Pode-se resumir o que é febre maculosa como uma infecção potencialmente fatal, causada por bactérias e transmitida pela picada de carrapatos, geralmente carrapatos-estrela. Através da picada do aracnídeo infectado, as bactérias do gênero Rickettsia se espalham pela corrente sanguínea e causam diversos sintomas, que podem variar de leves a graves. É por esse motivo que a febre maculosa também é chamada de doença do carrapato.
A fim de entender melhor sobre sintomas da febre maculosa em humanos e as formas de prevenir a sua transmissão, entrevistamos a médica infectologista Marli Sasaki. Leia a seguir e saiba mais sobre o assunto.
Sintomas de febre maculosa são inespecíficos e incluem febre aguda, dor de cabeça e enjoo
Segundo a infectologista Marli Sasaki, pode ser difícil identificar um caso de febre maculosa tendo como base apenas os sintomas iniciais porque eles são inespecíficos. Ou seja, são comuns a outras infecções, como leptospirose, dengue, hepatite viral, etc. Entre os sinais clínicos mais frequentes, a Dra. cita febre aguda, dor de cabeça constante, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, dor muscular, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés.
Geralmente, essas reações surgem entre 2 e 15 dias após a picada do carrapato e podem durar, em média, uma semana. Se a febre maculosa não for tratada adequadamente, os sintomas podem se agravar. “O quadro pode evoluir com morte dos tecidos dos dedos e orelhas, decorrente da falta de abastecimento de sangue nessas regiões, e paralisia dos membros, que inicia nas pernas e vai até os pulmões, causando parada respiratória”, explica a infectologista.
Diagnóstico e tratamento da febre maculosa em humanos devem ser feitos quanto antes
Devido à gravidade da doença, o diagnóstico da febre maculosa e o tratamento precoces são fundamentais. Embora existam uma série de testes laboratoriais específicos para o diagnóstico, os resultados podem levar semanas.
Por esse motivo, a Dra. defende que “se houver suspeita, o médico deve iniciar o tratamento com antibióticos para febre maculosa o mais breve possível. Afinal, quanto mais cedo a terapia for iniciada, maiores são as chances de evitar complicações, inclusive o falecimento do paciente.” Em alguns casos, pode ser necessária a internação para ser feito o controle do quadro com terapia intensiva.
Para tratar o problema a tempo, é importante que o médico responsável pelo atendimento consiga identificar rapidamente a ocorrência de casos de febre maculosa na região onde o paciente mora ou visitou recentemente. Dessa forma, a terapia com antibióticos específicos pode ser iniciada enquanto o paciente aguarda o resultado dos exames. A saber, os testes mais apropriados incluem reação de imunofluorescência indireta (RIFI), exame de imuno-histoquímica e técnicas de biologia molecular, como o PCR.
Como é a prevenção da febre maculosa? Todo carrapato-estrela transmite a doença?
Sem dúvida, a principal forma de prevenir a febre maculosa é evitando o contato com carrapatos em áreas endêmicas, entre animais de grande porte e perto de vegetação rasteira. Segundo o Ministério da Saúde, os estados da Região Sudeste e o norte do Paraná são os locais com mais registros da forma grave da doença, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii.
Apesar de o carrapato-estrela ser o principal precursor da doença, outras espécies também podem atuar na transmissão da febre maculosa. Além disso, é importante mencionar que nem todo carrapato-estrela transmite febre maculosa: o aracnídeo precisa estar contaminado pela bactéria.
Cuidados práticos para evitar a contaminação da doença do carrapato
Em termos de dicas práticas, a infectologista Marli Sasaki listou as seguintes:
- Utilizar roupas de cores claras para facilitar a identificação dos carrapatos, que são escuros.
- Vestir calças, botas e blusas de manga comprida ao caminhar em áreas com árvores e grama.
- Evitar andar em locais com grama alta ou vegetação densa.
- Aplicar repelentes que protejam contra carrapatos, especialmente aqueles que contêm DEET.
- Verificar se seus animais de estimação estão livres de carrapatos.
- Caso encontre um carrapato preso ao corpo, remova-o usando uma pinça.
- Nunca aperte ou esmague o carrapato; puxe-o com cuidado e firmeza. Após removê-lo, limpe a área da picada com álcool ou água e sabão.
- Remover os carrapatos do corpo o mais rápido possível para diminuir o risco de contrair doenças.
Em resumo, se o paciente tiver frequentado áreas rurais ou silvestres recentemente e apresentar sintomas como febre aguda, manchas avermelhas e náuseas, é imprescindível haver atendimento médico quanto antes. Dessa forma, pode ser feito um controle da contaminação na corrente sanguínea e, consequentemente, a melhora dos sintomas e a redução do risco de morte.




