Os tiques nervosos podem ser confundidos com sintomas do transtorno obsessivo compulsivo, o TOC. No entanto, em alguns casos, eles podem ser sintoma de uma outra doença mental. “Os transtornos de tiques, que podem ter seus sintomas confundidos com o que se chama na cultura geral de tiques nervosos, são um transtorno associado ao TOC”, afirma a psiquiatra Juliana Diniz.
Tiques nervosos podem estar presentes em pacientes com TOC
Pessoas com tiques têm uma chance maior de ter sintomas de TOC, assim como pacientes com TOC também têm mais chance de ter tiques. Além disso, ambos os problemas ocorrem na mesma família com frequência maior. “É provável que os tiques e o TOC compartilhem as mesmas causas biológicas, mas são considerados transtornos diferentes”, explica a profissional.
A diferença entre os tiques e as compulsões do TOC é que, enquanto os tiques são “semi-voluntários”, as compulsões são totalmente voluntárias, segundo a especialista. Isso significa que as compulsões são maneiras encontradas pelos pacientes com TOC de aliviar os pensamentos obsessivos provocados pela doença. Alguém que não sabe se trancou a porta, por exemplo, irá checar a fechadura 10 ou até 20 vezes para ter certeza.
Piscar os olhos com força pode ser um tique nervoso
Dra. Juliana traz outro exemplo: “Pessoas que piscam os olhos com força com frequência podem ter um tique se tiverem dificuldade de perceber o que acontece antes de piscar e só conseguirem suprimir o comportamento temporariamente ou podem ter uma compulsão se piscarem propositadamente para aliviar a ansiedade produzida por um pensamento de conteúdo ameaçador”.
Os profissionais da área diferenciam os tiques e as compulsões por meio da observação, da descrição fornecida pelo paciente sobre o sintoma e as características relacionadas e pela exclusão de causas neurológicas. Caso seja confirmado o diagnóstico de TOC, o tratamento pode ser feito com psicoterapia e com remédios conhecidos como inibidores seletivos de recaptura de serotonina.
Dra. Juliana Belo Diniz é psiquiatra, formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e pesquisadora dos transtornos do espectro obsessivo compulsivo. CRM-SP: 112069
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