Muitos avanços científicos já foram feitos, mas o câncer ainda faz milhares de vítimas em todo o mundo. Recentemente, um comprimido apelidado de “pílula do câncer” passou a chamar a atenção não só da comunidade médica, mas também da população em geral por sua proposta ambiciosa: curar o câncer.
Trata-se da fosfoetanolamina, um composto químico sintético cuja promessa seria, ao ser absorvido pelo corpo, penetrar nas células cancerígenas e marcá-las para serem destruídas pelo organismo. A pílula ainda não é considerada um medicamento por não ter passado por todos os testes necessários. E é aí que reside a polêmica em torno de seu uso e comercialização.
Faltam testes
Apesar da promessa de cura, os cientistas ainda não chegaram a uma conclusão acerca da eficácia da fosfoetanolamina. “Os medicamentos propostos para pacientes com câncer passaram por todas as fases de estudo até finalmente se conseguir comparação da eficácia entre pacientes que se tratam com a droga e outros tratados com o melhor tratamento disponível para aquela doença”, afirma a oncologista Alice Helena Garcia.
Segundo Alice, existem mais de 300 tipos de câncer, cada um com um comportamento diferente e que exige um tratamento específico. Cada órgão do corpo pode ser atingido por três ou quatro tipos e as pesquisas têm permitido individualizar o combate à doença, de acordo com suas características e também com as do paciente.
Casos no Brasil
Pelo Brasil, já há casos de pessoas que utilizaram o comprimido. Enquanto alguns deles relataram melhoras no quadro de saúde, outros disseram não ter visto diferença. Seu uso e sua eficácia representariam uma esperança para pessoas com a doença, mas para isso ainda são necessários exames e uma regulamentação para o consumo e venda.
Alice, entretanto, se mostra cética diante das promessas da pílula do câncer, cujo nome considera inadequado. “Acreditar que uma cápsula de uma única substância possa resolver todo e qualquer tipo de câncer em pacientes de qualquer idade e em qualquer estágio da doença deve ser considerado um insulto a inteligência dos cientistas”, afirma a médica. A lei que permitia o uso do comprimido havia sido aprovada pelo Governo Federal, mas está sendo analisada pelo Supremo Tribunal Federal.