas pra fazer e fica difícil dar conta de tudo ao mesmo tempo”, sugere Juliana.
    “Para os alunos que estão nesta situação, acho que seria interessante montar um cronograma de estudos que permita estudar um pouquinho todo dia, nem que seja 20 minutos. Dessa forma, você não precisa se amarrar ao horário e acaba tendo mais tempo para fazer as tarefas e disciplinar a mente para o horário das aulas”, conclui Karoline.
    Até que as aulas possam ser feitas presencialmente, é preciso ter paciência e tentar se adaptar ao modelo de ensino à distância. Prestar atenção à postura, escolher um ambiente calmo e conversar com os professores sobre as dificuldades são atitudes que podem ajudar a passar por esse momento. 

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