A hipertensão arterial — ou “pressão alta” — é a doença crônica mais comum no mundo e a principal causa de mortes cardiovasculares. No Brasil, 28% dos adultos convivem com o problema, porcentagem que salta para 65% entre idosos acima de 70 anos.
O dado mais preocupante é que metade das pessoas não sabe que tem a condição, e apenas 30% dos diagnosticados conseguem controlá-la adequadamente.
Sintomas da pressão alta
A médica cardiologista e Coordenadora do Departamento de Cardiologia a SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas) Carla Patrícia da Silva e Prado explica que a hipertensão arterial crônica é, na maioria das vezes, assintomática, o que dificulta o diagnóstico e retarda a procura por cuidados médicos.
Por isso, é fundamental aferir regularmente a pressão arterial com equipe treinada e equipamentos validados. A doença raramente dá sinais — quando aparecem, já há danos a órgãos como coração, rins e cérebro. Veja quais são os principais sintomas:
- Cansaço desproporcional
- Dor no tórax
- Tontura
- Desmaio
- Alteração dos movimentos de um lado do corpo de início súbito
- Dificuldade visual
- Dor na panturrilha ao caminhar
- Alterações em exames laboratoriais da função renal
Quando a pressão é considerada alta?
- Normal: abaixo de 120/80 mmHg
- Pré-hipertensão: entre 121-139/81-89 mmHg
- Hipertensão: igual ou acima de 140/90 mmHg (em múltiplas medições)
Como prevenir a hipertensão arterial?
Embora fatores como idade e genética influenciem no desenvolvimento da hipertensão arterial, a adoção de hábitos saudáveis pode prevenir ou minimizar significativamente seus efeitos.
1 – Dieta equilibrada
A primeira e mais importante recomendação é adotar uma alimentação balanceada, seguindo os princípios da dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension).
Essa abordagem prioriza o consumo de alimentos in natura, como frutas, verduras, leguminosas e cereais integrais, além de carnes magras e laticínios com baixo teor de gordura, enquanto reduz o consumo de gorduras saturadas, trans e alimentos ultraprocessados.
2 – Menos sal
Reduzir o consumo de sal é necessário e uma escolha naturalmente esperada de quem tem hipertensão. A Organização Mundial da Saúde recomenda a ingestão máxima de 2g de sódio por dia, equivalente a 5g de sal, mas o brasileiro consome em média quase o dobro disso.
Para atingir essa meta, é essencial evitar o saleiro à mesa, substituir temperos industrializados por ervas naturais e ficar atento aos rótulos dos alimentos, já que produtos com mais de 600mg de sódio por 100g devem ser consumidos com moderação.
3 – Atividade física
A prática regular de atividade física também desempenha um papel no controle da pressão arterial. Exercícios aeróbicos, como caminhada, ciclismo e natação, por pelo menos 30 minutos diários, são especialmente eficazes, podendo reduzir os níveis pressóricos em até 10 mmHg. Atividades de resistência, como musculação, também são benéficas, embora em menor proporção.
4 – Álcool e tabagismo
O tabagismo é outro fator que agrava a hipertensão, já que o cigarro danifica as artérias e reduz a eficácia do tratamento. Não há nível seguro de consumo, e os cigarros eletrônicos, muitas vezes vistos como alternativa mais saudável, não são menos prejudiciais.
O consumo de álcool em excesso eleva a pressão arterial e interfere na eficácia dos medicamentos. Mulheres devem consumir até metade da quantidade considerada segura para homens, que é de aproximadamente 30g de etanol por dia — o equivalente a duas latas de cerveja, duas taças de vinho ou uma dose de destilado.
Por fim, consultas regulares com um médico e aferições periódicas da pressão são essenciais para monitorar a saúde e ajustar o tratamento quando necessário.
Controle e tratamento da hipertensão arterial
O tratamento eficaz da hipertensão arterial une mudanças no estilo de vida — como alimentação balanceada, exercícios e controle do estresse — ao uso de medicamentos, quando necessário.
“A medicina avançou significativamente, e hoje dispomos de fármacos modernos, muitos em formulações combinadas que simplificam o tratamento para um único comprimido diário, com excelente tolerabilidade”, explica a cardiologista Carla Mendes.
A especialista ressalta que a adesão rigorosa à medicação prescrita é crucial. “O acompanhamento médico regular permite monitorar a resposta ao tratamento e fazer ajustes precisos, garantindo o melhor controle da pressão arterial com a menor dose necessária”, completa.
Embora a hipertensão seja uma condição crônica, na maioria dos casos, o diagnóstico pode ser um ponto de virada positivo. “Muitos pacientes transformam o tratamento em uma oportunidade para adotar hábitos mais saudáveis. Com o manejo adequado, é possível conviver bem com a hipertensão e manter uma vida ativa e plena por muitos anos”, diz a médica.



