O sono excessivo é um problema que muitas pessoas enfrentam, mesmo após uma noite de descanso aparentemente tranquila. Se você passa por isso, já se perguntou por que isso acontece? Existem diversas razões para esse sintoma persistente, que podem estar relacionadas a distúrbios do sono. Com a ajuda do médico psiquiatra Luiz Sampaio vamos explorar alguns desses distúrbios e mostrar como é possível tratar esse problema com a ajuda de profissionais especializados. Se você tem enfrentado dificuldades para se manter acordado durante o dia, mesmo após uma noite de sono completa, continue lendo para descobrir algumas respostas esclarecedoras.
Sentir muito sono mesmo dormindo bem: o que pode ser?
Você já acordou depois de uma noite de sono prolongada e ainda se sentiu sonolento ao longo do dia? Isso pode ser um sinal de que algo está errado. O sono excessivo, mesmo dormindo o suficiente, pode ser um indicativo de alguma condição médica subjacente, distúrbios do sono ou fatores psicológicos.
De acordo com o Dr. Luiz Sampaio isso tem total relação com as fases do sono que são classificadas em sono com Movimentos Rápidos de Olhos (REM) e não REM. “As fases sem o Movimento são divididas em três momentos: a fase 1 ou de sono superficial, a fase 2 onde o sono começa a se aprofundar e a fase 3 de sono profundo, e dessa forma seguida pela fase REM. Essa sequência configura 1 ciclo de sono, que dura em média 90 minutos, e costuma se repetir por volta de 5 ciclos à noite”, explicou.
O expecialista conta que qualquer situação que afete qualquer uma das fases ou ciclos podem resultar numa condição de sono não reparador o que acarretará uma sensação de cansaço na hora de se levantar ou sonolência durante o dia.
Condições médicas específicas que podem levar ao sono excessivo
Alguns problemas de saúde podem levar a um sono excessivo, mesmo quando você dorme o suficiente. Por exemplo, a apneia do sono, uma condição em que a pessoa apresenta paradas respiratórias durante o sono, pode resultar em sonolência diurna. Outra condição médica que pode causar sono excessivo é a síndrome da fadiga crônica, caracterizada por uma exaustão persistente que não melhora com descanso. Além disso, distúrbios da tireoide, como o hipotireoidismo, podem causar sonolência excessiva como um dos sintomas.
Outra condição que pode levar ao sono excessivo mesmo dormindo muito é a narcolepsia, que é um distúrbio crônico do sono, cuja causa não é bem conhecida. “Essa doença, embora rara, provoca um dormir imediato em qualquer circunstância. Por exemplo, a pessoa pode estar caminhando e de repente dormir. Felizmente é uma doença rara e seu tratamento se dá com psicoestimulantes e antidepressivos”, apontou o médico.
Distúrbios do sono que podem causar sono excessivo mesmo dormindo muito
Além da apneia do sono apontada no tópico anterior, existem diversos distúrbios do sono que podem levar ao sono excessivo, mesmo que você durma por um período adequado. A hipersonia idiopática é um exemplo desses distúrbios, em que a pessoa se sente sonolenta durante o dia, mesmo após uma noite de sono prolongada.
Luiz Sampaio também conta que existem outros fatores que interferem nas fases do sono, perturbando sua sequência ou interrompendo os ciclos. “O uso abusivo de estimulantes como a cafeína, presente no café, chá mate ou chá verde, ou em refrigerantes à base de guaraná; além do uso de tabaco ou de bebidas alcoólicas, todos afetam as fases e ciclos de sono, bem como o hábito de se alimentar antes de deitar, que ativa o metabolismo e interfere no sono. Outro agente perturbador é o uso constante de celulares, tablets ou mesmo computadores durante o período noturno”, alertou o médico.
Após as 18:00 horas, com o anoitecer, nossa secreção de hormônios mudam. O cortisol, que nos deixa ativos, vai tendo sua secreção diminuída, enquanto a melatonina, que promove repouso e adormecer aumenta. A luz azul emitida pelas telas desses aparelhos inibe a secreção de melatonina, causando também insônia ou outros distúrbios do sono. Isso, inclusive, está escrito nos avisos de segurança desses aparelhos, coisa que ninguém lê, infelizmente.
Fatores psicológicos que podem contribuir para a sonolência excessiva
Além de questões médicas e distúrbios do sono, fatores psicológicos também podem contribuir para a sonolência excessiva. “Vários pacientes em condições de estresse se queixam de insônia, termo que pode ser atribuído a qualquer alteração na qualidade do sono. O sono também está relacionado ao equilíbrio das funções do sistema nervoso autônomo, o Sistema Simpático e Parassimpático. Numa condição de estresse, seja por qualquer razão, temos uma prevalência do Sistema Simpático e consequentemente a liberação de adrenalina e noradrenalina que “aceleram” o funcionamento do nosso organismo, interferindo assim no ritmo do sono”, ressaltou o psiquiatra.
Quais são as consequências para a saúde de ter sono excessivo?
Quando uma pessoa apresenta sonolência excessiva, ela pode enfrentar diversos problemas de saúde, tanto físicos quanto psicológicos. A sonolência crônica pode afetar negativamente a qualidade de vida, dificultando as atividades diárias e prejudicando o desempenho no trabalho ou nos estudos. Além disso, essa sonolência excessiva pode levar a problemas de concentração, memória e aprendizado, tornando tarefas simples em desafios esmagadores.
De um ponto de vista físico, o sono excessivo também pode aumentar o risco de obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Estudos têm mostrado uma relação entre a sonolência diurna excessiva e um maior acúmulo de gordura corporal, além de alterações nos níveis de insulina e glicose no sangue. A privação do sono também pode causar desequilíbrios hormonais, aumentando a produção de cortisol, o hormônio do estresse.
Quando procurar ajuda médica para investigar a sonolência excessiva?
Embora um episódio isolado de sono excessivo possa ser causado por fatores temporários, como estresse ou uma má noite de sono, a persistência desse sintoma requer atenção médica. Se você está dormindo quantidades adequadas de horas e ainda experimenta sonolência excessiva durante o dia, é recomendável procurar um profissional de saúde para investigar possíveis causas subjacentes. “O médico, além da história clínica, dos hábitos de vida e de um exame físico poderá pedir exames laboratoriais para descartar por exemplo anemia, hipo ou hipertireoidismo e polissonografia para estudo do ritmo do sono e suas interferências”, finalizou o especialista.



