O Alzheimer é uma doença degenerativa que progride gradativamente, então ao longo do seu desenvolvimento o paciente vai sofrendo cada vez mais com os sintomas. As áreas mais afetadas são a memória e a cognição, as quais na fase mais grave do quadro já estão praticamente comprometidas por completo.
“Na fase grave da doença, isto é, quando o paciente está classificado segundo a CDR (escala Clinical Dementia Rating) em 4 e 5, não há momentos de lucidez. Até mesmo a memória de procedimento, última que se deteriora na doença, vai desaparecer nesta fase. Ela pode ser interpretada como lucidez, já que às vezes o paciente ainda consegue cantar músicas de sua infância ou rezar orações sem erros”, informa o geriatra José Eduardo Martinelli.
Pacientes com Alzheimer grave muitas vezes nem se reconhecem ao espelho
O especialista afirma que na fase mais grave do Alzheimer os pacientes muitas vezes nem mesmo se reconhecem ao espelho. “Houve uma paciente uma vez que, após o banho, se demonstrava extremamente nervosa e agitada sem motivo aparente. Depois foi descoberto que um guarda-roupa com o espelho para fora refletindo sua imagem lhe deu a impressão de se tratar de uma pessoa estranha observando-a sem roupas”, conta o profissional.
Apesar de não haver lucidez nos estágios finais do Alzheimer, às vezes os familiares interpretam certos fatos como momentos de lucidez de maneira equivocada. “É comum achar que o paciente lembrou do nome de um familiar, por exemplo, mas na realidade ele apenas deu a entender que conhecia. A verdade é que nessa fase ele já não reconhece mais esse familiar”.
Evitar isolamento do paciente com Alzheimer é importante mesmo na fase grave
O que poderia ajudar o paciente na fase grave da doença seria, segundo o médico, a sociabilização, isto é, evitar o isolamento. “Por mais que nessa fase avançada não haja melhora clínica, resposta aos medicamentos e compreensão, esse fator de sociabilização continua sendo importante”.
Foto: Shutterstock